Capítulo 28 - A superior e a subordinada

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Acordei assustada com o alarme do telefone de A-Neng. A garota havia tomado banho e vestia o uniforme universitário. Ela se apressou em desligar o alarme e sorriu se desculpando.

- Sinto muito Tia Nueng

- Tudo bem. Vai para a Universidade? - Me Deitei de bruços, nua, debaixo do cobertor. Virei de lado e olhei pra ela enquanto fazia uma pergunta muito óbvia.

- Sim. Quero ficar com você, mas tenho prova hoje. Volto logo - A-Nueng afastou carinhosamente os cabelos da minha bochecha enquanto se inclinava na beira da cama. - Vou pensar em você o dia todo.

- Pode ir embora. Estou bem.

-Estarei bem... - A-Nueng pediu ternura. Foi a primeira vez que sorri nesse momento difícil.

- Se apresse. Vou me levantar em um momento.

- Você vai ao funeral hoje?

...

Fiquei em silêncio porque não tinha certeza do que fazer.

- Estou com os olhos inchados?

- Um pouco.

- Então eu não irei. Não quero que as pessoas sintam pena de mim. - Olhei para a filha da minha amiga e soltei uma risada fraca. - Eu não quero que eles me olhem do jeito que você me olha agora.

- Não estou olhando pra você com pena.

- Então o que você está fazendo?

- Estou olhando pra você com amor.

Apertei os lábios e cobri o rosto com o travesseiro antes de me despedir.

- Vá para a aula agora

- Está bem. Eu te amo.

A-Nueng foi muito consistente. Ela disse que me ama todos os dias, como se fosse sua rotina diária. Era como comer, escovar os dentes ou tomar banho. Nos cinco minutos seguintes à saída da garota, me levantei, tomei banho e me vesti e então deitei na cama novamente. E quando fiquei sozinha, minha tristeza voltou.

Por que foi tão doloroso?

O telefone tocou ao lado da minha cama. Fui buscá-lo e vi que Sam estava me ligando. Minha irmã disse que estava esperando lá embaixo e ainda parecia triste.

- Eu vou descer.

Depois disso, fui até ela. O carro amarelo importado de Sam estava estacionado em frente ao prédio. Assim que me acomodei no banco do passageiro dianteiro do veículo com ar-condicionado, minha linda irmã, que tinha os olhos inchados, começou a contar como era difícil pra ela passar a noite. Depois disso, ela se vira para olhar pra mim e falar com a voz trêmula.

- Sinto muito.

- Porque?

- Ontem fui irracional. Esqueci que quando você está muito feliz significa que você se sente muito mal. Ninguém pode te entender, mas sou sua única família agora. Eu deveria entender você mais do que ninguém.

Não disse nada. Simplesmente coloquei minha mão em sua cabeça, com adoração e compreensão.

- Ontem fiquei muito chateada.

- Restam apenas nós duas.

- Uhum.

- Eu te amo. - Sam estendeu a mão para agarrar minha coxa. - Não vamos brigar.

- Eu nem penso em brigar com alguém tão confuso quanto você, pequena. Porque não sei se você entenderia o que eu digo quando te ataco.

Sorrimos fracamente uma para a outra. A dor da morte da nossa avó superou a diversão das nossas provocações.

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