That Awful Boy

Quinze

Dois dias se passaram, e a raiva de Severus estava crescendo lentamente o tempo todo.

Tudo tinha sido planejado, desde o começo. Uma pegadinha para humilhá-lo na frente de todos, incluindo James Potter, o Segundo. Quando Black e o lobo planejaram isso? Como eles sabiam que ele cuidaria do garoto? Ou isso tinha sido apenas um bônus—uma desculpa para se aproximarem dele? Os dois provavelmente estavam rindo muito, rindo com uma garrafa de Odgen's e presenteando o resto da Ordem com descrições de sua casa, seus itens pessoais, o... beijo…

“Espero que não seja um mau momento para perguntar, mas acho que gostaria de—beijar você, se estiver tudo bem.”

Era uma pegadinha. Não havia outra explicação. Severus não se permitiria pensar em outras possibilidades, porque era uma pegadinha, e era só isso.

Então ele se jogou no ensino de Oclumência a Potter. (Se o garoto não estivesse envolvido na pegadinha, e é claro que ele estava, este era Potter—só que este Potter nunca tinha feito 'pegadinhas'. Este Potter nunca tinha... Foi uma pegadinha. Foi uma pegadinha.) Eles se concentraram em exercícios de respiração por enquanto, para relaxar os pés nervosos e as mãos trêmulas do garoto. Qualquer ansiedade que tomasse conta do garoto durante as aulas e depois delas precisaria ser pelo menos um pouco remediada antes que ele pudesse tentar a Oclumência novamente. Os exercícios de respiração podem até ajudar Potter a manter o foco durante as aulas. E, além disso, podem potencialmente beneficiá-lo durante sua audiência amanhã.

Severus estava temendo a próxima reunião da Ordem, quando ele teria que ver Black e Lupin e ignorar os sorrisos, as provocações sutis… Mas, acima de tudo, ele temia a chegada de Arthur Weasley em sua casa.

Albus quase ignorou suas preocupações até que Severus ameaçou mandar o garoto de volta para seus parentes e lavar as mãos de todo o assunto. Ele não teria, ele supôs, na realidade—Potter era um livro fechado, apesar de sua mente estar completamente aberta, e ele queria saber de onde, exatamente, vinha a ansiedade do garoto. Isso estava impedindo sua capacidade de aprendizado; e se ele não pudesse aprender Oclumência, Severus nunca se livraria dele. Sete dias já haviam se passado e eles não estavam mais perto de atingir um nível aceitável de proteção do que Molly Weasley estava em produzir crias que não existiam para lhe dar enxaquecas.

“Você perdeu o ritmo, Potter,” Severus disse estupidamente, dando ao garoto apenas um breve olhar enquanto ele continuava lendo os últimos capítulos de seu novo livro. “Respire fundo.”

“Eu sei,” o garoto disse irritado. “Estou tentando.”

“Qual é o problema?” Ele estava com dor de cabeça, e sabia que só iria piorar com o passar das horas. Ele estava agonizando sobre a chegada de sexta-feira desde a noite em que Albus havia trocado seu inspetor para Arthur Weasley. Seu único consolo era que era um dia de semana. Arthur chegava durante o intervalo do almoço, ficava apenas de dez a quinze minutos e saía em direção ao Ministério a tempo de remover um feitiço em um liquidificador ou um baralho de cartas trouxas. Severus estava disposto a fornecer comida se isso significasse tirar o homem de casa mais cedo. “Potter,” ele repetiu, “qual é o problema?”

“Não sei. Eu só começo a pensar, e...” Com um suspiro pesado, o garoto se levantou e se espreguiçou, e então se acomodou de volta no sofá, mexendo em um fio solto entre o polegar e o indicador. “Posso dar uma volta? Senhor?”

Severus finalmente levantou os olhos do livro, piscando com força na tentativa de se livrar um pouco do torpor. “Exercícios de respiração profunda não são feitos para serem algo do qual você precisa relaxar.” Ele observou os movimentos nervosos de Potter. “Eles são feitos para serem relaxantes.”