𝐈𝐈 𝐓𝐄𝐌𝐏𝐎𝐑𝐀𝐃𝐀; 𝐈𝐈

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3 Timothée Narrando

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Timothée Narrando

Chegar em casa era como afundar em um mar de águas rasas, em que a areia da borda entrenha sobre as unhas dos dedos e o pequeno  incômodo era visivelmente exposto.

Faz quase um mês que Louis Chalamet, meu irmão mais novo, não me dirige a palavra, e todos os porquês dançam na memória. "Você é um tremendo idiota!", "Tudo que você fez foi destruir a cabeça dela!", tudo que ele realmente fez, foi isso. Balanço a cabeça em negação, recordar aquele dia doía mais que qualquer ferida já aberta, doía mais que o joelho em recuperação e a possível perda do papel principal em O quebra nozes nós palcos de Paris.

Apesar de todos as minhas emoções estarem supostamente ligadas ao emocional, o lado racional gritava aos sete cantos de massa encefálica: o coração dela pertence a outro, você transformou algo e mudou o percurso, preciso voltar ao meu novo normal.

— Está pensando nela? — meu pai Marc aparece na porta da sala de jantar. Mal toquei a comida que se encontra no prato. O escondidinho de carne cheirava a suculência, se esse aperitivo não me enchia os olhos, ou dava ânimo para comer, nada mais me faria ressuscitar o estômago — digo, na bailarina do ano?

Aquele codinome que inventaram para a Evelyn não combina com a sua fase atual. Ser a bailarina do ano, o rosto da Arte Academia ia muito além de simplesmente fazer um nome na sociedade do ballet. Engoli seco o pouco de carne moída que havia entre os dentes.

Papai me pareceu calmo, sua expressão não deixa esboçar nenhuma afeição ou desagrado dentro de nossa humildade interação. Sei que no fundo está insatisfeito pelo que aconteceu entre mim e meu irmão, digo, no final da noite, no final daquela festa. Se enrolou em seu roupão enquanto caminha na direção da cadeira de cabeceira da mesa de jantar.

— Não consigo parar de pensar nela — admito. Por mais ruim que seja o estado da situação, as coisas poderiam ser melhores se me abrisse com alguém em quem confio.

— Saiba que não tenho lado, Timothee. — respira fundo, antes de se acentar — entre você e Louis, os dois são meus filhos.

— Mesmo você não sendo meu pai de sangue? — recordo o ponto crucial da história, Marc nunca tinha feito acepção de pessoas durante a minha criação, sempre tive todas as regalias que um filho legítimo e primogênito seu gostaria de ter: boa estrutura familiar, pai presente, boa referência nas artes, materiais e subsídios para ser um excelente bailarino, se cheguei aonde estou, atuante no Ópera Paris, devia boa parte a ele.

 𝐀 𝐑𝐀𝐈𝐍𝐇𝐀 𝐃𝐄 𝐂𝐎𝐏𝐀𝐒 - Timothée Chalamet Onde histórias criam vida. Descubra agora