Boa leitura. 📚
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Pov Narrador (S/n pov)
S/n mal teve tempo de reagir quando Kendall avançou. O estalo do tapa ecoou pelo corredor, sua bochecha ardendo com o impacto. A dor física foi rápida, mas o choque emocional foi muito pior. Ela levou a mão ao rosto, os olhos arregalados de incredulidade. *Ela realmente fez isso?*
"Kendall..." S/n começou, mas sua voz falhou. Lágrimas brotaram em seus olhos, a raiva e a mágoa misturando-se em um redemoinho dentro dela. Sem pensar duas vezes, ela virou nos calcanhares e correu, os olhos nublados enquanto atravessava a porta, ignorando os gritos de Kendall ao longe.
A noite estava fria e o vento cortava sua pele, mas S/n continuou correndo. As ruas vazias e o silêncio ao redor eram seu único consolo enquanto tentava afastar a dor latejante em seu peito. Seus pés a levaram para longe, sem rumo, até que suas pernas começaram a fraquejar. Parou, ofegante, as lágrimas finalmente caindo.
Encostou-se a um poste, tentando recuperar o fôlego e se recompor. Mas então ouviu passos—passos firmes e determinados. Quando levantou os olhos, lá estava ela. Margot.
Margot parou a alguns metros de distância, os olhos fixos em S/n com uma mistura de preocupação e hesitação. Não havia o habitual desprezo ou frieza em sua expressão. Pelo contrário, ela parecia... vulnerável.
"O que aconteceu?" A voz de Margot era baixa, cuidadosa.
S/n tentou falar, mas sua garganta estava apertada demais. Ela balançou a cabeça, tentando não desmoronar na frente dela. Mas era tarde demais. As lágrimas escorriam livremente, e ela mal conseguia respirar.
Margot se aproximou, devagar, como se estivesse com medo de assustá-la. Quando finalmente chegou perto o suficiente, estendeu a mão, hesitante, e tocou o ombro de S/n. "Você não pode ficar aqui sozinha. Vem, eu te levo para a minha casa."
S/n estava cansada demais para protestar. Ela apenas assentiu e deixou Margot guiá-la pelas ruas silenciosas até o apartamento dela. Cada passo era pesado, e o silêncio entre elas era espesso, mas de alguma forma, a presença de Margot trazia um conforto inesperado.
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Pov Narrador (Margot pov)
Ao chegarem ao apartamento, Margot abriu a porta e conduziu S/n para dentro. A jovem parecia esgotada, seus olhos inchados e o rosto marcado pelo tapa que Kendall havia dado. Margot sentiu algo mexer dentro de si, uma raiva que não esperava. Ela odiava ver S/n tão abatida, tão vulnerável.
"Fica aqui, eu vou pegar algo pra você," Margot disse suavemente, indo até a cozinha e voltando com um copo de água. S/n ainda estava parada no meio da sala, os braços em volta do corpo como se tentasse se proteger do mundo.
"Obrigada," S/n sussurrou, pegando o copo com mãos trêmulas.
Margot se sentou ao lado dela no sofá, o silêncio ainda preenchendo o ar, mas agora era diferente—não era mais desconfortável. Era carregado, cheio de emoções não ditas.
"Você não precisa me contar o que aconteceu," Margot começou, a voz mais suave do que ela pretendia. "Mas... se precisar falar, eu estou aqui."
S/n olhou para ela, os olhos brilhando com lágrimas que ainda ameaçavam cair. "Kendall... ela me bateu," confessou, a voz frágil, quase um sussurro.
Margot sentiu seu peito apertar de raiva. Ela sabia que havia algo errado naquela noite, mas nunca imaginou que chegaria a esse ponto. "Ela não deveria ter feito isso. Não importa o que aconteceu, ela não tinha o direito."
S/n deu um pequeno riso amargo, enxugando as lágrimas com as costas da mão. "Eu só... estou tão perdida, Margot. Tudo está uma bagunça. Eu não sei mais o que fazer."
Margot a olhou com mais atenção, seu coração batendo forte. Havia algo na forma como S/n falava, como ela se sentia tão sozinha e vulnerável, que fez Margot sentir uma necessidade profunda de protegê-la, de estar lá por ela.
"Você não está sozinha," Margot disse, a voz firme agora. Ela estendeu a mão, hesitante, e tocou a mão de S/n, seus dedos se entrelaçando. "Eu estou aqui."
S/n olhou para baixo, para suas mãos entrelaçadas, e sentiu algo novo nascer dentro dela. Uma chama, pequena, mas crescente. O toque de Margot era caloroso, reconfortante, e por um momento, o peso do mundo parecia mais leve.
"Por que você está sendo tão gentil agora?" S/n perguntou baixinho, olhando para Margot com curiosidade. "Você sempre me odiou."
Margot suspirou, lutando com suas próprias emoções. "Eu nunca te odiei," admitiu, sua voz rouca. "Eu estava tentando... esconder o que eu realmente sentia. E eu sei que fui dura com você, mas... era porque eu não queria admitir que você mexia comigo. Mais do que eu estava disposta a aceitar."
Os olhos de S/n se arregalaram, surpresa com a confissão de Margot. Ela não esperava aquilo, e de repente, o ambiente ao redor delas parecia mudar. A tensão entre elas agora era diferente—não de raiva, mas de algo mais intenso, mais palpável.
Margot olhou diretamente nos olhos de S/n, e a chama que havia começado a nascer cresceu. "Você mexe comigo, S/n. E eu acho que... não consigo mais ignorar isso."
O coração de S/n disparou. Ela sentiu o calor subir em seu corpo, as palavras de Margot ecoando em sua mente. Sem pensar, ela deu um passo mais perto, seus rostos agora a poucos centímetros de distância.
"Eu também sinto isso," S/n sussurrou, sua voz baixa e hesitante.
Margot prendeu a respiração, seu coração batendo forte no peito. O momento parecia suspenso no ar, como se o tempo tivesse parado. E então, lentamente, ela se inclinou, seus lábios encontrando os de S/n em um beijo suave, mas cheio de uma intensidade reprimida por tanto tempo.
Foi um beijo lento, cheio de sentimentos que ambas haviam evitado por meses. Quando se afastaram, ambas estavam ofegantes, os olhos fixos uma na outra.
"Isso é real?" S/n perguntou, quase sem acreditar.
Margot sorriu levemente, sua mão ainda entrelaçada com a de S/n. "Sim, é real. E acho que está apenas começando."
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Agora desmorona tudo👋🏽.