Capítulo 26

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— Ora, ora, se não é meu irmão. Há quanto tempo, não é mesmo, Joseph?

Jo serrava o punho. Michael achou aquilo cômico e começou a rir ainda mais alto.

— Por que tanto ódio, Jo? Ah, já sei. Talvez seja porque você é o protetor dela, não é? — o sorriso dele desapareceu — Meu próprio irmão, escolheu ficar do lado da família que me mandou para aquele lugar! — gritou.

— Você foi para aquele lugar, porque decidiu seguir um mau caminho, Michael. Assassinar duas pessoas? Agredir sua mulher e seu filho? Isso não é atitude de um homem. Ah, espere... — fez uma pausa dramática — Talvez você tenha tomado essas atitudes, porque não é um! — ele também gritou.

— Seu... — não conseguiu terminar.

Eu o encarava furioso. Minha vontade era de pular em cima dele, e espancá-lo.

— Quem são os garotos? — perguntou — Peguei esse aqui, mas nunca o vi na vida. — riu. — Esse outro parece muito com você, Joseph. Seu filho?

— Dele não. Seu. — respondi.

Seu rosto empalideceu. Ele fixou seu olhar em mim. De vez em quando, abria a boca para tentar dizer algo, mas travava.

— O gato comeu sua língua, Michael? — perguntei, sorrindo irônico.

— Michael? — inclinou a cabeça, confuso — Acho que você deveria me chamar de pai, não?

Dessa vez eu que ri debochadamente. Ele havia revelado meu segredo. O qual eu não queria que Elizabeth soubesse agora, queria contar a verdade para ela em outro momento, mais tranquilo e menos perigoso. Como Michael, mais uma vez, atrapalhou os planos de alguém, apenas respondi, completamente seco:

Eu não tenho pai. — meu sorriso não estava mais lá.

Ele também encarava-me sério. Podia ver a raiva em seus olhos, mas aquilo não me intimidou, nem por um segundo.

Ele ainda encarava-me e num ato rápido, Garry jogou-se para o lado, desestabilizando Michael, que foi atingido, por Joseph. Michael caiu para trás e Garry correu em nossa direção.

Continuávamos com nossas armas apontadas para ele, que não se movia.

— Você acha que... — Garry começou.

— Acho. — respondi, interrompendo-o.

Joseph correu na direção de Elizabeth e Lindsay, abraçando-as.

Lize ainda chorava, mas dessa vez seu alívio era notável. Sorri ao ver que havíamos conseguido.

Fomos para fora da cabana e descemos o morro de barro seco. Chegando no carro, meu estômago revirou. Os quatro pneus do carro estavam furados. Na verdade, estavam rasgados. Alguém, obviamente Michael, usou uma faca para fazer aquilo.

— Que droga! — Joseph bateu na porta.

— Quem pode ter sido, não é? — perguntei ironicamente.

Ficamos em silêncio, até que Garry teve uma ideia.

— Vamos pegar o carro dele.

— As chaves estão lá em cima. — Elizabeth finalmente disse algo.

— Eu pego. — Joseph começou a andar.

— Eu vou com você. — me ofereci.

— Não, Brad. Fique aqui com as meninas, ok?

— Garry pode cuidar delas. Ele atira muito melhor do que eu.

— Brad... — repreendeu-me.

— Está bem! — resmunguei — Se você demorar mais de cinco minutos eu vou subir. Você goste ou não.

— Tudo bem. — riu e voltou a subir o morro de barro.

Três minutos já haviam se passado e eu já estava ficando nervoso.

— Calma, cara. O morro é grande. Além disso, ele não sabe onde as chaves estão.

Concordei. Encostei-me em nosso carro, agora inútil, e percebi olhares em mim. Olhei para o lado e Lindsay me encarava.

— Oi. — sorri para a pequena curiosa que fitava minha pessoa.

— Oi... — respondeu, timidamente, se escondendo atrás da irmã.

— Ela é um pouco tímida, quando não conhece alguém. — Elizabeth disse, passando a mão pelos fios dourados do cabelo da irmã.

Olhei para o relógio. Sete minutos.

— Eu vou subir. — disse, decidido.

— Espera, cara. Ele...

— Shh. — o interrompi.

— Está me mandando calar a...

— Shh! — coloquei minha mão em sua boca.

Todos ficaram em silêncio. Foi quando eu ouvi:

Brad!

— É o Joseph! — corri para o morro, destravando todas as armas que eu tinha.

Olhei para trás e vi Garry correr atrás de mim, com as garotas logo depois.

Queria dar um soco nele. Se Michael as pegasse, todo o esforço seria em vão. Mas agora não era hora para isso, eu tinha que salvar Joseph.

Ouvi gritos de ódio e dor. Eles estavam brigando.

— Brad! — ele chamou mais uma vez.

— Joseph! — gritei correndo para mais perto da cabana.

Havia tanta adrenalina em meu corpo que eu não pensava, só agia. Corria incansavelmente para aquela maldita cabana. Quando finalmente alcançamos a planície, parei, retomando o fôlego.

— Você! — apontei para Garry — Fica aqui fora. Se eu gritar seu nome, entra atirando.

— Mas...

— Mas, nada. — o interrompi.

Olhei para as meninas, que também estavam sem fôlego.

— Toma. — entreguei uma pistola para Elizabeth.

— Mas... Eu não sei atirar.

— Na hora você vai saber. A arma já está destravada, então não puxe o gatilho, a menos que seja necessário.

Ela assentiu, pegando a arma que eu estendia.

— Você já sabe o que fazer. — olhei para Garry que também assentiu — Vocês duas se escondam.

Corri para a cabana, chutando a porta com toda a minha força.

— Brad! — Jo gritou.

— Joseph! Onde você está?

Corri até o antigo cativeiro de Elizabeth e encontrei Joseph amarrado em uma cadeira. Não perdi tempo, correndo em sua direção.

— O que aconte...

Fui interrompido por braços que enroscaram-se em meu pescoço, arrastando-me para outro cômodo. Gritei assustado e sem ar.

Ouvi uma risada rouca e só conseguia pensar em como aquilo não era possível. Fui jogado no cativeiro, ao lado de Joseph.

— Surpreso? — Michael perguntou, se aproximando cada vez mais de nós.

Meu coração acelerou. Havia um nó em minha garganta, que custava a se desfazer.

Ele estava morto. Nós vimos. Havia sangue em sua roupa quando ele estava no chão desacordado. Inclusive, o sangue ainda estava lá. Como ele podia estar aqui agora?

Michael nos encarava com um olhar mortífero, no batente da porta. Minha maior preocupação era desamarrar Joseph para poder atirar sem medo de ele acertar meu padrinho. 

A Garota dos meus SonhosOnde histórias criam vida. Descubra agora