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Eu estava sentada do lado de fora do escritório do senhor Cavill, apoiada na parede fria, tentando relaxar um pouco

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Eu estava sentada do lado de fora do escritório do senhor Cavill, apoiada na parede fria, tentando relaxar um pouco. Aquele dia tinha sido pesado e, sem que eu percebesse, meus olhos começaram a pesar. Estava quase pegando no sono quando ouvi murmúrios vindos de dentro do escritório. No início, ignorei, achando que ele estava falando ao telefone ou resmungando algo sobre o trabalho, como ele costumava fazer. Mas os sons ficaram mais intensos, e logo percebi que eram soluços.

Meu coração disparou. Levantei-me rapidamente e, sem pensar duas vezes, abri a porta. Lá estava ele, debruçado sobre a mesa, com a cabeça entre os braços, seu corpo tremendo ligeiramente. Fiquei parada por um segundo, tentando entender o que estava acontecendo. O senhor Cavill, sempre tão controlado e impenetrável, estava claramente vulnerável, preso em algum tipo de pesadelo. Eu não sabia o que fazer, mas algo dentro de mim não conseguia deixá-lo assim.

Caminhei em direção a ele, hesitante. Chamei seu nome suavemente.

—Senhor Cavill? —Nada. Tentei de novo, agora mais alto, e nada mudou. Ele continuava imerso em seu sonho, os soluços escapando entre suas palavras, algo sobre um bebê... e alguém que parecia importante para ele. Eu não podia entender tudo, mas a dor em sua voz era clara. Eu me aproximei mais, com a intenção de acordá-lo. Toquei seu ombro, balançando-o levemente.
—Henry... —Sussurrei, mas ele continuava preso naquele pesadelo.

Foi então que, em um ato quase impulsivo, fiz o que veio naturalmente: o abracei. Eu não sabia se isso funcionaria, mas precisava tentar algo. Meus braços envolveram seus ombros, e o apertei firme, como se pudesse puxá-lo de volta para o presente, para longe daquilo que o estava atormentando.

—Está tudo bem... Tudo bem... —Sussurrei repetidamente, na esperança de que ele ouvisse, de que sentisse minha presença e voltasse à realidade.

Aos poucos, percebi que ele começava a se acalmar. Seu corpo relaxou, e sua respiração começou a se normalizar. Senti um enorme alívio ao perceber que o pesadelo estava passando. Eu continuei ali, abraçada a ele, sem me mover, temendo que, se eu soltasse, ele pudesse voltar àquele lugar de dor.

Foi então que ele acordou. Senti quando seus músculos ficaram tensos novamente, mas não de medo, e sim de surpresa. Ele estava confuso, seus olhos arregalados, como se estivesse tentando entender o que estava acontecendo. Eu afrouxei o abraço, mas não o soltei completamente. Nossos rostos estavam próximos, seus olhos úmidos encontraram os meus, e por um instante, o tempo pareceu parar.

Eu não sabia o que dizer, e ao mesmo tempo, sentia que não precisava. Havia um entendimento silencioso entre nós naquele momento. Segurei seu rosto com cuidado, limpando as lágrimas que ainda escorriam por suas bochechas com os polegares. Eu nunca o tinha visto assim, tão... humano. Tão frágil.

Ele parecia perdido, como se estivesse tentando se recompor, mas ao mesmo tempo, uma parte dele não queria se afastar. E então, lentamente, senti seus braços ao redor da minha cintura, hesitantes no início, como se ele não soubesse se aquilo era permitido. Quando ele finalmente me abraçou de volta, foi como se algo dentro de mim se quebrasse. O homem à minha frente, sempre tão imponente e severo, estava agora se permitindo ser vulnerável, e eu estava ali, oferecendo o pouco que podia.

—Está tudo bem, Henry... —As palavras saíram antes que eu pudesse pensar. Não "senhor Cavill", mas sim "Henry". O nome dele parecia adequado naquele momento, como se, de alguma forma, o título formal não tivesse lugar na intimidade que estávamos compartilhando.

