Capítulo 18

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Ouvi Joseph chamar do lado de fora. Talvez quisesse se desculpar por ter sido um babaca, mas não queria falar com ele agora. Novamente estou sendo infantil, agindo como uma criança mimada, e isso é uma bosta.

Depois de quase uma hora dentro do quarto, meu estômago roncou e fui para a cozinha. Precisava de comida.

— Está melhor? — Garry perguntou.

— Estou.

Abri a geladeira e peguei algumas coisas para fazer um sanduíche.

— Sua mãe ligou.

— O que ela queria?

— Ela nos chamou para almoçar lá.

— Ok. Cadê o Joseph? — mordi meu lanche.

— Não sei. Ele só disse que ia resolver uma coisa e saiu.

— Hm.

Por fora eu parecia desinteressado, mas me importava muito com o tal compromisso. O que ele tinha para fazer logo hoje, depois de uma discussão como aquela, sobre o assunto que era. Voltei a pensar em Claire e em tudo o que ela havia dito e o estado de nervos em que se encontrava. Tudo fazia cada vez menos sentido e me aliar a Joseph já não me parecia mais uma boa ideia e agora já era um pouco tarde para me arrepender disso. No fundo, continuava torcendo para que ele fosse um dos mocinhos e nos ajudasse.

Ao mesmo tempo me ocorreu que Claire pode não ser tão confiável assim. Quem poderia tê-la denunciado por contar algo a um universitário aleatório que alega ter sonhos com uma socialite sequestrada? E ela não estaria presa por revelar segredos de estado? Ela estava foragida, no bar? Por que ela fez tanta questão de me encontrar se a estavam seguindo? O círculo começava a se fechar, mas nenhuma peça se encaixava. O jogo estava bem na minha frente, mas eu não conseguia desvendar o mistério rápido o suficiente para montar o quebra-cabeças e entender tudo o que estava acontecendo.

— Ei, eu estou falando com você! — Garry me trouxe de volta à vida real.

— Desculpa, estava tentando entender as coisas. — dei outra mordida em meu sanduíche.

— Eu te entendo. O que vamos fazer em relação ao Joseph?

— Ainda não sei. Não quero acreditar que ele esteja nos sabotando, mas ainda assim não consigo confiar. É complicado...

Garry apenas concordou com um aceno de cabeça e voltamos a comer, apesar de eu ter perdido o apetite.

Terminamos de comer, limpamos tudo e fomos para a casa de minha mãe.

▪️ ▪️ ▪️

— Oi, meninos! — mamãe nos abraçou.

— Oi, mãe. — beijei sua testa.

Entramos e tia Hannah estava lá, como esperado. Ela morava com minha mãe devido ao câncer que teve há alguns anos. Ela era a mais novas das irmãs, enquanto minha mãe era a segunda mais velha, ficando atrás apenas de tia Margo. O tumor estava localizado no colo do útero e os médicos optaram pela remoção do mesmo, devido ao estágio avançado em que estava.

A cumprimentamos chegando mais perto de onde ela estava. Ela mexia em algumas caixas, junto com minha mãe. Elas eram muito parecidas, ambas tinham os cabelos castanhos, porém os de minha mãe eram mais claros e curtos, perfeitamente alinhados em seus ombros. A tiara no topo de sua cabeça também era obrigatória, isso quando ela não improvisava com os óculos que raramente usava, mesmo sabendo que precisava. Seus olhos eram castanhos claros, diferente dos meus, esverdeados, que puxei de meu pai.

A Garota dos meus SonhosOnde histórias criam vida. Descubra agora