Prazer Sebastian

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A tensão na biblioteca ainda pairava no ar, como um nevoeiro denso que dificultava a respiração. Eu estava perdida em pensamentos quando a porta se abriu novamente, e um jovem alto entrou, seguindo meu pai. Ele tinha cabelos loiros ondulados que caíam suavemente sobre a testa, e seus olhos castanhos brilhavam com uma curiosidade que contrastava com a frieza de meu pai.

— Katherine! — meu pai chamou, gesticulando para o novo visitante. — Este é o seu primo, Sebastian. Ele veio passar um tempo conosco.

A apresentação me pegou de surpresa. Eu nunca havia ouvido falar de Sebastian antes, mas não havia tempo para protestos ou questionamentos. Olhei para Noah, que estava ao meu lado, e vi sua expressão confusa.

— Olá, Katherine — disse Sebastian com um sorriso amigável, estendendo a mão. Sua voz era suave e cheia de entusiasmo. — É um prazer finalmente conhecê-la!

Eu apertei sua mão, tentando esconder minha apreensão.

— O prazer é meu — respondi, forçando um sorriso.

Enquanto Sebastian conversava animadamente sobre sua viagem e o que tinha visto durante o caminho, eu mal conseguia prestar atenção. Minha mente estava dividida entre o desprezo de meu pai por Noah e a nova presença que agora ocupava o espaço ao nosso redor.

— Você vai adorar passar tempo aqui! — disse Sebastian, olhando para mim com um brilho nos olhos. — Eu sempre achei que as bibliotecas eram os melhores lugares para se perder em aventuras.

Noah permaneceu em silêncio ao meu lado, observando a interação entre nós com uma expressão neutra, mas eu podia sentir a tensão crescendo novamente. Meu pai parecia desconfortável com a alegria de Sebastian; ele sempre preferiu ambientes onde o controle e a rigidez reinavam.

— Katherine — disse meu pai interrompendo a conversa —, talvez você devesse mostrar ao seu primo os livros raros da coleção da família.

Eu hesitei por um momento, percebendo que isso significaria ficar sozinha com Sebastian e deixar Noah de lado. Mas não queria ser desrespeitosa com meu primo.

— Claro! Vamos lá — respondi finalmente.

Conduzi Sebastian até uma seção da biblioteca onde os volumes antigos estavam guardados em prateleiras altas. Ele parecia genuinamente interessado enquanto folheava as páginas amareladas dos livros.

— Uau! Essa coleção é incrível! Você deve passar horas aqui — comentou ele admirado.

Eu sorri, encantada por sua apreciação genuína pela literatura. Mas enquanto conversávamos sobre os livros, eu não conseguia evitar olhar para Noah à distância. Ele estava ali, mas parecia cada vez mais distante. A presença opressiva do meu pai e agora do primo tornava tudo ainda mais complicado.

— E você? O que gosta de fazer quando não está cercada por livros? — perguntou Sebastian, puxando-me da minha preocupação.

— Bem... eu gosto de... sair com os meus amigos — disse desconfortável.

Nesse momento, meu pai cortou nossa conversa rindo:

— Amigos?? Que amigos você tem, filha?

Olhei rapidamente para Noah; ele estava observando tudo com uma expressão neutra e seria difícil decifrar o que ele estava pensando.

Então meu pai continuou:

— Sebastian, talvez ela tenha confundido ou ficou tímida; ela só fica em casa, não sai para nada. Às vezes nem sai do quarto!

Senti um calor subir pelo meu rosto enquanto as palavras do meu pai ecoavam na biblioteca silenciosa. A risada dele parecia ressoar nas paredes repletas de livros antigos.

Sebastian olhou para mim com uma expressão confusa, mas logo tentou quebrar o clima tenso:

— Ah, mas todo mundo precisa de um tempo fora dos livros! Você deveria me mostrar sua cidade quando eu tiver mais tempo aqui!

Eu forcei um sorriso nervoso e murmurei algo sobre como talvez pudéssemos fazer isso mais tarde. A ideia de sair com alguém que acabara de conhecer me deixava ansiosa; ainda mais no meio daquela situação estranha entre nós três.

Noah se afastou lentamente da cena; percebi sua necessidade de escapar do olhar crítico do meu pai. Eu queria chamá-lo de volta, explicar que não era assim que as coisas deveriam ser entre nós... mas as palavras ficaram presas na garganta.

Sebastian continuou a folhear os livros enquanto eu lutava contra as emoções conflitantes dentro de mim. A biblioteca era o lugar onde eu deveria me sentir segura e confortável; no entanto, agora parecia uma armadilha cheia de expectativas e julgamentos.

— Katherine! Venha aqui por um segundo! — chamou meu pai abruptamente do outro lado da sala.

Eu olhei para Sebastian e depois para Noah uma última vez antes de me dirigir à voz autoritária do meu pai. O peso da situação parecia aumentar a cada passo que eu dava.

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