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O trajeto foi longo e silencioso, mas chorei em grande parte dele, até que o motorista, com um olhar gentil, começou a falar para me acalmar e me dar instruções sobre como lidar com o senhor Henry

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O trajeto foi longo e silencioso, mas chorei em grande parte dele, até que o motorista, com um olhar gentil, começou a falar para me acalmar e me dar instruções sobre como lidar com o senhor Henry.

-Não o contrarie, não faça muitas perguntas, não ande pela mansão sem permissão, e, por último, não roube nada — disse ele, levantando a mão direita, que estava faltando dois dedos.

Fiquei horrorizada por um momento, e minha curiosidade foi maior que meu medo.

-Senhor... há quanto tempo o senhor trabalha para ele? — perguntei, tentando entender mais sobre aquele homem.

-Doze anos — respondeu ele calmamente.

-E por que não pede demissão se ele é tão malvado quanto disse?

Ele suspirou e seus olhos, antes tranquilos, ficaram sombrios.

-Não podemos simplesmente ir embora. Muitos de nós somos refugiados, sem família, presos a um contrato diabólico. Devemos nossas vidas a ele. Eu, por exemplo, fui um alcoólatra por décadas. Uma noite chuvosa, eu causei um acidente... — ele hesitou, como se estivesse revivendo o momento — ...que acabou matando a filha dele.

-Meu Deus! — exclamei, chocada.

-Ele me perdoou... Disse que foi apenas um acidente e me ofereceu um contrato de trabalho. Um empréstimo para eu me reabilitar e me livrar do vício. — Ele deu uma pausa, sua voz grave ecoando o peso do passado. — Ele também ajudou minha família. Estávamos desesperados por causa do aluguel, não tínhamos para onde ir, e ele pagou vários anos de aluguel. Então, até eu conseguir quitar essa dívida, continuo como motorista dele, enquanto ele cuida das necessidades da minha família.

-Que coisa... — murmurei, ainda tentando processar tudo.

Ele olhou para mim com um olhar misto de compaixão e resignação.

-Menina, eu realmente estou com dó de você. O que te faz querer ir até ele?

-Meu irmão disse que eu estaria segura, e eu acredito nele.

O motorista deu uma risada suave.

-O menino Shuji... Conhecemos ele. É um bom garoto.

Um sorriso pequeno surgiu em meu rosto. Saber que ele confiava no meu irmão me trouxe um pouco de paz.

-Eu amo muito ele... — confessei, ainda mais emocionada.

A conversa continuou de forma leve até que finalmente chegamos ao destino. A visão que se abriu diante de mim era uma verdadeira obra de arte: uma mansão imensa, com uma mistura harmoniosa de arquitetura antiga e moderna. Os detalhes em pedra esculpida remetiam a uma era clássica, com colunas majestosas e grandes janelas com vitrais que reluziam à luz da lua. Ao mesmo tempo, o design moderno se destacava nas laterais, com estruturas de vidro e aço, mostrando que luxo e tradição coexistiam naquele lugar.

A entrada principal tinha um jardim impecável, com arbustos perfeitamente podados e fontes decorativas. A própria mansão parecia uma joia arquitetônica, imponente e misteriosa. Havia algo quase surreal naquela grandiosidade, mas ao mesmo tempo, a sensação de frieza era inegável.

Quando descemos do carro, fui recebida por duas mulheres. A primeira, uma senhora com expressão rígida, era alta, de cabelos grisalhos presos num coque apertado. Ela se apresentou com um tom frio:

-Sou Iolanda, a governanta. Vamos cuidar de você durante sua estadia. — Sua voz era seca, quase sem emoção, como se estivesse acostumada a lidar com visitas indesejadas.

Ao seu lado, estava Eleonor, uma jovem que parecia um pouco mais acolhedora, mas ainda assim mantinha uma postura de formalidade extrema.

-O seu quarto está preparado. Por favor, siga-nos — disse Eleonor, mas sem oferecer nenhum sorriso.

Enquanto caminhávamos pela mansão, não pude deixar de me sentir decepcionada. Esperava ser recebida com mais calor, talvez um conforto que só uma casa tão luxuosa poderia proporcionar, mas tudo ali parecia gelado, impessoal. Iolanda, com seu olhar severo, e Eleonor, com sua gentileza distante, só reforçavam o peso daquela atmosfera. Estava claro que eu era uma intrusa em um mundo que não me pertencia.

[...]

Sentei-me na cama tentando absorver tudo ao meu redor. O quarto era vasto e luxuoso, como se tivesse saído de um conto de fadas, com detalhes dourados, cortinas pesadas e uma cama de dossel que parecia convidar ao descanso. Mas, apesar de toda a beleza, me sentia desconfortável. A dor persistente em meu ventre e perna me lembrava a cada segundo da minha fragilidade, e o fato de terem tirado meu celular e os medicamentos apenas aumentava meu desespero.

Tudo era novo, estranho e sufocante. Queria um banho para tentar aliviar a sensação de sujeira que eu sentia em minha pele, mas antes que pudesse tomar qualquer iniciativa, a porta se abriu, e Eleonor entrou.

-Senhor Cavill quer vê-la, venha comigo. — disse ela de forma fria, sem emoção.

Engoli em seco, tentando manter a compostura, mas meu coração acelerou. Eu não sabia o que esperar, e tudo o que ouvi sobre ele me aterrorizava. Com a dor começando a se intensificar a cada passo, segui Eleonor mancando em silêncio, o medo tomando conta de mim.

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Henry Cavill - Um monstro entre nós Onde histórias criam vida. Descubra agora