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Acordei devagar, com uma sensação de estranheza e confusão

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Acordei devagar, com uma sensação de estranheza e confusão. Minhas pálpebras pareciam pesadas, e a luz branca e fria do teto do hospital me cegou por um momento. Pisquei algumas vezes, tentando focar, e foi então que percebi que a dor, aquela dor insuportável que me consumia antes, havia desaparecido. Meu corpo ainda estava pesado, mas agora era como se eu estivesse entorpecida, flutuando em uma espécie de vazio.

O ambiente ao meu redor era estéril, as paredes de um branco sem vida, o som distante de máquinas e passos de enfermeiras ecoava pelos corredores. Virei lentamente a cabeça, e meus olhos caíram sobre Shuji, sentado em uma poltrona ao lado da cama. Ele estava inclinado para frente, os cotovelos apoiados nos joelhos, digitando freneticamente no celular. Seu rosto estava sério, concentrado, como se algo muito importante estivesse acontecendo.

Por um momento, ele não percebeu que eu havia acordado. Observei seu rosto, as linhas de tensão marcando sua expressão. Ele parecia cansado, os olhos levemente inchados, como se não tivesse dormido há muito tempo. Uma sensação de alívio misturada com desespero me tomou, mas as palavras não saíam. Estava tão esgotada que até falar parecia um esforço impossível.

Eu queria perguntar o que havia acontecido, como tínhamos chegado ali, mas tudo o que consegui foi soltar um suspiro fraco. Shuji olhou para mim naquele instante, largando o celular de imediato. Ele parecia surpreso, mas havia uma sombra em seus olhos que eu não conseguia interpretar.

-Eu nunca havia ficado tão preocupado como fiquei ontem... Maya, porra, eu fiquei assustado — disse Shuji, sua voz quebrando de uma forma que eu nunca tinha visto antes. Sempre o conheci como alguém duro, que não deixava as emoções aparecerem. Mas agora, na minha frente, ele estava diferente. Pela primeira vez, vi meu irmão chorar. Lágrimas desciam pelo seu rosto, e parecia que ele não conseguia mais segurar. Era como se a armadura dele tivesse caído.

Ver Shuji assim me fez desabar também. Não consegui segurar minhas próprias lágrimas, e o medo, a dor de tudo o que aconteceu, vieram à tona. Shuji se inclinou e me abraçou com cuidado, como se tivesse medo de me machucar. Ficamos assim por um tempo, apenas chorando. Não eram necessárias palavras. O abraço dele, sempre tão raro, falava tudo.

Quando ele se afastou, parecia mais calmo, mas ainda havia algo pesado no ar. Ele enxugou as lágrimas com as costas das mãos e respirou fundo.

-Maya, você passou por duas cirurgias de emergência... — começou, sua voz ainda trêmula. — Foi complicado, mas os médicos disseram que você vai se recuperar. Mas vai levar tempo. Você vai precisar de uns meses de repouso. A sua amiga Anna, estava aqui mais cedo, levou pontos e passou aqui para te vê, mas você estava sedada.

Eu só conseguia assentir, tentando processar o que ele dizia. Tudo parecia uma névoa. Então, ele fez uma pausa, olhando para o chão como se estivesse tentando encontrar as palavras certas.

-Tem mais uma coisa que preciso te contar — disse ele, e pude ver a tensão em seu rosto. — Eu vou ter que viajar de novo. É uma viagem que preciso fazer para garantir que fique segura... não tem como eu adiar. Vai ser longa, e eu não posso te deixar sozinha.

Aquela notícia me atingiu em cheio. A ideia de Shuji partir e me deixar sozinha, depois de tudo, me deixou apavorada. Eu estava prestes a protestar, mas ele me interrompeu, antecipando minha reação.

-Eu já resolvi isso. Conversei com um amigo. Ele vai cuidar de você enquanto eu estiver fora, estarei fazendo alguns serviços para ele enquanto você se recupera, Maya, o que fizeram com você, não tem perdão, caçaremos cada um deles nem que eu tenha que morrer por isso. — Ele fez uma pausa, me olhando nos olhos, tentando transmitir segurança. — O nome dele é Henry Cavill, irá ficar segura com ele.

-Henry Cavill? — perguntei, minha voz quase falhando.

Shuji assentiu.

-Sim. Ele é uma pessoa de confiança. Já me ajudou outras vezes, e sei que vai cuidar bem de você. — A voz dele estava firme, mas eu podia ver que ele estava tentando me convencer. — Eu sei que você pode estar assustada, Maya, mas eu confio nele. Se eu confio, você também pode confiar.

O medo continuava apertando meu peito. A ideia de ficar sozinha, em um lugar desconhecido, com um homem que eu mal sabia algo sobre, me assustava. Mas Shuji... ele nunca pedia esse tipo de coisa. E agora, ver como ele estava preocupado, parecia que ele não via outra solução.

Eu hesitei, mas no fim, assenti lentamente.

-Tá... Se você confia nele, eu... eu vou tentar.

Shuji soltou um suspiro aliviado, como se um grande peso tivesse sido tirado de seus ombros. Ele forçou um sorriso, ainda visivelmente cansado.

-Vai ficar tudo bem, Maya. Eu prometo.

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