O abraço dele ficou mais forte, suas mãos se movendo suavemente pela minha cintura. Eu retribuí o gesto, passando minhas mãos pelas suas costas, tentando lhe dar o máximo de conforto possível. Ele estava machucado, isso era óbvio. E, naquele instante, eu queria ser um porto seguro para ele, mesmo que apenas por alguns minutos.

Por um tempo, ficamos ali, em silêncio, apenas sentindo a presença um do outro. Eu podia ouvir os batimentos do coração dele desacelerando, e isso me deu uma estranha sensação de paz. Era como se, ao cuidar dele, eu estivesse de alguma forma cuidando de mim mesma também. Talvez, por mais diferentes que fôssemos, ambos estávamos quebrados de maneiras que ninguém mais poderia entender.

Foi mais forte que eu. Ver seu rosto vermelho e os olhos marejados, a sensação do seu carinho em minhas costas, e aqueles olhos azuis, com o esquerdo parcialmente marrom, penetrantes nos meus, tudo isso me fez perder o controle. Era como se um ímã invisível nos atraísse, e, em um impulso que eu não consegui conter, eu o beijei.

Ele hesitou por um momento, e o mundo pareceu parar ao nosso redor. Mas então, algo mudou. Ele cedeu ao meu beijo desajeitado. Eu ainda não sabia beijar; as palavras não pareciam suficientes para expressar tudo o que eu sentia, então, optei por um gesto simples. Selamos nossos lábios, meus movimentos eram desordenados, e eu me perguntava se ele estava pensando o mesmo que eu: que isso era completamente novo e um tanto assustador.

Meus lábios se moviam contra os dele de forma hesitante, mas havia uma mistura de urgência e delicadeza em cada toque. Era uma dança desajeitada, e eu podia sentir a maciez dos lábios dele, a maneira como ele começou a responder ao meu beijo. Para minha surpresa, ele me puxou um pouco mais para perto, e aquele gesto me deu confiança.

O beijo se aprofundou, e eu me deixei levar pela emoção. Havia algo quase mágico naquele momento, como se todas as barreiras que nos separavam fossem apagadas. O calor do seu corpo contra o meu, a suavidade do toque dos nossos lábios, tudo parecia perfeito, apesar da insegurança que eu ainda sentia.

Minhas mãos, em um movimento instintivo, foram em direção ao seu cabelo, bagunçando os fios enquanto o puxava mais para mim. Ele retribuiu com uma leve pressão, as mãos dele deslizando pela minha cintura, aumentando a intensidade do nosso contato. A mistura de nervosismo e excitação me fazia sentir como se estivéssemos flutuando, como se o mundo exterior tivesse desaparecido completamente.

Eu estava tão imersa naquele momento que perdi a noção do tempo. Era como se, ali, no calor do nosso beijo, todo o sofrimento que eu havia carregado e toda a dor que ele tinha enfrentado fossem esquecidos. Havia apenas nós dois, perdidos em um universo que parecia ter sido criado para aquele instante.

Quando finalmente nos separamos, eu mal consegui abrir os olhos. O meu coração estava acelerado, e uma onda de vergonha começou a se espalhar por mim. Tentei me afastar, mas ele não me deixou. Suas mãos ainda seguravam minha cintura, como se quisesse garantir que eu não fugisse daquele momento.

Ele me olhou com uma intensidade que me deixou sem palavras. Seu olhar estava carregado de confusão, mas também havia algo mais – uma profundidade que me fazia sentir que ele estava tão surpreso quanto eu.

—Maya... —ele começou, mas não terminou a frase. Parecia que as palavras não eram suficientes para descrever o que estávamos sentindo. Ele então soltou a minha cintura. —Precisa se arrumar, meu irmão já deve esta chegando no aeroporto. —Disse ele se recompondo.

Confirmei com a cabeça e apressada saí do escritório.


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Henry Cavill - Um monstro entre nós Onde histórias criam vida. Descubra agora