Treze

82 13 0
                                    

“Levante-se, Potter.”

Harry esfregou os olhos e tentou em vão limpar todos os pensamentos e sentimentos de sua cabeça, ficando de pé, trêmulo, para encontrar o olhar frio de seu Professor de Poções.

“A última lembrança,” Snape disse, numa voz tão fria quanto seus olhos. “O que foi?”

“Eu não sei,” Harry murmurou. Eles estavam nisso há quase uma hora, e sua cabeça já havia começado a latejar insistentemente, sua cicatriz formigando como se ele tivesse passado um ferro quente sobre ela. As memórias começaram a se fundir em uma corrida vertiginosa. "Você quer dizer aquela em que meu primo tentou me fazer ficar de pé no banheiro?”

Até que ele viu a lembrança passar rapidamente, Harry tinha esquecido completamente daquele acontecimento. O brilho fraco e cruel nos olhos de Snape lhe disse que a lembrança não seria esquecida tão rápido por sua testemunha. "Não", Snape disse suavemente, "quero dizer aquela preocupante sobre a porta no corredor.”

Porta no corredor…Harry franziu a testa e tentou pensar além da pulsação em seu crânio. “Acho que foi de um sonho que tive. Por quê?”

“Um sonho? Descreva-o”, seu professor solicitou, inclinando-se de modo que seus quadris descansassem contra o balcão da cozinha. “Você mesmo estava parado no corredor? Você tem alguma ideia de onde estava?”

“Eu... não sei,” Harry disse, olhando ao redor da cozinha. A casa de Snape sempre parecia estranhamente surreal depois do turbilhão de memórias. Provavelmente era a estranheza persistente de estar dentro da casa do homem; às vezes ele ainda o encontrava impressionado com a realidade de tudo aquilo. As cartas de Ron e Hermione só ajudaram a colocá-lo um pouco no chão. “Paredes de pedra e uma porta preta são tudo de que me lembro. Este lugar é importante?”

“Não. Não é. Mas sua falha em bloqueá-lo é, Potter, porque você não deveria estar tendo sonhos estranhos. Na verdade, se você praticasse, você não se lembraria de muitos dos seus sonhos.” Os olhos de Snape estavam semicerrados. “Diga-me: você tem limpado sua mente todas as noites antes de dormir? Ou você está contente em permitir que o Lorde das Trevas entre? Isso faz você se sentir importante, Potter? Isso faz você se sentir especial?”

O Snape de antes, aquele que havia comprado roupas para sua audiência e aqueles livros, havia sumido como se nunca tivesse existido. Harry se sentiu um pouco surpreso. Isso só o deixou mais irritado. "Isso não é—" Ele balançou a cabeça furiosamente, olhando para uma rachadura no linóleo do chão. "Eu não estou fazendo isso de propósito! Eu limparia minha mente se você me dissesse como!”

“Pelo jeito que você sonha acordado durante as aulas teóricas, Potter, suponho que eu teria chegado à conclusão de que você já sabia como não pensar,” Snape disse. “Talvez devêssemos ter uma aula sobre isso, em vez disso.”

“Ah é? Tudo bem,” Harry disse asperamente. “Me ensine, então.”

Para sua surpresa e vago temor, Snape assentiu brevemente e se desvencilhou do balcão, dando um passo à frente e sacando sua varinha novamente. “Limpe sua mente, Potter, e veremos onde estão seus pontos fracos. Vamos seguir em frente a partir daí.”

Harry recuou um passo e pensou em sacar sua própria varinha. “Eu pensei que você fosse me ensinar a parar de pensar.”

“Não seja tolo. Eu não vou te atacar,” ele retrucou. “Prepare-se. Eu vou invadir sua mente uma última vez. Um, dois— Legilimens!”

Harry estava totalmente despreparado para o último ataque de Legilimência, e mal teve meio segundo para tentar limpar sua mente e esvaziar-se de sentimentos antes que Spinner's End desaparecesse e um longo rolo de memórias antigas que ele nem sabia que tinha começasse a voar. Ele estava observando Dudley abrir brinquedos, Dudley e seus amigos reunidos em volta da TV comendo sorvete enquanto ele limpava o chão da cozinha, Tio Vernon gritando palavras indecifráveis enquanto tia Petúnia falava ao telefone ao fundo com os lábios franzidos e os olhos apertados—a batida da porta do armário bloqueando toda a luz, e o som de sua família jantando enquanto a tia Marge dava em voz alta dicas ao tio sobre a técnica correta para espancar filhotes ingratos—

That Awful BoyOnde histórias criam vida. Descubra agora