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Eu havia acordado mais cedo do que o habitual, o céu ainda estava escuro, e uma leve dor em meu ventre persistia, mas estava melhorando

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Eu havia acordado mais cedo do que o habitual, o céu ainda estava escuro, e uma leve dor em meu ventre persistia, mas estava melhorando. As últimas duas semanas com Henry haviam sido pesadas, quase mórbidas. Mal nos falamos, como se cada um estivesse preso em seus próprios mundos. Ana, minha melhor amiga, ainda não respondia às minhas mensagens. Eu tinha seguido o conselho de Henry de dar um tempo para ela organizar seus pensamentos, assim como eu estava tentando fazer com os meus.

Durante a ida ao aeroporto para buscar Max, eu me sentia completamente vulnerável e deslocada. Estava apavorada. A sensação de medo me envolvia cada vez que eu pensava em tudo o que tinha acontecido antes de chegar aqui. A presença de Henry, embora imponente e protetora, não apagava completamente meus traumas.

Olhei para a cama onde Henry ainda dormia, imóvel. Sua respiração calma indicava que ele finalmente estava em paz, pelo menos naquele momento. Levantei-me silenciosamente, saí de seu quarto e fui direto ao banheiro. Escovei os dentes enquanto olhava meu reflexo, perguntando-me o que o futuro nos reservava. Peguei meu celular, na esperança de uma mensagem de Ana, mas nada. O vazio no peito aumentava, uma sensação de solidão se infiltrando novamente.

Desci as escadas, o silêncio da casa grande ecoando a cada passo que eu dava. Quando cheguei à cozinha, o café da manhã ainda não estava pronto, mas lá estava Max, sentado à mesa, mexendo em seu notebook enquanto tomava café.

— Acordou cedo. — disse ele, levantando os olhos brevemente.

— Sim... — respondi um pouco receosa, ainda me acostumando com a presença dele.

— Está com fome?

— Um pouco... — admiti, e ele, sem hesitar, empurrou um prato de torradas em minha direção, fazendo o prato deslizar suavemente sobre a mesa.

— Obrigada... Mas você não vai comer? — perguntei, notando que ele não tinha mais nada à sua frente.

— Já comi o suficiente. Iolanda desce logo para preparar o café. — Ele fez uma pausa, fechando o notebook antes de me lançar um olhar curioso. — Como ele está? Vi que você foi para o quarto dele ontem à noite.

A pergunta me pegou de surpresa. Não sabia exatamente o que responder, então fui honesta.

— Ah... Eu tive um pesadelo e fiquei assustada... — murmurei, sem conseguir esconder meu embaraço.

— Sei. — Max suspirou, parecendo entender mais do que eu esperava. — Ele não anda muito bem ultimamente. O aniversário dele está chegando.

— Sério? — perguntei, surpresa, tentando parecer animada. Talvez um aniversário trouxesse um pouco de leveza para o ambiente pesado da casa.

Max balançou a cabeça, cortando qualquer expectativa que eu pudesse ter. — Não é uma boa data. Ele sempre se tranca no quarto durante todo o dia.

Minha expressão de entusiasmo desapareceu rapidamente. — Entendo... Mas, que dia é o aniversário dele?

— Depois de amanhã. — Max respondeu sem muita emoção, bebendo seu café.

— Ok... — murmurei, refletindo sobre o que aquilo significava. Se o aniversário dele era um momento tão doloroso, eu queria saber por quê.— Por que o aniversário dele é tão ruim? — perguntei, sentindo uma curiosidade sincera, mas também uma preocupação crescente.

Max suspirou, inclinando-se para frente, apoiando os cotovelos na mesa, como se estivesse prestes a contar algo pesado.

— Porque é o dia que ele perdeu a família dele — começou, a voz baixa e séria. — O bebê... e a ex-mulher, que o largou. Tudo isso aconteceu no mesmo dia. — Ele fez uma pausa, me olhando nos olhos, como se quisesse garantir que eu entendesse o peso do que estava dizendo. — E, além disso, Henry carrega a culpa por não ter conseguido salvar o bebê.

