O Centro perdão

9 1 0
                                    

Tranquei a porta do meu quarto e me joguei na cama. Eu não estava acreditando no que ouvira.

De repente, Noah começou a gritar desesperado para que eu abrisse a porta. Ouvi Nelia mandando-o parar de gritar e chamando-o para fora do casarão para explicar o que aconteceu.

Um silêncio pairou no ar. Chorei a noite inteira, decepcionada.

Acordei cedo e tomei banho com o resto de água que tinha na banheira da noite anterior.

Coloquei um vestido verde escuro, que consistia em corpete e saia. Mesmo não gostando muito, o corpete era espartilhado.

Deixei meu cabelo solto como sempre, apenas semi preso. Coloquei luvas brancas e um lindo pingente de esmeralda, além de sapatilhas de tecido, como sempre.

Saí do meu quarto e fui até a cozinha. Meu pai estava tomando café com Nelia e Sebastian.

— Bom dia — disse eu.

Todos responderam "bom dia", mas meu pai levantou-se admirado.

— Katherine, quanto tempo não vejo você assim.

— Assim? — perguntei.

— Está radiante, tão linda quanto sua mãe. É um retrato vivo.

Sentei à mesa para tomarmos café, enquanto Sebastian me encarava do outro lado da mesa.

Nelia começou a falar:

— Querida, você vai a algum lugar? Como está?

— Estou bem, Nelia. Estou querendo ir ao centro. Preciso fazer umas compras — respondi pouco entusiasmada.

— Querida — começou meu pai —, eu não posso acompanhá-la.

— Não precisa; eu posso ir com o capataz.

— Ele só irá te esperar em um lugar específico; não irá acompanhá-la.

— Não preciso de companhia, meu pai. Mas poderei levar Noah.

— Poderia ir com seu primo; ele já passeia com você.

— Pai, por favor!

Sebastian cortou:

— Eu adoraria ir com você, Katherine, se quiser.

— Não me sentiria à vontade, Sebastian, mas agradeço.

Pedi para Nelia avisar ao capataz e a Noah sobre isso.

Fui para a frente do casarão; Noah estava em pé, com um olhar triste me encarando. Ficamos em um longo silêncio esperando o capataz arrumar a charrete. Quando ele decidiu quebrar o silêncio:

— Eu sinto muito; me perdoe, Katherine.

Não respondi nada. E ficamos novamente em silêncio até que o capataz terminou. Nos sentamos e seguimos rumo ao centro.

O caminho foi silencioso e tenso, como se o ar estivesse carregado de palavras não ditas. Eu olhava pela janela da charrete enquanto as árvores passavam rapidamente. Noah parecia distante, perdido em seus próprios pensamentos.

Quando chegamos ao centro da cidade, desci da charrete e respirei fundo, tentando deixar as preocupações para trás. O mercado estava cheio de vida: vendedores gritando sobre suas mercadorias e crianças correndo entre as barracas coloridas.

— Vamos? — perguntei a Noah, tentando quebrar o gelo.

Ele hesitou por um momento antes de assentir com a cabeça.

Enquanto caminhávamos entre as barracas de frutas frescas e tecidos vibrantes, percebi que precisava falar sobre o que havia acontecido na noite anterior. O peso da situação me incomodava mais do que eu gostaria de admitir.

— Noah — comecei hesitante — sobre ontem à noite...

Ele parou abruptamente e virou-se para mim com os olhos cheios de dor.

— Katherine, eu não queria que aquilo acontecesse...

Pude sentir a sinceridade em suas palavras.

Então comecei:

— Noah, eu não pensei que você pensasse isso de mim. Eu gosto de você; eu não tenho por que mentir sobre isso.

— Peço que me perdoe, Katherine; talvez você não entenda. Mas continuo sendo escravo mesmo você não me vendo assim; eu tive medo.

Fiquei em silêncio enquanto ele continuava:

— Eu amo você, Katherine; do ocorrido você demonstrou mais do que tudo que eu não preciso ter medo.

Fiquei em silêncio, pois não esperava aquela declaração.

Ele continuou:

— Perdão...

— Tudo bem, Noah; eu te perdoo. Eu entendo que não é algo fácil de lidar. Amo você também...

Seguimos em silêncio até uma joalheria.

Alternados Onde histórias criam vida. Descubra agora