A coragem dele fez meu corpo se arrepiar, e uma onda de raiva tomou conta de mim pela forma como ele me enfrentou. Eu não sabia o que dizer; ao menos tinha algo a debater? Ele estava certo, e isso me deixava ainda mais confusa.
Sem pronunciar uma palavra, lancei um olhar de indignação e fui em direção à entrada.
Entrei no casarão e subi as escadas correndo. Acabei esbarrando em Nélia, que me olhava confusa, mas não disse nada. Ignorando-a, entrei no meu quarto e tranquei a porta. Deitei na cama e adormeci.
No dia seguinte:
Acordei novamente com aquelas batidas insistentes na porta. Ao abrir, a escrava começou a preparar meu banho. Eu já estava cansada daquela rotina.
Depois de tomar banho, sentei na minha penteadeira e comecei a pentear meus longos cabelos negros, fazendo uma trança bem elaborada. Segui para a sala e encontrei Nélia, que estava anotando algo.
— Onde está o Noah? — perguntei.
— Ele está lá fora esperando suas ordens — respondeu Nélia.
Fui em direção à porta, e Nélia me perguntou:
— Não vai tomar seu café?
— Irei comer apenas uma maçã. Estou sem fome, Nélia.
— Então coma logo, querida.
Voltei até a cozinha, peguei a maçã e saí em direção à porta.
Noah já me esperava sentado em frente ao casarão novamente.
— Noah? — falei rigidamente.
Ele levantou e me encarou nos olhos. Seu olhar continha uma mensagem indecifrável.
— Quero saber onde fica o galpão com madeira. Quero pedir para você fazer algo para mim.
— O que você quer que eu faça, senhora?
— Não fique fazendo perguntas. Apenas me leve até lá e eu direi.
Ele saiu e eu o segui até o galpão, que ficava a cerca de 16 metros de distância.
Ao chegarmos, disse:
— Quero uma caixa toda fechada com apenas uma linha no meio.
— Um cofre, senhora? — ele perguntou.
— Não importa pra você.
— Importa muito já que irei fazer — ele insistiu.
Olhei para ele com raiva e expliquei como seria. Noah me chamou para dentro do galpão, que estava empoeirado. Enquanto analisava o local, ele disse:
— Escolha uma madeira que queira que seja feita, senhora.
Fiquei escolhendo a madeira enquanto Noah me observava atentamente.
Disse que queria uma madeira escura e tentei puxar uma que parecia perfeita. De repente, um estrondo ecoou e vários troncos de madeira vieram em minha direção. Tudo foi tão rápido que só ouvi Noah gritando:
— Cuidado!
Ele se jogou contra mim, batendo na estante com as madeiras enquanto poeira caía sobre nós. Vários troncos acertaram Noah, que se colocou na minha frente para me proteger.
Quando finalmente as madeiras pararam de cair e a poeira começou a assentar, abri os olhos e vi o rosto de Noah bem perto do meu. Ele me olhava nos olhos com o mesmo olhar ardente da última vez. O silêncio pairou no ar até que Noah quebrou o momento:
— Está bem? Está bem, senhora?
Não tive nenhuma reação além de me afastar dele.
— E-estou... o-obrigada — murmurei antes de sair correndo o mais rápido possível dali. Eu estava confusa e assustada.
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Alternados
RomanceNo isolado e imponente casarão onde vive, Katherine é uma jovem solitária de 19 anos, cuja única companhia é seu pai, Jorge Monsec. Desde a morte de sua mãe, a vida de Katherine tem sido marcada pela solidão e pela falta de amizades verdadeiras. Em...