Rebelião

7 1 0
                                    

Ficamos em silêncio por alguns segundos até que eu disse:

— Noah, a caixa que pedi já está pronta?

— Sim, Katherine.

— Quero que você leve ao meu quarto e pode ficar livre. Preciso me preparar para algo que estou planejando fazer.

— O que seria, Katherine? Posso saber?

— Ainda não, Noah, mas você saberá.

Noah saiu, me deixando sozinha. Alguns minutos depois, desci para o meu quarto e me deparei com Noah.

— Aqui está, Katherine. Espero que descanse.

— Obrigada, Noah. Quero que você faça o mesmo.

Entrei no meu quarto pensando em como falaria com meu pai. Eu não queria que ele tratasse Noah mal; ele era meu amigo. Amigos... somos um pouco mais do que isso.

Era por volta das 7 da noite quando saí do meu quarto, com os cabelos molhados por ter acabado de sair do banho. Subi as escadas em direção ao escritório, que ficava ao lado da biblioteca. Bati na porta e meu pai pediu que eu entrasse. Já sendo direta, mesmo vendo Sebastian ali, disse:

— Pai, preciso falar com você agora mesmo.

— Pode dizer, Katherine — respondeu ele.

— Não, preciso falar a sós. Sebastian, poderia deixar eu falar com meu pai por um momento?

— Claro, até logo, tio — respondeu Sebastian.

Após Sebastian sair, comecei:

— Quero falar sobre Noah.

— O que você quer falar do seu escravo, Katherine? Ele fez algo?

— Não, ele não fez. Exatamente, eu não quero que fale dessa maneira dele.

— Que maneira? — perguntou ele, levantando-se de sua cadeira de reunião.

— Dessa maneira: "escravo".

— É o que ele é! Você quer que eu diga o quê?

— Não. Ele não é apenas um escravo.

Ele me lançou um olhar confuso. Continuei:

— Pelo menos não para mim.

— Você quer me dizer que vê esse seu escrav—

Cortei-o:

— Noah.

— Está bem. Então me diz: você vê Noah com outros olhos?

— Sim. Ele é meu amigo; aliás, é o meu melhor amigo.

Ele começou a rir. Fiquei indignada diante de sua reação.

— Você não pode estar falando sério!

— Estou falando muito sério, pai.

— Katherine, não se confunda! Você só está tratando ele como amigo porque nunca teve um de verdade. Você sabe que ele só é uma distração pra você nessa casa tediosa!

Gritei furiosa:

— Não! Eu não sou esse tipo de pessoa!

— Esse tipo a que você se refere é o normal?

— Esse tipo tô me referindo a pessoas amarguradas que não sabem o que é sentimento porque são o próprio vazio; tipo você!

Meu pai veio furioso na minha direção.

— Você merecia levar uma bofetada! Mas saiba que se eu sou uma pessoa amargurada foi culpa sua! E você é vazia!

Então ele gritou segurando meu braço:

— Você é tão vazia que está tentando preencher seu vazio com um escravo qualquer!

Antes que eu pudesse me defender, ele gritou:

— Saia agora mesmo daqui, Katherine!

A porta se fechou com força, fazendo eu e meu pai virarmos para sua direção. Sebastian teria deixado aberta? Antes de tudo isso acontecer, sai imediatamente do escritório com lágrimas de ódio escorrendo pelo rosto.

Alternados Onde histórias criam vida. Descubra agora