Margot's pov.
Eu estava no sofá, a luz do apartamento escurecendo à medida que o sol se punha lá fora. A sala, antes um lugar confortável, agora parecia vazia e fria. Estava imóvel, perdida em pensamentos, enquanto as palavras que troquei com S/n ecoavam na minha mente como um disco arranhado. O coração doía, uma dor que parecia latejar dentro do peito, como se eu não fosse capaz de respirar fundo sem que aquilo machucasse ainda mais.
Foi quando ouvi o barulho suave de chaves na porta e o som de passos leves entrando. Levantei o olhar, e lá estavam elas: Adele, com uma expressão preocupada, e Lizzie, minha filha, segurando sua mão. Assim que Lizzie me viu, seus olhinhos brilharam com uma mistura de carinho e preocupação infantil, aquela que ela só mostrava quando percebia que eu não estava bem.
"Você está bem, mamãe?" Lizzie perguntou, sua voz suave, como se ela estivesse com medo de quebrar algo.
Antes que eu pudesse responder, ela largou a mão de Adele e correu até mim, seus bracinhos esticados. Assim que ela se aproximou, eu a envolvi num abraço apertado, afundando o rosto em seu ombro pequeno e delicado. Senti o perfume doce de seu cabelo, e aquele simples gesto já parecia me dar um respiro em meio ao caos que havia dentro de mim.
"Mamãe..." ela sussurrou, enquanto suas pequenas mãos acariciavam meu cabelo. "Por que você está chorando?"
Respirei fundo, tentando me recompor, mas as lágrimas ainda deslizavam silenciosamente pelo meu rosto. Segurei o rostinho dela entre as mãos, observando os olhos que eram uma versão menor dos meus. "Oh, meu amor... é só que... às vezes as coisas são difíceis. Mas eu estou melhor agora, porque você está aqui."
Lizzie inclinou a cabeça, confusa, mas com um carinho tão puro que meu coração se apertou. "Eu não gosto de ver você triste, mamãe. Eu te amo," ela disse, num tom tão sério que parecia adulto. Então, sem aviso, deu-me um beijo leve na testa, com aquele toque suave e inocente que só uma criança tem. "Pronto, eu fiz passar?"
Meu coração pareceu se aquecer por dentro, mesmo em meio à dor. Eu sorri para ela, tocando seu rosto. "Sim, amor. Você é minha garotinha mágica." Acariciei seu cabelo, sentindo que ela realmente acreditava que, com aquele beijo, todo o peso poderia desaparecer.
Adele, que estava observando tudo, aproximou-se e se sentou ao meu lado no sofá. Ela colocou uma das mãos sobre o meu ombro, seu toque firme e acolhedor, o tipo de gesto silencioso que traz uma tranquilidade inesperada. Ela não disse nada por um momento, apenas ficou ali, nos observando em silêncio, e percebi que ela sabia exatamente o que fazer para que eu não me sentisse sozinha.
"Margot," ela começou, em um tom de voz baixo, mas cheio de força, "eu sei que isso parece insuportável agora. Eu sei que você acreditou na S/n, que achou que estava segura com ela, mas... as coisas não acabam aqui. Olhe ao seu redor." Ela apertou meu ombro. "Você ainda tem a gente. Eu e Lizzie estamos aqui. E estamos prontos para te ajudar a superar isso, por mais difícil que pareça."
Senti um nó na garganta, apertando os olhos para conter mais lágrimas. Adele segurou minha mão, e eu me senti, pela primeira vez em dias, um pouco mais forte. E ali estava Lizzie, com seu rostinho encostado no meu peito, sua mãozinha acariciando minha bochecha como se tentasse me proteger.
"Você não precisa enfrentar tudo isso sozinha," Adele continuou, sua voz suave. "E, mesmo que pareça impossível agora, o tempo vai te ajudar a ver isso de outra forma. Enquanto isso, eu e Lizzie vamos estar ao seu lado, cuidando de você."
Lizzie parecia entender parte do que Adele dizia, e se aninhou ainda mais em meu colo. "Eu cuido de você, mamãe," ela disse com convicção, olhando para mim com aqueles olhos brilhantes, sinceros. "A gente pode fazer você feliz de novo?"
Eu passei a mão pelo rostinho dela, deixando as lágrimas finalmente escaparem sem tentar contê-las. "Vocês já estão fazendo isso, minha pequenina." Olhei para Adele, e dei-lhe um sorriso suave, agradecida. "Eu não sei o que faria sem vocês duas."
Adele acariciou meu rosto, seu olhar cheio de compreensão. "Então, respire, Margot. Deixe-se sentir. Chore se precisar, mas não se esqueça de que estamos aqui com você, e que vamos passar por tudo isso juntas."
Sentindo-me finalmente um pouco mais leve, beijei o topo da cabeça de Lizzie e depois encostei minha testa no ombro de Adele. Era um consolo ter esse apoio ao meu lado, pessoas que realmente se importavam. Enquanto Lizzie acariciava minha mão e Adele permanecia ali ao meu lado, percebi que, mesmo em meio à escuridão e à dor, havia um fio de esperança. Eu podia enfrentar qualquer coisa, desde que tivesse aquelas duas ao meu lado.