Capítulo 75: Tive bons professores.

854 158 35
                                        

Os vampiros se espalharam pela floresta, marcando o território para que pudéssemos ficar seguros ali. Oren foi quem caminhou até a porta e bateu, enquanto Lucian se aproximava de Elowen e segurava a mão dela. A tensão dos dois era visível, o que me deixou um pouco incomodada. Nenhum deles deveria estar fazendo isso.

—Vejo que voltou. —Escutei a voz da bruxa, junto com sua risada sarcástica. —Nada mudou desde a última visita, vampiro. Não tenho nada pra você aqui.

—Abra a porta, queremos conversar. —Oren afirmou, e ela olhou por cima do ombro dele. Os olhos se iluminando quando viu que eu estava logo atrás dele. Os lábios dela se franziram em algo como desconforto, porque ela claramente não queria me ver ali.

—A traição cobra um preço alto, sabia? —Sibilou, e eu sabia que ela estava falando aquilo pra mim, pela forma que me olhava com olhos acusatórios.

—Espero que você esteja preparada pra pagar o preço então. —Retruquei, porque ela podia ter avisado Varek sobre mim assim que percebeu o que eu ia fazer. Ela sabia assim que me viu, e tinha tido tempo para avisa-lo, mas não fez isso.

Seu rosto se contorceu ao me ouvir, antes de ela abrir a porta quando percebeu que realmente não íamos embora. Os olhos dela passaram de mim para Lucian e depois para Elowen. Os lábios se comprimindo e os olhos faiscando na direção dela. Senti o cheiro do medo no sangue dela, o que me deixou mais rígida que uma árvore.

—Eu já deixei claro que você não é bem-vinda aqui. —A voz dela era uma lâmina afiada lançada na direção de Elowen. Oren entrou na cabana, assim como eu, deixando a bruxa cara a cara com ela. —Saia das minhas terras.

—Não. —Elowen soltou, e o rosto da bruxa se contorceu em algo como espanto. —Quero fazer algumas perguntas pra você e você vai me responder todas elas.

Elowen a empurrou do caminho, entrando na cabana sem esperar uma resposta da bruxa. Lucian veio logo atrás, fechando a porta quando a bruxa seguiu Elowen de longe. Os olhos queimando sobre ela como se desejasse matá-la. Olhei para Oren, mas ele não parecia nem um pouco preocupado. Havia apenas cautela no seu rosto.

—Não vou falar nada a você, feiticeira. Quero que saia daqui. —Observei a bruxa pegar uma faca sobre uma das mesas. Lucian levou a mão ao cabo da espada, mas eu já tinha atravessado o espaço entre eles, agarrando o pulso dela até fazê-la soltar aquela lâmina.

—Não ouse. —Sibilei, vendo-a mostrar os dentes pra mim, como se quisesse me xingar, antes de puxar o braço e se afastar. —Onde Varek está? Você o servia. Deve saber pra onde ele foi.

—Eu não sei. Se eu soubesse, acha que eu estaria aqui ainda? Tendo minha casa vigiada por vampiros dia e noite? —Questionou, soltando as palavras sobre mim como se eu estivesse a insultando. Os olhos dela estavam em Elowen, como se ela avaliasse cada movimento dela. —Eu estava certa sobre você, não é? Você cheirava como eles e agora é um deles.

—O livro do destino se refere a mim como a vampira nascida humana. —Falei, e a bruxa olhou na minha direção, parecendo ter sido pega de surpresa por essa informação. —Existe um conto sobre mim e sobre Elowen. Você a chamou de feiticeira, assim como a história chama.

—Então já sabem o que ela é. —A bruxa soltou um som profundo com a garganta, olhando-a com nojo. Elowen não pareceu se importar, porque manteve a expressão neutra e cautelosa. —Me admira que ainda tenham coragem de ficar perto dela.

—O que eu sou? —Elowen questionou, dando alguns passos para perto de nós duas. A bruxa se retesou, como se quisesse se manter o mais distante possível. —É o que chamam de feiticeira de ossos?

—Não diga esse nome na minha casa! —A bruxa sibilou, olhando ao redor como se esperasse que alguma coisa muito ruim acontecesse. —Você deveria ir para o inferno. Lá é o lugar de coisas como você.

Acordo de Sangue Cruel Onde histórias criam vida. Descubra agora