Margot’s pov
As luzes do avião piscavam suavemente enquanto a aeronave se preparava para decolar. Eu me sentia perdida, observando pela janela enquanto a distância entre mim e S/n aumentava a cada segundo. O coração apertado, minha respiração pesada. Tudo parecia um borrão — a paisagem, as pessoas ao meu redor, as palavras que troquei com ela antes de ir embora. Não havia nada que eu pudesse fazer para desfazer o caos que eu mesma havia causado.
Minha mão repousava sobre meu ventre, e um misto de medo e esperança crescia dentro de mim. Eu nunca imaginei que estaria nessa posição. Nunca pensei que o amor me levaria a um lugar tão solitário. Fechei os olhos, tentando conter as lágrimas que insistiam em cair, mas era impossível. S/n estava longe de mim, e o futuro parecia assustadoramente incerto.
Quando meu celular vibrou, eu o peguei com a mão trêmula. Era ele. A última pessoa que eu queria falar agora, mas talvez a única que precisava ouvir a verdade.
_"Margot, onde você está?"_ A voz dele soava preocupada, talvez até arrependida. _"Por favor, eu sei que errei, mas precisamos conversar."_
Eu inspirei profundamente, as palavras presas na garganta, tentando manter a calma. Sabia que não poderia mais fugir da realidade.
_"Estou indo para Nova York,"_ respondi, minha voz baixa, carregada de tristeza. _"Eu... eu estou grávida."_
O silêncio que se seguiu foi sufocante. Eu quase podia sentir o choque do outro lado da linha. Ele demorou alguns segundos antes de responder, e quando o fez, a voz dele estava embargada de emoção.
_"Grávida? Margot... meu Deus, eu... eu não sabia."_ Sua voz falhou, e logo percebi que ele estava chorando. _"Eu nunca quis que as coisas chegassem a esse ponto. Por favor, me perdoe por tudo que eu fiz. Eu fui um idiota, eu sei disso. Mas agora... agora temos um filho a caminho. Deixe-me fazer parte disso. Por favor, me deixe corrigir os erros que cometi."_
As palavras dele eram como facas, cortando profundamente. Eu sabia que ele estava arrependido, mas também sabia que isso não mudaria o que havia acontecido. A dor que ele me causou não podia ser desfeita, e eu não podia permitir que ele voltasse para a minha vida.
_"Você não vai chegar perto de mim, e nem do nosso filho,"_ respondi, tentando manter minha voz firme, embora meu coração estivesse despedaçado. _"Eu vou ter essa criança, mas você não terá parte na vida dela. Eu não posso confiar em você, não depois de tudo. Você teve sua chance e a jogou fora. Agora, o que eu preciso é proteger esse bebê do caos que você trouxe para minha vida."_
Ele soluçou do outro lado da linha, e a dor em sua voz era quase palpável. _"Margot, por favor, não faça isso. Eu posso mudar. Eu vou ser diferente, eu juro!"_
_"Já é tarde demais,"_ eu disse, sentindo o peso final de minhas palavras enquanto as lágrimas rolavam livremente pelo meu rosto. _"Nós estamos em caminhos diferentes agora. Esse bebê vai ser minha prioridade, e você não faz parte desse futuro."_
Desliguei o telefone, sem ter mais o que dizer. O avião decolou, e enquanto as luzes da cidade abaixo desapareciam no horizonte, eu chorei em silêncio. Chorei pelo passado, por S/n, e por esse futuro incerto que eu estava prestes a enfrentar sozinha.
Mas uma coisa era certa: eu faria de tudo para proteger meu filho, e ninguém — nem mesmo ele — iria interferir nisso.
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