Capítulo 31

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— Bom dia. — a voz cansada de Garry cumprimentou-me.

Haviam olheiras em todos nessa casa. Sentia como se um caminhão acabasse de passar por cima de mim. Meu corpo todo doía.

— Bom dia. — sentei nos típicos bancos altos do balcão de minha cozinha.

— Dormiu bem?

— Pior, impossível. — rodei o pescoço, sentindo o mesmo estalar, a sensação foi muito boa.

Ele riu.

— Como você aguenta dormir lá sempre?

— Pois é, ? — cruzou os braços, irônico.

Ri, levantando do banco e indo para a geladeira. Peguei uma jarra de suco, deixando-a no balcão. Fui até os armários, procurado ingredientes para fazer alguma coisa para o café.

Estava quase terminando de fazer as panquecas quando ouvi Elizabeth gritando. Corremos, desesperadamente, até o quarto, onde a encontramos se debatendo assustada. Lindsay estava encolhida na ponta da cama.

— Elizabeth... — segurei seus braços, tentando acalmá-la. Garry foi até Lindsay, pegando-a no colo.

Ela foi parando de debater-se, aos poucos, relaxando. Ela então abriu os olhos, devagar, e vi suas bochechas corarem levemente. Em seguida, uma lágrima rolou de seus olhos. Depois outra. Outra. Mais outra... Quando dei por mim, estava ajoelhado ao lado de Elizabeth, que me abraçava em pratos.

— Eu sonhei... Com ele... — disse entre soluços.

— Com quem?

— Com o homem da cabana.

Senti o chão embaixo de mim evaporar. Tinha a sensação de estar caindo eu um buraco sem fundo. Ela não merecia passar por isso. Ninguém merecia.

Uma coisa começou a perturbar-me: eu ainda não tinha esclarecido a história de que o homem que matou sua família, a torturou e a manteve prisioneira, era meu pai. Por mais que para mim ele não significasse absolutamente nada, o fato de eu ter o sangue dele, era algo que não podia ser ignorado.

Milhões de pensamentos começaram a invadir minha mente, fazendo meu estômago revirar-se, um nó gigante formar-se em minha garganta e meu coração acelerar. Estávamos nos encarando. Eu conseguia sentir seu poder sobre mim. Era como se ela pudesse invadir minha mente e controlar meus pensamentos.

Nosso contato foi interrompido e agradeci muito por isso. O alívio passou assim que o alarme de incêndio começou a tocar e o cheiro de queimado a espalhar-se por todo o apartamento.

— Merda! — levantei rápido, correndo até a cozinha.

A sala e, principalmente, a cozinha estavam infestadas por uma névoa escura de fumaça. O cheiro era horrível.

Depois de resolver o problema com o café da manhã, esperamos que o cheiro e a fumaça saíssem de casa. Nos juntamos à mesa e tomamos nosso café.

Foi estranho. Todos estávamos em silêncio. Eu não gostava nada disso. Começava a ter flashbacks da noite do resgate.

— Eu vou tomar um banho. — disse, levantando.

— Mas Brad, você não comeu... — Garry começou.

— Perdi a fome.

Entrei no banheiro e desabei. Já perdi a conta de quantas vezes já fiz isso nos últimos dias, mas era impossível fingir que estava tudo bem, quando era notável que todos estávamos um pouco destruídos por dentro. 

A Garota dos meus SonhosOnde histórias criam vida. Descubra agora