Momento compartilhado

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Acordei com a luz suave da manhã filtrando-se pelas cortinas do meu quarto. O sol já brilhava, e a casa estava imersa em um silêncio tranquilo, exceto pelo som distante de uma escrava preparando o café da manhã na cozinha. Levantei-me da cama, ainda lembrando do abraço caloroso de Noah, que parecia ter aquecido meu coração.

Depois de me vestir com um vestido leve e florido, desci as escadas. O aroma do pão fresco misturado ao café me fez sentir um pouco mais viva. Ao entrar na sala de jantar, encontrei meu pai já à mesa, com o olhar concentrado em um jornal.

— Bom dia, Katherine — disse ele sem levantar os olhos.

— Bom dia, pai — respondi, servindo-me de uma xícara de chá.

Enquanto bebia meu chá, não pude deixar de pensar no que Nelia e meu pai conversavam na noite anterior. Havia algo no tom da conversa que me deixou inquieta. O que poderia ser tão importante a ponto de eles fecharem a porta? Decidi não pensar mais nisso e focar em meu encontro com Noah.

Após o café da manhã, fui até o jardim. As flores estavam em plena floração, e a brisa suave trazia consigo o perfume doce das rosas. Caminhei até o banco sob a árvore mais antiga do jardim, onde frequentemente me sentava para sonhar acordada. Foi nesse momento que ouvi passos atrás de mim.

— Katherine! — chamou uma voz familiar.

Virei-me e vi Noah se aproximando. Ele usava uma camisa branca bem passada e calças escuras; sua presença iluminou ainda mais o ambiente.

— Bom dia! — exclamei, sorrindo.

— Bom dia! Estava pensando em você — respondeu ele, um brilho nos olhos.

Senti uma onda de alegria ao ouvir isso. A conexão entre nós parecia crescer a cada dia que passava.

— Você está lindo hoje — elogieii, tentando esconder minha timidez.

Ele corou levemente e sorriu. A espontaneidade dele sempre me fascinou.

— E você está radiante como sempre — disse Noah, fazendo-me sentir ainda mais especial.

Decidimos dar um passeio pelo pomar que ficava nos fundos da propriedade. Enquanto caminhávamos lado a lado entre as árvores frutíferas carregadas de maçãs e peras maduras, conversávamos sobre trivialidades: o clima, as flores e até mesmo sobre os pássaros que faziam seus ninhos nas árvores. Era como se o mundo ao nosso redor desaparecesse e só existisse eu e ele.

— Katherine, você se lembra do que abraço de ontem? — perguntou Noah de repente, parando para me olhar nos olhos.

O coração disparou no meu peito ao lembrar do nosso último encontro e da intensidade do abraço que compartilhamos.

— Sim, eu lembro — respondi

Ele hesitou por um momento antes de continuar:

— Eu... eu gostaria de saber se você realmente sente algo por mim, um amor ou uma paixão passageira.

Essa pergunta me pegou desprevenida. A sinceridade em seu olhar era palpável; eu sabia que precisava ser honesta.

— Noah, eu não sei como explicar isso... mas o que sinto por você é verdadeiro. É como se você fosse uma parte essencial da minha vida agora e eu amo você— confessei.

Ele sorriu suavemente, como se minhas palavras fossem música para seus ouvidos.

— Isso significa muito para mim — disse ele sinceramente. — Eu também amo você sinto algo especial por você. Nunca pensei que pudesse encontrar alguém assim em minha vida... mesmo sendo seu escravo.

Aqquelas palavras cortaram fundo; eu sabia que nossa relação era complexa e cheia de barreiras sociais intransponíveis naquela época. Mas ele era mais do que um escravo para mim; Noah era meu amigo, meu confidente e agora alguém por quem eu realmente me importava e amava.

Continuamos caminhando em silêncio confortável até encontrarmos um pequeno lago cercado por juncos verdes. O reflexo do céu azul na água calma parecia representar nossos sentimentos: profundos e serenos, mas também cheios de incertezas.

— Katherine... posso fazer algo por você? — perguntou Noah subitamente.

Surpresa com a pergunta inesperada, olhei para ele com curiosidade.

— O que você quer dizer?

Ele hesitou antes de responder:

— Queria saber se posso te ajudar com alguma coisa... talvez algo relacionado ao seu pai ou à sua vida aqui?

Um frio na barriga tomou conta de mim ao pensar na conversa secreta entre meu pai e Nelia.

— Na verdade... há algo que me preocupa — admiti lentamente. — Não sei exatamente o que é, mas sinto que algo está mudando na casa. Meu pai parece diferente ultimamente...

Noah franziu a testa em preocupação.

— Se precisar de mim para investigar ou ajudar com qualquer coisa, estarei aqui por você — disse ele determinadamente.
Agradeci pela oferta dele; sua lealdade era reconfortante em meio à incerteza que sentia sobre o futuro.
Conforme voltávamos para casa juntos, percebi que nossos laços estavam crescendo mais fortes a cada momento compartilhado. O caminho à frente ainda era nebuloso e complicado devido às normas sociais, mas havia um fogo aceso dentro de mim que não poderia ser ignorado: eu estava disposta a lutar pelo nosso amor, não importando as dificuldades que pudéssemos enfrentar juntos. Quebrando o silêncio, eu disse:

— Noah, tenho algo para você, um presente.

— O que é, Katherine? — perguntou ele.

— Você verá, venha comigo.

Seguimos rumo à casa. Logo, fomos para o meu quarto.

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