35. Vampiro saído do Twilight com cabelo colorido

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MICHAEL

Sempre que fechava os olhos na tentativa de adormecer, era assombrado pela imagem de Hope na varanda à chuva e quando esta se deixou escorrer pela parede. Nos meus braços mesmo depois de tudo ela dormia, a sua expressão era de cortar o coração. Hope dormia afundada no meu peito e mesmo com a pouca luz eu conseguia ver as lágrimas secas na sua cara. Os seus lábios inchados e vermelhos e a maneira como tremia a sonhar. Beijei a sua testa e apertei o seu corpo contra o meu, continuava gelada e eu desesperei por dentro um pouco.

"Está tudo bem Hope, eu estou aqui é só um sonho.." Sussurrei beijando o topo da sua cabeça, o seu cabelo mesmo ainda molhado com a água da chuva cheira a brisa do mar o cheiro do seu shampoo. Hope tremeu mais e eu abracei o seu corpo com toda a minha força tentando não a magoar. "Ninguém te vai fazer mal anjo" Beijei a sua têmpora onde ainda era visível a cicatriz do copo.

"Não...Me...Magoes...Mais...Por F-favor" Hope gemia enquanto dormia e eu já não sabia o que fazer. Sabia que os seus pesadelos eram frequentes e também sabia o quão reais eram. Ela devia estar apavorada.

Abanei-a com força e assim que me viu, que despertou abraçou a minha cintura surpreendendo-me. As suas pernas perfeitamente entrelaçadas nas minhas e os seus braços como por ironia do destino descansavam perfeitamente no topo do meu corpo. Quase como se esta junção fosse feita por anjos.

"Já passou, não temas. Ninguém te faz mal comigo aqui bebé dorme" Disse sentindo a rouquidão de noites mal dormidas apoderar-se da minha voz.

Em menos de cinco minutos Hope já dormia outra vez. Isto era cansativo para ela eu sabia disso. Toda esta dor, podia durar cinco minutos de uma discussão mas os dias seguintes deixavam-na tão mal que doía ver.

[...]

Desisti de tentar dormir quando vi o primeiro raio de sol iluminar a cara de Hope. Levantei-me lentamente da cama para não acordar o pequeno anjo que dormia encolhido na cama. Beijei a sua bochecha e ajeitei os cobertores mantendo-a sempre quente.

Involuntariamente a minha mente era atacada por recordações do passado. Eu tentava manter-me forte mas não estava a conseguir mais. Lutava por Hope para parar. Lutava por mim. Mas eu não tinha mais força, sentia-me fraco. A minha cabeça doía e os meus olhos estavam cansados. Queria desistir e afundar-me outra vez em álcool queria queimar a garganta novamente com bebidas das quais eu não sabia o nome. Estava a delirar mas sempre que olhava para Hope a dor mais forte que toda a vontade de beber. A minha menina, o meu anjo. A minha âncora. Ela não merece passar por isto novamente.

"Estavas tão bonita quando te vi pela primeira vez. Foi como se tudo parasse e apenas te visse a ti. Eras tão bela tão angelical, tinhas de ser minha.." Sussurrei para mim sentando-me do lado de Hope, esta por sua vez deitou a sua cabeça na minha coxa ainda a dormir.

7 - 7 - 2014

As estrelas brilhavam com tanta intensidade que parecia que gritavam os seus segredos aos mortais da terra. Ashton hoje contemplava 20 anos. Todos viemos a ravina da praia perto da faculdade festejar o aniversário dele. Estava tanta gente aqui, pessoas que conheciam o Ash e outras que apenas vinham para aproveitar o clima e a bebida.

Vi a namorada de Calum, Joanne penso, a conversar com alguém que brilhava mais que uma estrela. Ri com o meu pensamento, mas era verdade, o seu sorriso era encantador e o brilho do seu cabelo castanho com as luzes ficava num contraste perfeito. Ela era baixa, conseguia ver isso pois sentada os seus pés não tocavam no chão. O facto de ser pequena ainda a deixava mais querida.

Caminhei até Calum e puxei-o apontando para elas.

"Quem é?" Perguntei apontando para as duas raparigas.

"É a Joanne estúpido!" Riu empurrando-me.

"Não é a Joanne, a miúda que está com a Joanne!" Revirei os olhos apontando continuamente para o pequeno anjo.

"É a Hope, e ela é muito especial para a minha Joanne por isso vê o que fazes!" Disse sério puxando-me pelo colarinho da t-shirt. "Não te esqueças da Abigail"

"Deixa-me que eu sei o que faço" Ri.

No fim da festa, quando a ravina começou lentamente a ficar vazia voltei a ver Hope, que nome fora do vulgar. Um nome que condizia com ela. A sua beleza era fora do normal. Mas algo nela fez-me despertar um interesse súbito em saber mais sobre ela, saber mais do que o seu nome.

Ela estava sozinha, era um pouco perigoso. Arrastava os pés pelo chão e olhava para as estrelas, mesmo longe o vento trazia-me os seus suspiros baixos e tristes. Parecia quase que chorava. Encolhi os ombros, nada me prendia caminhei até ela e assim que me juntei perto dela a mesma olhou-me surpreendida fazendo-me sorrir mentalmente um pouco.

"A que se deve tantos suspiros?" Inquiri dando-lhe um toque com o ombro.

"Não me digas que és um daqueles vampiros saídos do Twilight que me ouviu a distância" Disse sarcástica, parecia Luke com o seu humor matinal de cão que se prolongava até a noite.

"Quase, mas não" Ri e ela sorriu um pouco encarando as suas botas novamente. "Eco, ouve-se" Expliquei.

"Sabes estranho vampiro saído do Twilight com cabelo colorido, a vida é uma merda"

"Michael, mas tu podes-me chamar Mike"

"Então Michael, devias ir para casa"

"É perigoso deixar uma donzela sozinha, podem haver lobisomens à solta esta noite" Ri apontando para a lua cheia.

HOPE » Michael CliffordOnde histórias criam vida. Descubra agora