That Awful Boy

Oito

Já se passaram dez minutos da visita de Lupin quando Severus oficialmente perdeu a paciência e decidiu voltar para seu quarto. Saindo da cozinha sem dizer uma palavra, ele subiu as escadas correndo sob a luz de um Lumos e trancou a porta do quarto atrás de si.

A paz não durou muito. Ele estava na metade do primeiro cigarro quando alguém bateu na porta. A mão de Severus já estava em sua varinha quando ele percebeu que era apenas o lobo. “O quê?” ele retrucou, olhando para a porta como se Lupin pudesse ver sua expressão. Talvez ele sentisse o vitríolo através do tom de sua voz e voltasse a descer as escadas que ele conseguiu subir sozinho. A menos que... "Você deixou o menino lá embaixo ou é um fracasso tão abismal em senso comum que decidiu trazê-lo com você?”

“Sou só eu, Severus,” veio a voz calma de Lupin de fora do corredor. “Posso entrar? Há coisas que preciso discutir com você. Negócios da Ordem.”

Severus pairou no meio do seu quarto, dividido. Então, tocando a fechadura da maçaneta, ele inclinou a cabeça contra a textura da madeira e fechou os olhos. Ele suspirou e abriu a porta. “Estou muito ocupado.”

Lupin olhou para ele, e então para o cigarro ainda aceso, com uma expressão levemente divertida. “Sim, eu posso ver isso.”

Com um rangido, a porta se fechou novamente.

Nenhum dos dois falou pelo que pareceu uma eternidade. Dando uma tragada no cigarro, Severus lançou um olhar sinistro ao lobo e olhou pela janela, para as ruas monótonas abaixo. Spinner’s End estava tão vazio como sempre. “O que você quer, então? Fale logo. Não tenho tempo para mimá-lo até que você aprenda a falar.”

“Teremos outra reunião amanhã,” disse o lobo. “Você estará disponível para isso? Eu sei que você não poderá trazer Harry ainda… Você tem arranjos feitos para que ele fique sozinho? Ele não é de causar problemas, então é duvidoso que ele precise de algo especial, mas—”

“Por que,” Severus rosnou, “você continua a questionar minha habilidade de cuidar de um único garoto adolescente, Lupin? Eu fiz tudo o que você pediu. Dei a Potter um lugar para dormir. Eu o alimentei e enchi a despensa conforme suas necessidades. Ele tem acesso a um chuveiro, está escondido atrás de inúmeras proteções, e ele terá completado suas tarefas de verão bem antes de setembro.”

As molas de sua cama soltaram um guincho ímpio quando ele se jogou no colchão, mas Severus ignorou e continuou seu discurso.

"Eu até comecei a lhe ensinar Oclumência. Então por que—por que—você insiste em se comportar como se eu estivesse espancando Potter até sangrar toda noite? Isso é uma conspiração que você e Black armaram? Tentando me pegar em flagrante, tentando fazer o velho Ranhoso tropeçar para mostrar a todos que sou um pequeno nojento pervertido das trevas?”

“Você começou as aulas de Oclumência?” Lupin parecia não ter ouvido uma palavra do que ele disse. “Como estão indo?”

Ele sentiu como se fosse quebrar os dentes se continuasse a cerrar a mandíbula assim. “Uma lição. Foi… Hm. Bem, nem preciso dizer, Potter é um fracasso tanto quanto eu esperava que ele fosse, então não houve grande decepção a ser sentida. Por mais que eu espere por pelo menos uma melhora sutil, tenho certeza de que você também notou o quanto o menino é parecido com o pai—e com isso, é claro, quero dizer que as críticas simplesmente ricocheteiam nele.”

Não houve nenhuma falha no comportamento para satisfazer seu desejo por uma discussão. Em vez disso, Lupin suspirou e sentou-se ao lado dele com um guincho de molas da cama. "Então não foi bem, eu acho? Qual parece ser o problema? Não posso dizer que sou bom em Oclumência—nunca precisei praticar—mas posso dar uma dica sobre o comportamento de Harry.”