Nosso Último Verão, jikook

- libertação

(Reproduzam a mídia acima ☝🏻)

Durante toda a minha vida, eu busquei pela aceitação do meu pai, em uma tentativa constante de corresponder as expectativas dele. E isso tudo me levou a abrir mão de uma parte da minha própria identidade e moldar-me a quem ele desejava que eu fosse.

A verdade é que os filhos são seres únicos, com desejos e caminhos próprios. E eu não poderia mais abrir mão da minha própria identidade para suprir as expectativas do meu pai.

Meus pensamentos estão desenfreados, presos em um fluxo constante e incontroláveis de lembranças, prejudicando a minha concentração no volante. Sinto o meu coração bater mais forte junto a minha respiração rápida, aumentando a sensação de falta de ar.

Eu procuro me concentrar no agora, na minha respiração, e principalmente, no volante. Jimin está me esperando e isso parece dar a minha mente um descanso — mesmo que mínimo.

O sinal vermelho aceso faz com que meu pé pise forte no freio e meu corpo é jogado levemente para frente. Eu fecho os meus olhos com força e apoio minha testa no volante, respirando com dificuldade.

Nossas escolhas moldam o nosso caminho. Escolher envolve, muitas das vezes, deixar algo para trás ou abrir mão de uma possibilidade. Escolhas erradas trazem consequências irreparáveis, o desejo de agradar os outros pode pesar em nossa decisão.

E foi exatamente isso que aconteceu naquela casa de praia. Porém, é com as escolhas que temos a oportunidade de crescer e de aprender, seja com os erros ou acertos. Mesmo que eu não tenha controle sobre tudo ao meu redor, há coragem e autonomia na minha escolha. E sinto que, se tenho Jimin, juntos podemos enfrentar tudo e todos.

Sou tirado dos meus pensamentos com o barulho alto de buzinas de carro, ao olhar para o retrovisor, há diversos carros atrás de mim e muitos motoristas xingando a minha demora a prosseguir — visto que, o sinal já se encontra verde.

Eu respiro e expiro o ar devagar, voltando a dirigir e dando um fim a toda essa turbulência.

Quando finalmente chego em frente ao escritório Park, eu avisto Jimin na calçada — vestido formalmente e com uma maleta em mãos. Parece absurdo, mas toda tensão que há em meu corpo se esvai lentamente somente ao vê-lo, é um conforto difícil de explicar em palavras.

O loiro parece reconhecer o meu carro, pois caminha em minha direção. Eu abaixo o vidro e finalmente nossos olhos se encontram. É como um encontro de almas, uma conexão que transcende as palavras.

É como estar em casa.

Meus olhos tornam-se a ficarem úmidos, tudo parece fazer sentido com Jimin. De alguma forma, ele ilumina o meu mundo.

Ele abre a porta do veículo, senta-se no banco de passageiro e então olha dentro dos meus olhos. Seus traços faciais estão suaves, e antes que eu volte a chorar, Jimin me envolve em um abraço forte e aconchegante.

Um pouco desajeitado pela minha posição, eu envolvo meus braços em sua cintura; em deleite com o seu perfume adocicado.

E não há como impedir o meu choro. Eu me sinto cansado e, ao mesmo tempo, aliviado. É como se meu corpo houvesse encontrado uma maneira de soltar tudo o que foi acumulado durante todos esses anos.

— Eu estou com você, gatinho. — Jimin diz em um sussurro, bem próximo ao meu ouvido. Sua voz me trás paz, me acolhe e me liberta.