That Awful Boy

Um

“Que diabos são dementadores?”

“Eles guardam a prisão dos bruxos, Azkaban,” disse Tia Petúnia.

Dois segundos de silêncio retumbante seguiram essas palavras e então Tia Petúnia colocou a mão sobre a boca como se tivesse deixado escapar um palavrão nojento. Tio Válter estava arregalando os olhos para ela. O cérebro de Harry girou. A Sra. Figg era uma coisa — mas Tia Petúnia?

“Como você sabe disso?”, ele perguntou a ela, espantado.

Tia Petúnia parecia bastante chocada consigo mesma. Ela olhou para o tio Válter em um pedido de desculpas temeroso, então abaixou a mão ligeiramente para revelar seus dentes de cavalo.

“Eu ouvi — aquele garoto horrível, Snape — contando a ela sobre eles — anos atrás,” ela disse bruscamente.

O zumbido estava em seus ouvidos dessa vez; Harry sentiu como se tivesse batido a cabeça na janela dos Dursley novamente. Trabalhando sua boca para palavras que se recusavam a sair, ele finalmente resmungou, "Garoto… Snape?”

that awful boy

Já fazia muitos anos que eles não tinham um verão tão quente.

Sua camisa parecia ter se cimentado permanentemente em suas costas, tão encharcada de suor quanto estava. Não havia sinal de chuva para oferecer um alívio, ou mesmo uma brisa; o céu era um vazio sem nuvens e ofuscante. O vapor subia das ruas como se alguém tivesse acendido um queimador abaixo delas. Cada vez que ele ousava sair, a umidade o varria em uma onda pegajosa. Feitiços de resfriamento eram inúteis, ventiladores eram perda de tempo, e a própria ideia de abrir uma janela era risível. Severus teve a ideia de mergulhar no rio cheio de lixo para se refrescar um pouco. Ele deveria saber que economizar na compra de um ar-condicionado de verdade este ano seria um problema para ele. Na verdade, ele tinha quase certeza de que havia superado em muito seus recordes pessoais de banho, com a quantidade de banhos frios que havia tomado nos últimos dias.

Spinner’s End havia se tornado uma cidade fantasma. Vazia na melhor das hipóteses, com o número crescente de casas abandonadas, os moradores restantes foram levados para suas casas pelo calor, deixando as ruas desertas. A gangue de adolescentes da cidade não estava em lugar nenhum, e até mesmo os Richardsons da casa ao lado estavam quietos. Severus supôs que eles estavam quentes demais para discutir.

Pelo menos eles não precisavam passar o dia em pé diante de um fogão aceso.

Lançando seu enésimo feitiço refrescante, Severus enxugou a testa e afastou o cabelo pegajoso do rosto. O Lorde das Trevas não poderia ter pedido uma poção em pior hora. Preparar poções em um dia como esse — certamente seria o dia mais quente do ano — não era seu ideal de verão. O fato de não haver trabalhos para corrigir nem mesmo levantava seu humor. Ele tomaria chá com Sirius Black em vez disso.

Ding!

Finalmente, ele pensou, polvilhando um punhado de moscas crisopídeos na poção borbulhante antes de reiniciar o cronômetro do forno. Ao contrário da receita original, isso lhe deu vinte minutos para limpar enquanto o Polissuco fervia e ficava marrom. Ele deixou cair sua colher de pau no queimador não utilizado e caiu para trás na cadeira que havia puxado para longe da mesa. O suor escorria pelo seu rosto em riachos. O pote de vidro que ele havia enchido com gelo antes era agora mais água do que qualquer coisa; havia um anel úmido escurecendo a mesa cheia de buracos. Ele tomou um longo gole e saboreou a sensação da bebida descendo pela garganta.