Capítulo 11

18.2K 1.7K 393
                                    

Ficamos horas pesquisando. Descobrimos algumas coisas, mas nada muito importante.

— Estou cansado. — Garry bocejou.

— Eu também, mas não vou dormir.

Dei um gole em minha xícara de café. Aquilo me manteria acordado.

— Não acredito que estou bebendo café em plena sexta à noite. Isso é deprimente, sabia? O que você descobriu? — perguntou, depois de largar a xícara de café, com nojo.

— Nada muito acusador. Estavam sempre juntos. Eram pais presentes, mesmo com todo o trabalho. E você?

— Faziam muitas viagens, logo, tinham casas por todos os lados.

— Isso é importante. Você achou alguma casa que...

— Fosse perto de um lago, já sei. — interrompeu-me — Para falar a verdade, tinham sim. Duas, aliás.

Levantei rapidamente e fui até o sofá, onde meu amigo estava.

— Uma fica no Mississipi e a outra do outro lado do país.

— Tem fotos?

— Tem. Alguma dessas duas se parece com a do seu sonho? — ele virou a tela em minha direção, para eu ver melhor.

— Não. Nem o lago é igual. Sem falar que nos sonhos é uma cabana, e não uma casa.

— De volta à estaca zero. — ele revirou os olhos.

Bufei e voltei para o balcão.

Continuei pesquisando, mas não achei nada importante. Pensei em visitar Georgina, para fazer mais perguntas, mas duvidava que ela fosse me contar algo, ainda mais depois de nos levar direto à Claire, se é que esse era seu verdadeiro nome. Encarei o cartaz, vendo Elizabeth sorridente na foto. Ela estava com o vestido branco, como nos meus sonhos.

Uma leve raiva surgiu em mim.

Maldito vestido! Malditos olhos! Por que logo eu?

E, realmente, por que eu? Existem sete bilhões de pessoas no mundo e ela tinha que invadir justo a minha mente?

Olhei para o sofá, onde Garry havia pego no sono, com o iPad na cara. Me aproximei, tirando uma foto, esperando que ele não acordasse com o flash.

— Seu bosta. — sorri, pegando o aparelho e colocando-o na mesa de centro. Joguei um cobertor por cima do corpo inconsciente de meu amigo, apaguei as luzes, tranquei a porta e fui para o meu quarto.

Sentei em minha cama, com o notebook no colo. Ainda pesquisava mais sobre a garota e a família Folks. Não achei nada além do que já havia visto. Procurei matérias sobre seu desaparecimento, mas não havia nada.

Nenhum noticiário havia falado sobre o desaparecimento da filha do homem mais poderoso de Manhattan?

Isso só me levou a acreditar no que Claire disse. Eles estavam encobrindo o desaparecimento de uma família toda por algum motivo, só precisávamos descobrir qual. Havia muita coisa envolvida, mas as principais eram dinheiro e poder.

▪️ ▪️ ▪️

Acordei com a luz do sol em meu rosto. Nem percebi que havia pego no sono. A casa estava silenciosa, o que indicava que Garry ainda estava dormindo. Levantei, sentindo-me estranho. Parecia que faltava alguma coisa.

Fui para o banheiro, escovar os dentes e tomar um banho. Ainda sentia que alguma coisa estava errada. Cheguei na sala e Garry continuava jogado no sofá. Sorri, pegando o celular e tirando uma foto horrível de meu amigo dormindo. Sorri, mais uma vez, ao ver aquela preciosidade e enviei para os rapazes no grupo. Olhei para o relógio: nove e onze.

Comecei a fazer a massa das panquecas que comeria essa manhã. Estava cansado de comprar comida. Estava fritando os ovos quando Garry começou a falar alguma coisa. Olhei para ele, querendo entender o que estava falando, e percebi que ele ainda estava dormindo.

— Maluco... — sacudi a cabeça, voltando minha atenção à comida.

Por mais que eu estivesse de bom humor, ainda sentia que tinha algo errado. Faltava alguma coisa, mas o quê? Quando terminei de fazer o suco que descobri o que estava errado: Eu não tive pesadelos.

Sorri, sentindo-me muito bem. Pude ver o que os pesadelos faziam comigo. Eu ficava tenso, estressado e de mal humor. Sem pesadelos eu era apenas... o Brad. Brad calouro, jogador de baseball, que gostava de sair com os amigos e que chamava a atenção das garotas na rua.

Garry voltou a falar enquanto dormia, até que acordou.

— Você sabia que fala enquanto dorme? — perguntei colocando os pratos sobre o balcão.

— Cara, não me faça perguntas quando eu acordo. Eu não entendi nada do que você falou, só consigo sentir esse cheiro de bacon.

Ele levantou e foi para o banheiro. Quando voltou tomamos nosso café, rindo e conversando sobre quando éramos pequenos e sobre o ensino médio. Pela primeira vez eu me sentia, de fato, bem. Estava vivendo minha vida. Estava sendo eu mesmo.

Terminamos o café e fomos dar uma volta por aí. Acabamos no parque, jogando basquete com umas crianças que estavam lá. Acredite ou não, eles nos deram uma surra.

Ficamos lá por horas, fazendo eu esquecer que tenho problemas, e isso foi ótimo. Eu podia ficar ali para sempre, só para não ter que voltar para casa e encarar meus problemas mais uma vez. 

A Garota dos meus SonhosOnde histórias criam vida. Descubra agora