S/n pov.
Enquanto eu segurava a mão de Margot, o calor da sua pele me confortava e, ao mesmo tempo, me lembrava de tudo que perdemos. Nossos olhares se encontraram, e a intensidade do momento parecia suspender o tempo ao nosso redor. "Margot, eu sinto muito por ter ido embora," eu disse, a sinceridade transbordando em minha voz trêmula. "Nunca quis te deixar assim. Fui egoísta e imatura."
A hesitação no olhar de Margot era como uma faca, cortando mais fundo do que eu esperava. Eu podia ver as emoções conflitantes em seu rosto: dor, raiva, mas também uma centelha de esperança. "Você não entende, S/n," ela começou, sua voz baixa e tremida. "A ferida ainda dói. Lizzie é... ela é o que sobrou de mim." Margot fez uma pausa, engolindo em seco. "Ela é fruto do abuso que eu sofri de Henry, meu ex-companheiro."
Aquelas palavras foram como um soco no estômago. Eu não sabia que Margot tinha passado por algo tão horrível. O peso do que ela estava me dizendo desabou sobre mim. "Quando eu fui para o Brasil," ela continuou, as lágrimas começando a brilhar em seus olhos, "era para encontrar você e lhe contar tudo. Eu precisava de você, mas você me deixou."
A culpa me consumia, e as lágrimas começaram a escorregar pelo meu rosto. "Desculpe," murmurei, a voz entrecortada pela emoção. "Sinto muito por tudo o que você passou. Nunca quis te machucar." Meu coração estava pesado, e eu desejava poder voltar no tempo, mudar tudo.
Margot olhou para mim, e havia uma fragilidade em sua expressão que me fez querer protegê-la de todo o mal que a atingiu. A angústia em seu olhar fez meu peito apertar. "Eu... eu posso te perdoar," ela disse, sua voz suave, mas cheia de dor. "Eu só não posso esquecer."
Aquelas palavras me fizeram sentir uma mistura de alívio e desespero. Era difícil ouvir que eu ainda era a responsável pela dor dela. Então, sem pensar duas vezes, inclinei-me e a beijei. Era um beijo cheio de saudade, de desespero e de promessas não ditas. As lágrimas que corriam pelo meu rosto se misturaram com a intensidade do momento. Margot, surpreendentemente, respondeu ao beijo, seus lábios se movendo suavemente contra os meus, como se eles pudessem curar as feridas que ambas carregávamos.
O mundo ao nosso redor desapareceu, e, por um instante, éramos apenas nós duas, envolvidas em um espaço seguro onde nada mais importava. Foi quando, subitamente, a porta do banheiro se abriu, e Kris Jenner entrou com Lizzie em seus braços. O choque estampado no rosto dela foi inestimável.
"Lizzie queria usar o banheiro," Kris disse, a voz tensa e o olhar confuso, "eu não sabia que vocês estavam aqui... e, bem, em um momento tão íntimo."
A expressão de Kris estava tão vermelha que eu pensei que ela poderia explodir de vergonha. Lizzie, no entanto, começou a rir descontroladamente, suas risadinhas preenchendo o espaço como música. "Mamãe, por que você está vermelha?" ela perguntou, divertida. Sua inocência era tão refrescante que não pude deixar de rir também.
A tensão no ar se dissipou, e logo todas nós estávamos rindo, incluindo Kris, que, embora ainda envergonhada, começou a relaxar. A situação era hilária e estranhamente reconfortante. Em meio à risada, eu percebi que ainda havia esperança para nós — uma chance de reconstruir o que havia sido perdido.
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