42. Oh idiota!

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Com muito ironia podia dizer que assim que abri os olhos senti-me numa manhã de ressaca. A dor na minha cabeça fez-me querer morrer por alguns segundos. A dor no meu corpo era forte e eu duvidava se conseguisse andar direito até ao fim da semana.

Rebolei por entre os lençóis na tentativa de encontrar Michael mas como a sorte não estava do meu lado apenas encontrei o outro lado da cama vazio e frio. Abracei a almofada dele e tentei voltar a dormir, falhando como ultimamente. Peguei na primeira camisa dele e vestia, apertei os seus botões e sai do quarto fazendo o caminho até a cozinha. Havia um papel na mesa, num post-it amarelo. Peguei nele e li o que nele havia escrito.


"Não tive coragem de te acordar Hope, estavas tão tranquila a dormir... Quando leres isto provavelmente não vou estar em casa, estamos no bar a ensaiar. Espero que não te consigas sentar porque as minhas costas ainda estão a latejar com os teus arranhões!"


Sorri com a letra desajeitada dele, e acabei rir um pouco alto. Coloquei num copo sumo de laranja e deixei-me apreciar o meu momento de sossego até que uma batida na porta fez-me saltar. Pousei o copo na banca e para minha surpresa vi Amy. Abri-lhe a porta dando-lhe permissão para entrar.


"Noite longa vejo.." Riu e por momentos eu corei. O meu cabelo completamente despenteado e o meu traje indicavam muito. Olhei para as minhas pernas, a camisa tapava apenas a minha roupa interior deixando assim as minhas coxas exposta. Desvanecidas ainda eram visíveis as marcas de Mike. O meu peito coberto por algumas marcas roxas fracas.


"Amy.." Bati no seu ombro sentando-me do seu lado. "O que vieste aqui fazer?"


Amy riu antes de responder tentando fazer-se de ofendida.


"Fui com o Luke para vê-los ensaiar mas eles não estavam muitos inspirados, é complicado para eles eu entendo. Eles continuaram lá mas eu vim buscar-te para irmos ver a Joanne." Explicou-se e eu imaginei a dor de Calum por não poder estar com Joanne neste momento.


"Sim, preciso só de tomar um banho rápido e de trocar de roupa!" Levantei-me e rapidamente caminhei até ao quarto enquanto Amy se deitou no sofá vendo televisão.


Era estranho toda esta mudança. Agora a casa dele era o meu lar, para mim isto ainda era apenas o apartamento do Michael e eu era só uma peça de roupa esquecida. Era estranho dizer que agora isto também era a minha casa. Era assustador o quão bem me sentia aqui do lado dele.


Pensava enquanto a água limpava o meu corpo, ensaboei o cabelo rapidamente e no fim envolvi o meu corpo numa tolha gritando para Amy que já tinha tomado banho. Escolhi uma camisa lavada de Michael para passar o dia no hospital era mais prático e o dia estava frio por isso flanela era ideal para manter-me quente com um par de converse pretas velhas.

"Pronta!" Gritei assustando Amy que já quase dormia no sofá.

Fizemos o caminho até ao hospital silenciosamente. Assim que chegamos Joanne sorriu e ajeitou-se na cama com alguma dificuldade.

"Obrigada por estarem comigo.." Tentou sorrir.

"Tenho uma coisa para ti!" Ri entregando-lhe o pacote das suas bolachas favoritas.

"O que seria de mim sem a Hope"

[...]

"Como está a Joanne?" Atacaram-me com perguntas assim que adentrei o bar. Calum agarrou os meus ombros perguntando por Joanne desesperadamente.

"A melhorar, em princípio no fim da próxima semana já lhe dão alta" Expliquei e Calum voltou com a sua expressão triste. "Calum, hoje é sexta é só mais uma semana" Tentei anima-lo.

A medida que o tempo passava o bar cada vez ficava mais cheio, era sempre assim quando eles atuavam aqui. Por muitos incidentes que acontecessem as pessoas gostavam deles e era por isso que o gerente não os mandava embora porque rendia dinheiro para ambos.

Hoje era apenas eu e os rapazes, nem Amy nem Tara vieram. Mas eu havia feito uma promessa com Michael em que eu viria sempre vê-los. Luke ficava sempre nervoso antes de começarem Ashton irritava-se sempre com alguma coisa simples e Calum hoje não queria estar aqui já Michael estava no canto dele. As pessoas viam que algo estava mal mas ninguém falava.

Assim que os primeiro acordes do solo de Mike começaram sorri-lhe, ele era de facto talentoso. Levantei-me da mesa deles para ir buscar mais uma bebida, atravessar o mar de pessoas foi complicado mas assim que consegui mais um pouco de alguma substância líquida sem álcool agradeci a deus pela minha missão. Fiquei onde estava encostada ao balcão, eles estavam frustrados, quase violentos. Calum não cantava docemente e quase arrancava as cordas do baixo Michael não lhe ficava atrás e a todas as batidas eu pensava que Ashton fosse partir a bateria Luke agarrava o microfone com tanta força que por pouco não o partia. Mas mesmo assim eram fantásticos.

Estava demasiado atenta aos meus pensamentos e só quando senti a respiração de um estranho no meu pescoço e um toque nas minhas ancas que não era o de Mike me apercebi que estava em sarilhos.

"Larga-me!" Gritei sobre a música tentando soltar-me.

"Então princesa, calma" Riu secamente afastando o cabelo do meu pescoço. Debati-me mas não tinha força.

"Por favor larga-me.." Tentei novamente desistir. "Eu tenho alguém." Com muita dificuldade tentei apontar para Michael mas falhei porque o estranho agarrava o meus braços.

"Aposto que ele não se importa de partilhar.." Apertou a minha cintura, não como Michael, apertou a minha cintura magoando-me.

"Oh idiota!" A música parou e um último acorde foi ouvido, estridente. Puta que pariu. "Sou eu o namorado dela! É melhor afastares-te dela antes que eu desça daqui e acabe com a tua existência" A voz de Mike era rouca e neste momento as minhas bochechas estavam tão vermelhas que eu sentia-as a queimar. "Ela é a minha miúda entendes? Agora desaparece!"

Luke começou a tentar abafar o que se tinha passado por dizer algumas piadas e quando todos se esqueceram eles acabaram o que deixaram a meio.

O olhar de Michael queimava em mim, quase como se estivesse fixo na minha pessoa. Sorri-lhe levantando as mãos tentando fazer com que ele entendesse que estava tudo bem.


HOPE » Michael CliffordOnde histórias criam vida. Descubra agora