— Merda!
Que saco! Não aguento mais isso! Estou começando a ficar com medo da minha própria casa. Que inferno! Estava tremendo e suando. Não lembrava de nenhuma situação em que sentisse tanto medo em toda a minha vida, como sentia agora, com exceção do aborto de minha mãe. Meus olhos se encheram e em poucos segundos estava em prantos. Não acredito que eu estava chorando. E por causa de uma merda de pesadelo. Assim que me acalmei e não haviam mais vestígios de choro, peguei o celular e liguei para Garry.
— Fala, Brad. — ele estava com voz de sono.
— Foi mal te acordar, cara, mas você pode vir para cá? — perguntei constrangido.
— Chego em vinte minutos.
Desliguei, suspirando aliviado.
Contei o pesadelo para ele, esperando que ele risse da minha cara e dissesse que eu parecia uma criancinha assustada, mas isso não aconteceu, o que me pegou de surpresa, deixando-me ainda mais tenso.
— Cara, não vou zombar disso. Isso está começando a ficar sério. Você ficou com medo da sua própria casa! Isso não é bom.
— Eu sei... Eu nunca fiquei tão assustado quanto hoje.
— Imagino. Acho que eu acordaria gritando, desesperado e sairia correndo pelado por aí, completamente louco e transtornado.
Ficamos em silêncio por breves segundos antes de rirmos da piada fora de hora dele. Isso era bem típico dele. Não contei que eu havia chorado. Não porque não queria que ele risse da minha cara, mas sim porque não queria fraquejar comigo mesmo, até porque estava claro que ele não riria de mim.
O bom do Garry é que por mais que ele seja otário, às vezes, ele consegue falar sério. Ele não tira sarro da sua cara, se ele ver que você está realmente mal. Ele não te julga, por mais que você esteja errado. Acho que é por isso que nos damos tão bem desde sempre. Ele sabe tudo o que já passei, e ao invés de me virar as costas, ficou e me ajudou. Se eu superei o trauma e o medo que eu tinha do meu pai, foi por causa dele.
— Você vai tentar dormir de novo? — perguntou.
— Não sei. Acho que não conseguiria, depois disso. Mas se acontecer, não me importo. Estou exausto.
— Eu que o diga.
— Vai ficar aqui na sala? — perguntei.
— Vou. Qualquer coisa me chama.
— Ok.
Deixei um cobertor e um travesseiro no sofá, enquanto Garry estava no banheiro. Bebi um copo d'água e fui para meu quarto. Eram quase quatro da manhã, e eu ainda não conseguia dormir. Não me importei nem um pouco. Entre estar arrasado no dia seguinte e quase morrer por causa de um sonho, eu preferia estar arrasado.
▪️ ▪️ ▪️
Estava andando pelas ruas de Manhattan com uma garota. O dia estava fresco, com brisas suaves. Ela estava linda com seu vestido branco e seus cabelos castanhos voando conforme o vento batia neles.
Entramos em uma cafeteria. Ela me disse que ali era seu lugar favorito. Ia todas as manhãs para lá. Sentamos no balcão e ela pediu o "de sempre": café com creme e brownie. Conversamos e ela olhava em volta, gostando de estar ali.
— Senti falta daqui. Achei que nunca mais veria Georgina, Mike e Paul. Sinto falta de Lindsay e Theo. Sem falar dos meus pais, é claro.
Seus olhos brilhavam. Por um segundo achei que era felicidade, mas na verdade, eram lágrimas. Ela estava muito abalada e suas mão tremiam um pouco.
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A Garota dos meus Sonhos
Mystery / Thriller❝Se podemos sonhar, também podemos tornar nossos sonhos realidade❞ Copyright, © 2020 Searchles, Inc. All rights reserved.