21. Todos merecemos perdão

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Um mês passou-se, tudo voltou ao normal, Michael e eu voltamos para novamente para Toronto. O meu pai prometeu entrar numa clínica de reabilitação e a minha mãe prometeu dar-lhe apoio por mim enquanto acabava o último ano da faculdade.

Pela primeira vez um muito tempo parecia tudo estar a dar certo, com a Tara com a Joanne eu e o Michael. Era estranho estar tudo bem, não haver problemas era deveras algo estranho. Mas era tão bom adormecer e acordar sem um aperto no peito.

"Ouviste alguma coisa que eu disse?" Joanne disse nervosa.

"Não" Ri encarando-a enquanto pousava a minha tentativa de salada.


"Deixa eu faço" Tara disse ainda com receio de falar, apesar o ambiente estar a começar a ficar bem entre nós Joanne não perdoava facilmente.


"Diz o que estavas a dizer" Empurrei o seu ombro devagar enquanto caminhava até ao quarto.


"Aqui não, não vês que não há portas apenas paredes finas" Indignada e a gritar em sussurros Joanne puxou-me para o pequeno quarto de banho fechando a porta atrás de si.


Entreguei-lhe as duas embalagens que continham o teste de gravidez. As mãos de Joanne tremiam e a sua testa continha pequenas gotas de suor.


"Tem calma Joanne, por favor ainda te sentes mal" Tentei permanecer tranquila para não a deixar nervosa.


Depois de Joanne fazer ambos os testes, colocou um temporizador com o tempo que indicava na caixa. Acho que foram os minutos mais longos da vida dela, pois Joanne literalmente comeu as unhas dela. Assim que o baixo beep se ouviu a mesma pegou num teste e de olhos fechados virou-o para si. Depois de uma contagem decrescente mental abriu-os e viu o resultado, os olhos de Joanne encheram-se rapidamente de lágrimas um suspiro alto escapou-lhe e eu tive a confirmação que era real neste momento.


"Dois traços, grávida" Abracei-a como se o mundo fosse acabar, ela parecia triste e com medo de contar a Calum a novidade, mas eu sabia que ela não precisava de ficar assim, ele com certeza iria ficar assustado com a ideia de ser pai mas ia amar pois Calum sempre disse sem medo e sem vergonha que queria ser pai e que queria sê-lo ao lado de Joanne.


"Quando pensas contar ao Calum?" Questionei assim que quebramos o abraço, Joanne rapidamente limpou as lágrimas e guardou os testes no bolso traseiro das suas calças.


"Talvez este fim de semana, o Calum gostava que o passamos fora. Fazemos três anos de namoro."


Assenti, Joanne saiu primeiro que eu do quarto de banho. Na porta encontramos Tara com uma expressão surpreendida.


"Não foi por mal, eu ouvi alguém a chorar e vim ver" Levantou os braços. "Felicidades Joanne" Sorriu tentando abraçar Joanne mas esta recusou fechando os braços de Tara.


"Não agora Tara, não depois de tudo o que aconteceu nos últimos tempos" Disse e eu senti a dor na sua voz.


"Por favor Joanne, eu sinto-me uma pessoa horrível eu acordo todos os dias com nojo do que te fiz, a ti e ao Ashton. Eu não sei onde estava com a cabeça. Eu queria ser desejada por alguém-" Joanne cortou-a rapidamente sem a deixar acabar de falar. Caminhei para a cozinha apenas para ver se nada estava queimado, os rapazes vinham cá passar a noite para jantar como nos velhos tempos.


"Por favor podemos enterrar estes problemas de uma vez e voltar a ser como dantes?" Pediu encostando-me a parede da cozinha.


"Não existem problema Hope" Disse Joanne sarcástica fazendo-me revirar os olhos. "Existe a Tara"


"Joanne eu já não sei o que fazer" Tara disse apoiando os cotovelos na ilha da cozinha escondendo a cara nas suas mãos em seguida.


"Tu traíste-me Tara, tu magoaste o Ashton. Tudo para que? Para teres umas boas noites de sexo? Para seres desejada por eles, pelos maiores idiotas da faculdade?" Joanne falava quase a gritar, já quase que chorava. Eu conhecias, sabia que estavam mortinhas para resolver isto para se abraçarem mas o orgulho não permitia.


"Parem de ser assim orgulhosas. Só temos esta vida e não sabemos o que pode acontecer amanhã, não sabemos qual será o nosso último segundo ou a nossa última despedida então parem de ser assim" Falei séria sentindo um forte nó apoderar-se da minha garganta. "Todos nós erramos uma vez na vida e todos merecermos perdoar assim como merecemos o perdão"


Tara e Joanne olharam-se rapidamente com um olhar que falou mais que mil palavras.


"Eu não tenho ninguém, eu tenho vivido os últimos vezes sozinha por completo, não tenho mais o Ashton do meu lado e parece que todos me odeiam. Eu só quero acabar com isto de uma vez por todas" Tara chorava enquanto falava, como uma flecha Joanne atravessou a ilha e abraçou-a com força.


"Não digas disparates ninguém te odeia Tara, nós estávamos apenas muito magoados com tudo o que aconteceu mas a Hope tem razão" Joanne disse afundada no ombro de Tara.


"Felicidades Joanne" Tara disse fazendo uma pequena e delicada festa na barriga de Joanne e nessa altura eu já chorava muito por isso decidi abraça-las.


"E o grupo está reunido novamente" Ri assim que ouvi o som da campainha e os risos deles.


Sem Joanne se aperceber retirei-lhe o teste do bolso e coloquei-o na minha carteira rapidamente. Os rapazes entraram como se a casa fosse deles, Luke vinha com Amy de mãos dadas o que me fez sorrir muito assim que os cumprimentei.


"Sejam bem vindos pombinhos" Ri abraçando Amy assim que fechei a porta atrás deles.


Calum abraçou Joanne levantando-a um pouco do chão beijando-a em seguida, como se ele soubesse. Ashton cumprimentou Tara de forma estranha, era um relacionamento agridoce. Os braços de Michael rodearam a minha cintura e antes que pudesse reclamar os seus lábios impediram-me de falar beijando-me.


"Arranjem um quarto seus nojentos" Disse Luke atirando uma almofada.


"Estás aqui a menos de cinco minutos e já estás a desarrumar Luke" Ri atirando-lhe a almofada de volta.


Ashton e Calum fizeram questão de acabar o jantar e Joanne ficou a vigiar para que não queimassem nada ou não estragassem o que já estava feito. Michael estava estendido no chão com a cabeça deitada no meu colo enquanto procurava algo para vermos depois do jantar. Já Luke tinha Amy no seu colo e segredava-lhe coisas ao ouvido fazendo-a rir docemente acariciando cara de Luke. Tara observava a televisão dando opiniões sobre os filmes de Michael mostrava.


Observei-os a todos, atentamente sem nenhum deles sentir que os olhava. Sorri para mim mesma sentindo-me em casa.


HOPE » Michael CliffordOnde histórias criam vida. Descubra agora