Fiquei em silêncio, sentindo o ar ao meu redor ficar mais denso. As peças começaram a se encaixar, explicando a dor que eu sempre via nos olhos de Henry, especialmente quando ele ficava em silêncio por muito tempo. Eu sabia que ele guardava algo profundo dentro de si, mas não imaginava que fosse tão devastador.

— Ele nunca fala sobre isso — continuei, mais para mim mesma do que para Max, tentando processar o que havia acabado de ouvir.

— Não, ele não fala. E é por isso que ele se tranca. Prefere carregar essa dor sozinho. — Max pegou o café e tomou um gole, seus olhos sérios refletindo um entendimento profundo do irmão. — Ele acha que o silêncio e o isolamento são a melhor maneira de lidar com isso, mas a verdade é que ele nunca superou completamente.

Minhas mãos apertaram o prato de torradas, sem fome agora. Eu queria fazer algo por Henry, ajudá-lo de alguma forma, mas como? Eu mal conseguia enfrentar meus próprios fantasmas.

— Talvez... ele não precise estar sozinho nesse dia — murmurei, mais uma sugestão do que uma certeza.

Max me lançou um olhar quase cético, como se soubesse que era mais fácil falar do que fazer. — Boa sorte com isso. Henry não deixa ninguém se aproximar nesses momentos.

[...]

Era o aniversário de Henry, e o relógio marcava 3 da manhã. A casa estava em completo silêncio, exceto pelo som suave do meu trabalho na cozinha. A bancada de mármore estava coberta de farinha de trigo, restos de massa e pequenas manchas de chocolate. Meu corpo também estava todo sujo, com farinha grudada nas mãos e nos braços. O bolo estava no forno, e eu me concentrava em bater o chantilly para a cobertura, tentando não fazer muito barulho.

Eu sabia que Henry estava em seu quarto, provavelmente trabalhando ou se perdendo em pensamentos sombrios. Max tinha me avisado que esse dia seria particularmente difícil, e desde que acordamos, a energia dele estava diferente, mais pesada do que o normal. Ele não mencionou nada sobre o aniversário, e eu também não perguntei. Era como se ele quisesse que ninguém se lembrasse.

Mas eu me lembrava. E mesmo que Henry quisesse ficar sozinho, eu queria que ele soubesse que alguém estava pensando nele. Fazer o bolo não era apenas uma distração, era uma forma de mostrar que ele não estava completamente só.

Enquanto o chantilly começava a ganhar a consistência certa, senti um misto de nervosismo e incerteza. Será que ele ficaria bravo? Será que ele me rejeitaria por tentar fazer algo? Mesmo assim, continuei, determinada a terminar o bolo. Eu queria que ele tivesse pelo menos um momento de doçura nesse dia amargo.

O forno apitou, e rapidamente tirei o bolo, o cheiro doce se espalhando pela cozinha. Deixei a massa esfriar e comecei a espalhar o chantilly com cuidado, tentando fazer o melhor possível, mesmo sem ter muita prática. Não era perfeito, mas era de coração.

Suspirei, olhando para a bagunça ao meu redor, com um sorriso leve nos lábios. O bolo estava pronto, e agora tudo que eu precisava era de coragem para levá-lo até ele.

O silêncio da casa parecia pesado, e eu me perguntava se Henry sabia o que eu estava fazendo. Talvez ele já tivesse ouvido os sons suaves da cozinha ou sentido o cheiro doce no ar.

[...]

Logo acordei e ele ainda estava no quarto, então comecei a puxar assusto.

—Porque o seu ar-condicionado é tão gelado? Você não sente frio ? —Nenhuma resposta. —Me lembra quando fui ao hospital com Shuji, era bem gelado... Mas Shuji me abraçou e me aqueceu em seus braços. Ah, outra coisa, Dei um tempo para Anna, como você me recomendou. —ouvi seus passos se aproximarem da porta ainda fechada. Me levantei rapidamente acendendo as velinhas, na esperança que ele abrisse a porta. —

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