Capítulo 27

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— Como... — as palavras não saíam. Eu estava em choque.

— Como eu ainda estou vivo? — perguntou irônico e irritado — Avise para o seu tio que ele precisa de óculos, porque ele acertou meu ombro e não meu peito.

Ele encarava-me com ódio. Automaticamente, lembrei do dia em que ele foi preso.

Quando ele gritou o nome de minha mãe no tribunal, seus olhos ainda tinham um brilho. Não era um brilho bom, mas ainda havia. Quando minha mãe o largou lá, para que se virasse sozinho no mundo e sofresse por ter feito tudo errado, seus olhos ficaram totalmente escuros. A mesma escuridão estava, novamente, em seus olhos, enquanto me encarava.

Perguntava-me se ele seria capaz de me matar.

Que imbecil, Brad. É claro que ele seria capaz. Só não matou há nove anos, porque não deu tempo, seu burro!

Já estava ficando incomodado com seu olhar em mim.

— Se você for me matar, mata logo, por favor. Não aguento mais olhar para a sua cara.

Ele soltou um riso rouco.

— Sabe, Brad — tirou a arma que tinha atrás das calças —, você se parece muito comigo.

— Por favor, não me ofenda. — sentei ao lado de Joseph, que continuava no chão.

— Está vendo? — gargalhou — Igualzinho a mim. — destravou a arma e mirou em minha direção.

Para ser sincero, a sensação de ter uma arma apontada para a sua cabeça, é estranha. Você sente um desespero horrível, sem falar que pensar que a qualquer momento você estará morto, é pior ainda.

Fechei os olhos, apenas aguardando tudo acabar. Apenas esperava que Garry tivesse alguma ideia brilhante para se salvar e salvar as meninas.

— Larga a arma. — alguém disse.

Abri os olhos e vi Garry apontando uma das armas grandes para Michael.

— Larga a arma. Agora.

Michael abaixou-se para pôr a arma no chão, enquanto Garry continuava com a arma em sua direção.

Num movimento rápido, ele puxou a arma de volta, e bateu com o cabo na cabeça de Garry. O mesmo caiu no chão com a mão na cabeça. Antes que ele pudesse fazer mais alguma coisa, saquei a pistola que estava presa na parte de trás de minha calça e atirei em seu braço, depois em sua perna. Ele caiu gritando de dor.

Corri para onde ele estava, pegando sua arma, apontando-a para ele. Por mais que eu quisesse atirar, não conseguia. Por que eu não conseguia? Ele encarava-me. Mesmo estando sério, eu podia ver que ele sentiu medo. Por um segundo, mas sentiu medo.

Não sei se foi medo da morte ou por ser morto por seu filho. Nada disso me importava. O que me incomodava era que eu não conseguia atirar nele.

Você não é igual a ele, Brad.

Baixei a arma e pude vê-lo relaxar um pouco. Não sei por quê. Segundos depois lhe dei um soco no nariz, fazendo-o desmaiar. Dessa vez me certifiquei de que ele não estava mentindo.

Corri para ajudar Garry, que estava bem. Logo em seguida, fui até o cômodo onde Joseph estava amarrado.

— Você está bem? — perguntei.

— Estou. Onde ele está? — levantou-se rápido e irritado.

— Desacordado. — respondi.

— Tem certeza?

— Eu verifiquei.

— Ah.

A Garota dos meus SonhosOnde histórias criam vida. Descubra agora