Capítulo 15

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Cheguei à cabana e não era a garota quem estava lá, mas sim uma criança. Uma criança desesperada, que chorava, implorando para ver seus pais ou seus irmãos. O homem estava nesse sonho, o lugar era o mesmo, mas o cômodo e a vítima eram diferentes. Ela estava no porão, onde, por mais que gritasse, ninguém a ouvia. Ela era pequena, inocente. Não parava de chorar.

O homem entrou no porão, e disse para ela calar a boca. Ela na mesma hora o fez. Ele estendeu uma caixa de suco e um prato de comida para ela. A menina estendeu as mãos apreensiva, mas o homem apenas entregou-lhe a comida e foi embora.

Mais uma vez, eu parecia um fantasma. Ninguém me via e não havia nenhum sinal de Elizabeth. Caminhei para fora da cabana, e deparei-me com o lago negro. Analisava todo o local, e avistei um barco velho.

Um barco?

Olhei para o lado, levando um susto ao ver o homem parado ao meu lado, olhando para o horizonte. Afastei-me. A presença dele era desagradável. Eu não gostava de ficar perto de um ser humano tão horrível como ele. As roupas eram as mesmas, mas dessa vez ele usava um boné escuro que cobria seu rosto. Não ousaria chegar mais perto para buscar mais detalhes, apesar de que já tinha noção de como ele era de costas.

Sentei na ponta do deck e encarei o barco boiando no lago. Consegui enxergar letras na traseira do mesmo que pareciam um H e um M, na sequência, formando "H.M.".

Acordei com o celular vibrando. Garry acabara de mandar uma mensagem para mim. Conforme respondia suas mensagens, percebi que havia algo de errado com ele, então apenas aguardei até que ele chegasse. Levantei e fui fazer algo para tomarmos café. Estava morrendo de fome e ele, provavelmente, também.

▪️ ▪️ ▪️

Terminei de fritar os ovos e coloquei-os no prato que Garry comeria. As iniciais no barco ainda me deixavam confuso. Aquele barco não podia ser da família Folks. Nenhum deles possuía tais iniciais. Cheguei à conclusão de que aquele lugar não era propriedade deles. Assim que terminei de tirar minhas conclusões, a porta foi aberta, revelando a figura de meu amigo que a fechou atrás de si, em seguida, colocando a chave reserva que lhe dei em cima da bancada. Como eu já imaginava, ele estava nervoso.

— Como assim o Joseph foi deixá-la em casa? — perguntei atordoado, após ouvir o que ele havia me contado.

— Eu não entendi nada, cara. Eu estava muito bêbado. Só sei que ele apareceu lá, me ofereceu carona e levou a garota para casa!

— E quando isso aconteceu?

— Há um ou dois anos. Eu nem sequer vi o rosto dela direito, estava escuro. Além do mais, não tinha como prever que ela seria sequestrada dois anos depois de eu ter pego carona com ela. — disse dando uma garfada em seu café da manhã.

Minha cabeça martelava e tudo fazia ainda menos sentido conforme íamos entrando mais fundo na vida dos Folks. A maior interrogação, no momento, era tentar entender onde meu padrinho entrava nessa história.

— Isso me incomoda. — passei a mão em meu queixo, sentindo alguns pelos irregulares — De onde Joseph conhece essa garota? Ele nunca comentou nada a respeito desta família antes. — cruzei os braços, apoiando-me no balcão.

— Pelo que me lembro, ele parecia bem próximo de Elizabeth, até a chamava pelo apelido. Provavelmente é algum tipo de amigo próximo, tipo a tal Claire.

Garry tinha razão. Mas ainda haviam muitas probabilidades que ainda não estávamos enxergando. Precisávamos olhar além das poucas lembranças que ele tinha de um dia em que estava desmaiando de bêbado, o que não parecia ser um dia atípico em sua vida.

— Só tem um jeito de descobrirmos isso. Vamos até a casa dele hoje. 

A Garota dos meus SonhosOnde histórias criam vida. Descubra agora