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Eu estava na mesa, me deliciando com a comida

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Eu estava na mesa, me deliciando com a comida. Tudo estava tão gostoso que acabei atacando de tudo, sem nem pensar. Entre um gole de suco e um salgadinho, fui surpreendida pela presença de Heather, Jenna e Becca. Não era surpresa, elas sempre apareciam para o mesmo motivo: bullying.

-Nossa, Maya está comendo tudo! Não vai sobrar nada pra ninguém! — Heather comentou, com aquele tom cínico.

-É por isso que tá tão gorda! Daqui a pouco vai explodir! — Becca adicionou, rindo, e as três começaram a rir junto.

Heather, como sempre, não precisava dizer muito. Ela era mais sutil, deixava Jenna e Becca fazerem o trabalho pesado. Apenas dava seus comentários venenosos aqui e ali, incentivando as outras a me humilhar.

Eu podia sentir meu rosto ficando quente de raiva. Eu já tinha aguentado demais naquele dia, mas aquela provocação foi a gota d’água.

-Gorda tá a minha boceta! — gritei, usando um dos poucos palavrões que Shuji tinha me ensinado. As risadas delas só aumentaram, como se eu tivesse contado a melhor piada.

—-Não é à toa que você é a ogra da escola! — Heather disparou com desprezo.

Foi nesse momento que perdi o controle. Antes que eu percebesse, minha mão voou direto para o rosto de Heather. O estalo do tapa ecoou no salão, e o silêncio tomou conta por um breve momento. Todo mundo estava olhando para nós. Eu não sabia o que tinha feito, mas também não me arrependi. A raiva tinha tomado conta de mim, e naquele momento, tudo que eu queria era que ela sentisse o que eu sentia. Dor.

A confusão começou. Jenna e Becca pularam em cima de mim, e Heather se recuperou rápido, se juntando a elas. Elas me empurravam, puxavam meu cabelo, e eu tentava me defender como podia, mas eram três contra uma. Eu já estava começando a perder a luta quando ouvi uma voz conhecida.

- SOLTEM ELA, VADIAS! — era Anna, correndo em minha direção. Ela entrou na briga sem pensar duas vezes, tentando me ajudar, mesmo sabendo que as chances estavam contra nós. Lutamos juntas, mas as três eram implacáveis.

Logo, professores e coordenadores chegaram para separar a briga. Apesar de tudo, eu ainda conseguia ouvir a risada abafada de Heather. No final, foram Anna e eu que acabamos expulsas do baile. As meninas saíram impunes, como sempre. Fomos acusadas de começar a confusão e tachadas de encrenqueiras.

Depois da expulsão, sentamos na calçada em frente à casa de Anna, cansadas e machucadas, mas aliviadas de estar longe de tudo aquilo. Passamos a manhã e a tarde no parquinho, tentando esquecer o que tinha acontecido, escalando a velha árvore como se ainda fossemos crianças. Mas o incidente não saía da nossa cabeça.

Quando voltamos para frente da casa de Anna, já estava escurecendo. Conversávamos sobre Heather e suas amigas, sobre como sempre escapavam de qualquer punição. Foi então que Anna sugeriu algo.

-Precisamos fazer alguma coisa — disse ela, com um brilho malicioso nos olhos.

-Anna, essas coisas são erradas — eu retruquei, meio incerta.

-Ah, não seja tão inocente! Elas merecem! — ela respondeu, sorrindo. — Podíamos colocar cocô de cachorro na calcinha da Heather! — e começou a rir.

Eu ri também, imaginando a cena. A ideia era absurda, mas havia algo satisfatório em pensar numa pequena vingança.

-Melhor ainda! — Anna continuou. — Vamos apedrejar a casa dela com ovos quando escurecer! O que acha?

Hesitei por um segundo, mas a lembrança das provocações de Heather e o entusiasmo de Anna foram suficientes para me convencer.

- Tá bom, vamos fazer isso — concordei, sorrindo.

E assim, naquela noite, planejamos nossa pequena vingança. Não mudaria muita coisa, mas por um momento, queríamos sentir que tínhamos algum controle, que podíamos revidar, mesmo que fosse só com ovos e um pouco de coragem.

Assim fizemos.

Quando a noite caiu, com duas caixas de ovos em mãos, nos esgueiramos pelas ruas até a casa de Heather. O nervosismo misturado à adrenalina fazia nossos corações baterem mais rápido, mas estávamos determinadas. Assim que chegamos ao nosso destino, sem hesitar, começamos a lançar os ovos.

Eles acertaram a janela, a porta, a varanda, e tudo mais que estivesse no caminho.
A sensação de vingança nos fazia rir entre um ovo e outro, enquanto o som dos cascos quebrando contra a casa de Heather ecoava pela vizinhança.

Foi quando vimos as luzes da casa se acenderem de repente.

Num instante, a diversão se transformou em pânico.
Olhei para Anna, e antes que qualquer uma de nós dissesse uma palavra, saímos correndo o mais rápido que podíamos. Nossos pés batiam no chão com força, enquanto nos afastávamos o máximo possível, sem olhar para trás. O medo de sermos pegas nos impulsionava, e ríamos nervosas, mesmo enquanto o suor escorria de nossas testas. Estávamos ofegantes, mas a sensação de alívio e triunfo nos acompanhava a cada passo que dávamos.

Exaustas de tanto correr, começamos a andar lentamente, ainda rindo e ofegantes da nossa fuga triunfante. Estávamos conversando sobre como seria a reação de Heather quando visse a bagunça que fizemos, quando uma van prata se aproximou devagar. Não demos muita atenção no início, mas a van parou ao nosso lado, e dois homens saíram.

-Onde esses docinhos estão indo, hein? — falou um dos homens. Ele era alto, com uma grande barriga e um sorriso perturbador no rosto.

-Ei, Stive, o que acha de levarmos essas belezinhas pro nosso clipe? — disse o outro, mais magro, com um olhar maligno.

Naquele momento, o medo tomou conta de nós. Anna e eu trocamos olhares, e sem dizer uma palavra, apressamos o passo, mas os homens também aceleraram o ritmo, ficando cada vez mais próximos. O pavor crescia dentro de mim, e quando percebi que eles nos seguiam, segurei a mão de Anna com força.

-Corre! — gritei, e saímos disparadas pela rua, gritando por socorro.

Mas nossos gritos pareciam sumir no vazio da noite. O som dos passos deles ecoava atrás de nós, cada vez mais perto. Eu tentava correr o mais rápido que podia, mas minhas pernas doíam e fraquejavam de tanto esforço. Anna, com suas pernas longas, era mais rápida, mas ela não me soltava. Segurava minha mão firme, puxando-me com ela, ambas tomadas pelo desespero e pela adrenalina.

Mas então, no meio daquela corrida frenética, meu pé tropeçou e trombei contra um poste de luz. Antes que percebêssemos, estávamos no chão, e os homens estavam sobre nós. Um deles me agarrou, enquanto o outro jogava Anna contra a lateral da van.

-Não! — tentei gritar, mas minha voz foi abafada. Eles nos amordaçaram com fitas, impedindo qualquer som de escapar. Meu coração batia descontrolado, o terror tomando conta de mim.

Sem nenhuma resistência possível, fomos arrastadas para dentro da van.


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