That Awful Boy

Onze

Remus realmente, verdadeiramente, às vezes se perguntava se o processo de pensamento racional no cérebro de Albus tinha de alguma forma falhado ao longo dos anos. Enviar Harry para Grimmauld Place apesar do risco de segurança em andamento foi uma coisa. Mas colocá-lo com Severus Snape, o professor mais odiado de Hogwarts desde o próprio Phineas Nigellus... Bem. Essa foi uma decisão que ele pessoalmente nunca teria tomado em mil anos.

O peixe estava cuspindo óleo quente por todo o balcão, e por um momento Remus ficou preocupado que Harry pudesse se machucar com isso, mas ele simplesmente arregaçou as mangas de sua flanela enorme e continuou cozinhando. Remus se ocupou em cortar vegetais para a sopa deles. Por um tempo, a cozinha ficou em silêncio, exceto pelo barulho da faca na velha tábua de corte desgastada e pelo chiado do peixe na frigideira. “Não gosto de ficar trancado sem notícias ou uma maneira de falar com meus amigos”, Harry disse finalmente. “Eu não pretendia ir a lugar nenhum, a não ser aqui, mas eu estou tão cansado de ficar preso dentro desta casa. Tudo o que tenho feito é lição de casa. Se eu pudesse falar com Ron e Hermione, ou mesmo recebê-los por uma ou duas horas… Mas Snape não os deixaria entrar, deixaria?”

“Professor Snape, Harry,” Remus corrigiu. Por mais idiota que Severus estivesse agindo atualmente, ele ainda merecia respeito básico. James e Sirius nunca chegaram a entender isso, mas Harry sempre foi mais parecido com Lily do que com James. “E você pode se surpreender. Não há mal nenhum em perguntar depois que tudo se acalmar novamente.”

Harry cantarolou sem se comprometer e continuou cozinhando. Pegando um recipiente de manjericão que era de frescor incrivelmente duvidoso, ele disse, "Então você vai, er, passar a noite aqui?" e olhou para ele de um jeito que provavelmente pretendia ser discreto.

“Eu vou,” Remus confirmou. Daí a sopa, para adicionar peso a uma refeição que de outra forma seria muito leve para três. Ele piscou forte e girou os ombros para estalar as costas. “Preciso ter certeza de que o idiota ali dentro não vai morrer durante a noite, embora isso fosse bem feito para ele. Sinto muito, Harry, eu não deveria estar dizendo essas coisas na sua frente…”

“‘Tá tudo bem,” ele disse, um pouco rápido demais.

Remus não precisou olhar para ele para ver o sorriso no rosto de Harry; ele quase podia senti-lo tangivelmente. Isso sempre o irritou, enquanto ensinava. Sentindo os sorrisos escondidos passando por trás de suas costas enquanto os alunos zombavam de suas roupas surradas em vez de prestar atenção à lição. Esperançosamente, ter o Impostor Moody como instrutor por um tempo, com o olho que conseguia ver através da parte de trás da cabeça, os assustou um pouco. Seria uma das únicas coisas boas que ele faria por aquelas crianças.

“Onde você vai dormir?” Harry perguntou, virando o peixe na frigideira. Ela era de ferro fundido. Remus esperava que não estivesse machucando seu pulso por segurá-lo daquele jeito. “Ainda estou no sofá por enquanto—não é ruim, na verdade, melhor do que minha cama na casa dos Dursley—e não sei se Sn—Professor Snape tem uma cama extra. Supondo que você pudesse transfigurar uma. Mas onde você a colocaria?”

A casa inteira era apertada, olhando para ela. Era adequada para Severus. Escuro, escondido e desleixado—assim como seu dono. Mesmo que ele transfigurasse uma cama com qualquer pedaço de lixo que pudesse encontrar, não haveria lugar para colocá-la. “Acho que vou ficar com a cadeira.”

“Não é ruim também. Dormi nela ontem à noite. Acho que ele fortificou tudo aqui com todos os tipos de encantos.”

Algo no tom de Harry fez Remus parar. “Por que você dormiu na cadeira ontem à noite?” ele perguntou, mantendo seu tom uniforme e educadamente interrogativo. “Você adormeceu lendo?”

“O quê? Ah, não—duvido que ele me deixaria tocar em seus livros, muito menos lê-los. Ele voltou para casa depois de ver Voldemort.” Agora transferindo o peixe para três pratos, dois dos quais estavam lascados há tanto tempo que as bordas quebradas estavam lisas novamente, Harry imediatamente começou a fritar os ovos. Ele quebrou cada um deles com uma mão. “Eles estão prestes a expirar. Você não se importa com ovos, não é?”