Seu erro

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Acordei de um sono profundo, puxada pelo meu pai. O coração disparou, e a pergunta escapuliu da minha boca como um sussurro apavorado:

— O que você está fazendo, pai?

A resposta veio como um trovão: "Vou consertar seu erro." A fúria em sua voz me gelou por dentro. Ele me levou até a porta do meu quarto e apontou para a pequena escada que levava à sala.

— Desça e suba esses pequenos degraus doze mil vezes — ordenou, com um olhar sério que não deixava espaço para contestação.

— O quê? — perguntei, assustada.

— Agora, Katherine! — gritou ele, como se a simples menção do meu nome pudesse me obrigar a obedecer imediatamente.

Nelia apareceu na porta, acompanhada de Sebastian, ambos com expressões preocupadas.

— Senhor, por favor, não a machuque — implorou Nelia.

Mas meu pai não queria ouvir. Ele estava decidido.

— Nelia, não se intrometa! — ele rosnou. E então voltou sua atenção para mim: — Desça e suba esses degraus doze mil vezes! Antes que eu te dê doze mil chicotadas!

O desespero tomou conta de mim. Sebastian tentou intervir, mas a raiva de meu pai era incontrolável. Com lágrimas nos olhos e o corpo tremendo de medo, comecei a subir e descer aqueles degraus rapidamente.

As horas se arrastaram enquanto eu repetia o movimento interminavelmente. Minhas pernas estavam cansadas e minhas costas ardendo de dor, mas eu não podia parar. O relógio da parede marcava 4 da manhã e tudo parecia um pesadelo sem fim.

Foi então que Nelia e Sebastian apareceram novamente. Sebastian segurava um papel, uma expressão determinada no rosto.

— Se você não parar com essa tortura agora mesmo, eu rasgo esse documento dos gados que comprou e você não poderá pegá-lo amanhã! — disse ele com firmeza.

Meu pai tentou arrancar o papel das mãos de Sebastian, mas naquele momento tudo começou a girar ao meu redor. A escuridão me envolveu.

Quando abri os olhos novamente, estava na minha cama. O cheiro familiar da casa me trouxe de volta à realidade enquanto Nelia me chamava para tomar banho. Levantei-me lentamente, ainda atordoada pela experiência da noite anterior.

Depois do banho, sentei-me à mesa para uma sopa que mal consegui engolir. A vergonha e a culpa pesavam sobre mim como uma sombra insuportável. Olhei para Nelia; ela parecia tão preocupada com
o meu estado que eu só queria desaparecer dali.

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