Capítulo 25

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— Brad, isso não é poss...

Peguei o artigo do jornal, no chão, e forcei-o contra o peito de Joseph.

— Isso é possível, sim. E está acontecendo. — fechei a cara.

Continuamos abaixados na escuridão dos fundos, tentando encontrar um jeito de entrar na cabana.

Após uns seis minutos, meu pai saiu da cabana com um pé de cabra. Ele ia arrombar nosso carro. Por sorte, havíamos tirado tudo de lá. Não haviam fotos ou documentos no carro, nem armas, o que nos deixava mais tranquilos.

— Nossa chance! — Joseph levantou-se rapidamente e começou a correr em direção à porta dos fundos.

Garry e eu nos levantamos e fizemos o mesmo com nossas armas nas mãos. Entramos na cabana e tudo estava silencioso. Haviam várias portas, mas uma me chamava mais a atenção.

— Elizabeth. — murmurei para mim, indo confiante em direção à porta.

— Brad! — Joseph segurou meu braço — Não acha que eu...

— Não. — o interrompi.

Ele me olhou apreensivo, mas não me importei e ele também não questionou. Eu a tiraria de lá.

— Garry, vá ver se encontra algo no porão. Eu sonhei com uma criança presa lá.

Ele assentiu e seguiu até a porta que eu indiquei.

— Jo, você vê se Michael está vindo.

Joseph assentiu e ficou olhando para fora.

Caminhei apressadamente até o cativeiro de Elizabeth. Ainda não acreditava na loucura em que minha vida estava, nem que eu, realmente, estivesse ali.

Respirei fundo assim que toquei na maçaneta. Empurrei a porta e a encontrei sentada, de costas para mim, olhando pela janela.

— Vá embora.

Franzi o cenho e permaneci calado.

— Já disse para ir embo... — ela se levantou furiosa, mas calou-se ao me ver parado na porta.

— Desculpe, Elizabeth, mas isso não será possível. — respondi.

Ela encarava-me chocada. Acho que eu também a encarava do mesmo jeito.

— Você... — ela começou.

— Eu sou o Brad. Te conto tudo o que quiser, mais tarde. Agora precisamos sair daqui.

Caminhei em sua direção, e peguei-a pelo braço.

— Eu... Eu sonhei com você! — ela disse assustada, forçando-me a parar de andar.

Como assim ela sonhou comigo?

— O que?

— Eu... sonhei com você. Várias vezes. Você sempre tentava me salvar e morria. Não é possível que você esteja aqui agora. — ela parecia perdida e confusa.

— Acredite, eu estou. E não vou morrer dessa vez. Vou tirar você daqui, Lize. Você estará livre.

Seus olhos marejaram e ela me abraçou. Fui pego de surpresa. Não esperava que ela me abraçasse. Seus soluços em meu peito, faziam com que eu me sentisse estranho.

Me consideraria herói ou vilão?

Em partes, sou responsável por ela estar aqui. O homem que sequestrou toda a sua família é meu pai!

— Elizabeth, você precisa se acalmar, ok? — segurei seu rosto. Ela assentiu, acalmando-se.

— Onde estão os outros? — perguntei.

Ela entrou em prantos.

— Ele matou todos eles! Eu sou tudo o que restou. — as lágrimas rolavam desesperadamente por seu rosto.

Senti meu coração ser esmagado. Aquilo era horrível. Eu tinha o sangue de um assassino! E, pelo que parece, ele não estava arrependido das atrocidades que fez, o que tornava tudo um milhão de vezes pior. Para todos. As atitudes de Michael impactavam na vida de diversas pessoas e ele não se importava de ser um monstro.

— Vai ficar tudo bem. Eu prometo. — a abracei.

Havia um nó em minha garganta. Eu não sabia mais o que fazer ou dizer. Aquilo era simplesmente horrível. Não consigo imaginar como foi perder toda a sua família de uma vez.

Joseph entrou no quarto.

O encarei e ele apenas sorriu ao ver a garota em meus braços.

— Lize... — sussurrou. Consegui ver lágrimas em seus olhos.

— Joseph? — franziu a testa — Jo!

Ela pulou de meus braços e correu para os do meu padrinho, o abraçou forte e chorou ainda mais. Joseph continha-se para não chorar também.

— Eu senti tanto medo... Ele... eles... — soluçava.

— Vai ficar tudo bem, Lize. Eu prometo.

Gente! — ouvi Garry gritar da escada do porão.

Corremos para lá, e eu não acreditei no que vi.

— Lindsay! — Lize correu e pegou a irmã no colo.

Garry tinha uma criança em seus braços, a mesma que apareceu em um de meus pesadelos. Elizabeth correu na direção de meu amigo, tirando a criança de seus braços, sentando-se no chão com a irmã envolta em seu colo e chorou mais ainda.

— Lize, por que está triste? — a pequena perguntou.

— Eu não estou triste, amor. Estou chorando de felicidade.

Sorri fraco. Aquele pequeno momento de felicidade ainda não tirava o peso da minha consciência. Como eu diria a ela que eu sou filho do homem que matou sua família e a torturou por três meses?

— Que cena comovente. As irmãs se reencontraram!

Olhamos assustados para a porta, onde meu pai prendia Garry, com uma pistola encostada em sua cabeça.

Preso em seus braços, Garry arfava procurando por oxigênio e movia as pernas com dificuldade, tentando chutar Michael que só forçava ainda mais o pescoço de meu amigo. Garry tentava livrar-se do enforcamento com as duas mãos, que não surtiam efeito nenhum. Como nos meus sonhos, ele era enorme, musculoso e muito mais perigoso do que eu imaginei.

Apontamos nossas armas para ele, que apenas soltou uma gargalhada maléfica e debochada, ao mesmo tempo. 

A Garota dos meus SonhosOnde histórias criam vida. Descubra agora