11. No capô do carro Mike?

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Despertei com o telemóvel a vibrar na mesinha de cabeceira e para minha infelicidade separei-me dos braços de Michael esticando-me na cama para alcançar o objecto vibrante.


"Desliga isso Hope" Michael reclamou puxando-me pela anca numa tentativa de me manter próxima a ele.


No visor do meu telemóvel estavam algumas chamadas perdidas de Calum e Joanne, e uma mensagem de Joanne decidi abrir esta visto que era recente.


"Eu salvei-te, dei a ideia de irmos jantar fora, estamos a chegar a casa espero que já tenham acabado"


Ri e assim que voltei a pousar o telemóvel ouvi as gargalhadas deles a invadirem a casa, e tinha a certeza que pelo menos a Tara já não estava sóbria.


"Finge que dormes, assim depois deles saírem temos mais tempo" Sugeriu ele e eu assenti voltando a envolver-me nos seus braços.


Em menos de três minutos a porta havia sido aberta pelos rapazes e acho que Joanne e Tara estavam com eles também.


"Vamos deixa-los, eles estão a dormir" Ashton riu docemente tentando fazer com que eles saíssem do quarto.


"Eles fingem é muito bem, não é?" Calum riu sentando-me em cima das nossas pernas, dei o meu melhor para não rir mas era muito complicado.


"Sai. Daqui. Agora" Michael murmurou para Calum e este partiu-se a rir, literalmente.


"Foi bom? É o que se quer" Levantou-se ainda perdido de riso indo em direção a porta. "Se quiserem comer, mais alguma coisa, há lasanha feita pela Joanne no forno." Informou abandonando o quarto e assumi que já fossem todos deitar-se.


"Tens fome?" Questionei vestido a camisa de flanela de Michael.


"Já comi o que queria" Riu deixando-me com uma expressão chocada ao seu comentário.


"És um idiota Clifford, e nem te atrevas a dizer que és o meu idiota" Apontei-lhe o indicador deixando-o sozinho no quarto, eu tinha fome e eu queria comer a comida de Joanne pois era idêntica a da minha mãe.


Pouco tempo depois Michael já se encontrava do meu lado, tentando retirar-me a comida das mãos.


"Fugias comigo agora?" Perguntou de boca cheia fazendo-me rir, estes momentos compensavam tudo de mau que a vida podia oferecer.


"Não sei, é uma proposta tentadora"


"Fugir por umas horas, simplesmente conduzir pela noite sem destino apenas ir com o vento a bater nas nossas caras." Michael falou entrelaçando os seus dedos nos meus aquecendo a minha mão.


"Toma as chaves, convenceste-me com a ideia do vento" Ele riu das minhas palavras e apanhou a chave do carro que estava perto de mim.

A brisa do vento fazia os meus cabelos esvoaçarem e farta de os ter à frente dos olhos decidi apanhar-los num rabo de cavalo. A mão de Michael estava pousada sobre a minha coxa e o seu polegar acariciava a minha pele exposta deixando-me relaxada e talvez com algum sono.

Eu sabia para onde ele estava a ir, para a ravina na praia onde nos conhecemos, na festa de aniversário de Ashton a um ano atrás. Aconteceram tantas coisas apenas neste espaço de tempo que parece que se passaram anos. Mas nunca pensei que as coisas estivessem como estão agora, fiz coisas que prometi nunca fazer e tudo mudou. Eu mudei, encontrei em Mike um ponto de abrigo como se ele retirasse toda a dor que há em mim, funcionava como um analgético.

"Quase te ouço pensar Hope" Michael riu entrando no descampado da ravina, este sítio era tão belo, tão único que não entendo o porque de nunca ninguém estar aqui.

"Estava apenas a pensar na maneira de como tudo mudou" Suspirei observando as estrelas enquanto Michael parava o carro.

Penso que ele sentiu o que quis dizer, e que também ficou a pensar nas minhas palavras pois apenas pequenos suspiros escavam dos seus lábios enquanto eu descansava a minha cabeça no seu peito, os seus braços abraçavam o meu corpo aquecendo-me e as nossas pernas caiam do capô do carro.

Ganhei coragem suficiente depois de ouvir os batimentos cardíacos dele que pareciam uma melódia melancólica e encarei-o sentando-me do lado dele, apenas os nossos ombros se tocavam.

"Sabes quando estás a conduzir e está a chover torrencialmente, e passas por baixo de uma ponte e tudo para? Fica tudo silencioso quase como se a paz começasse a reinar, como se tudo desaparecesse, mas nada dura para sempre e a chuva continua e vais ter de passar por ela novamente e quando o fazes parece que a chuva bate com mais intensidade nos vidros parece que dói mais do que nunca." Michael ouvia-me com atenção com uma expressão concentrada, conseguia observa-lo pelo canto do olho e novamente descansava a sua mão na minha coxa. "Michael eu só quero que saibas que eras a minha ponte" Suspirei limpando rapidamente alguns vestígios de lágrimas.

Podíamos estar bem agora, mas ele ia voltar a beber eu sabia. Ia voltar a lembrar-me o meu pai, ia voltar a fazer-me chorar. E sei que infelizmente estes momentos em que trocamos palavras inocentes no fim do dia criam um oceano de mentiras e ilusões. Mas eu não o podia culpar por ele não saber amar, por nunca se ter apaixonado. Por apenas e por apenas prazer de deitar com variadas raparigas. Apesar de tudo eu sabia que Michael não era aquela pedra de gelo, que havia amor dentro dele mas ele não sabia. Não sabia amar.

E seria egoísta se o culpasse por isso, porque eu mesma nunca tinha amado até ao dia em que me cruzei com os olhos verdes acinzentados ele. Eu amava tudo nele, amava o que ele odiava nele mesmo. E ele não sabia o que era amar.

"Hope..." Ambos suspiramos, não precisava de muitas palavras. "Eu sei que destruo tudo o que toco e sei também que não devia ter-te tocado mas eu mas eu não resisti tu eras simplesmente perfeita a tua inocência atraia a minha malicia e eu sei que a culpa é minha. A culpa de estares despedaçada é minha, está tudo partido o nosso amor está em cacos no chão e a culpa é minha. Talvez um dia aprenda a amar, mas por enquanto preciso de ti. Preciso de ti para me guiares no horizonte. preciso da tua mão na minha,
preciso da luz da tua alma pura para iluminar a minha. Apenas preciso de ti, não interessa o que temos e o que não temos desde que te tenha do meu lado eu terei tudo o que sempre desejei. Terei-te a ti
e terei o teu amor, o amor mais puro que já vi. Porque meu anjo mais nada importa porque por ti; eu faria tudo e mais alguma coisa. Sem medo algum de me manchar de sangue."

Palavras era algo que não tinha depois de que acabei de ouvir, os meus lábios estavam entre abertos e por muito que tentasse falar não conseguia. Mas não eram precisas palavras, lacrei os nossos lábios num beijo lento e por muito que tentasse que ele permanecesse assim Michael acaba sempre por mudar os meus planos.

As suas mãos estavam nas minhas coxas apertando-as, e eu estava no seu colo sobe a sua virilha. As minhas ancas moviam-se ao ritmo dos nossos lábios, fazendo com que Michael fincasse ainda com mais força os seus dedos na minha pele provavelmente marcando-a levemente.

"No capô do carro Mike?" Murmurei perto do seu lóbulo.

HOPE » Michael CliffordOnde histórias criam vida. Descubra agora