07. Deixava-te sem andar até ao fim da semana

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"Tara! Joanne!" Chamei-as depois de vestir uma camisola de lã vermelha.


"Não grites Hope!" Tara riu, visto que era eu quem lhe dizia para não gritar. "Diz o que queres?"


"Tenho de ir a biblioteca buscar uns livros, venho já" Sorri-lhes antes de sair.


A noite estava deveras fria. Mesmo com a camisola de lã vestida batia os dentes, aprecei o passo pelos corredores destapados do campus até chegar a biblioteca. A senhora Collins cumprimentou-me docemente como sempre faz, perguntando-me como estava, respondi-lhe com um sorriso fraco. Eu não sabia descrever a minha situação, não sabia se estava feliz ou infeliz. Se estava angustiada ou magoada. Não sabia e algo em mim desesperava por não ter respostas.


Abanei a cabeça na tentativa de fazer com que estes pensamentos abandonassem a minha cabeça, eu precisava passar a este semestre. Era o último ano, e depois disto tudo iria ser diferente. Eu não me queria afastar de ninguém, muito menos das únicas pessoas que me foram extremamente próximas durante este período da minha vida.


Acho que perdi a conta do tempo em que li, tirei apontamentos e provavelmente perdi-me nos meus pensamentos. Despertei com o toque do meu telemóvel, era Joanne. Atendi a velocidade da luz.



"Tu deves estar gravemente doente, sabes que horas são?" Disse com a sua voz indignada, no fundo ouviam-se risos. Só podia Calum e os mamutes.


"Que horas são?" Ri baixo.


"São onze e meia da noite, tu saíste de casa ás nove!" Exclamou preocupada, realmente estudar tanto tempo não era algo que eu fizesse.


"Eu vou voltar para casa agora" Disse novamente num tom baixo enquanto arrumava os meus livros.


"Vamos todos jantar ao Drive-Thru do McDonalds"


"Estou cansada e sem fome" Menti, não queria ir.


"Não te estava a convidar, estava a dizer que ias, é uma ordem" Hope riu. "Vamos buscar-te" Avisou antes de desligar.



Revirei os olhos e ri, Joanne tinha uma personalidade única chegava mesmo a ser engraçada sem o querer. Fiz o caminho até a saída da biblioteca e numa questão de minutos estávamos todos no carro de Luke a caminho do drive-thru, Luke e Ashton iam nos bancos da frente demasiado entretidos a cantar e a rir, já Calum e Joanne estavam muito ocupados em demonstrar o amor deles enquanto Michael não parava de reclamar que não tinha espaço e que estavam a demorar muito.


Criatura irritante do inferno.

"Se estás tão farto de estar aqui sempre podes sair e ir a pé!" Sugerir colocando a minha mão sobre o seu joelho.

"Hope vai para o inferno" Disse arrogante retirando a minha mão do seu joelho. Se ele quer dessa maneira, então vai ser como ele quer.

"Idiota" Murmurei para mim assim que Luke parou no drive-thru para fazer os pedidos.

"Eu quero tudo simplesmente, tudo" Calum gritou fazendo-nos rir, Luke por sua vez ignorou-o pedindo o mesmo de sempre para nós todos.

Quando todos receberam a respectiva comida, Luke apenas dirigiu por mais cinco minutos até chegar ao sítio onde comíamos habitualmente. Estacionou o carro e começamos todos a sair, mas Michael fez questão me me empurrar pela anca para sair mais rápido, o que me fez reduzir os meus movimentos e sair de uma maneira mais lenta apenas para o irritar.

"Deves estar com falta de sexo só pode" Comentou baixo.

"Tu és horrível na cama digo-te desde já" Menti, não era.

"Se não estivesse frio e não estivesse com fome eu mostrava-te" Michael ronronou no meu pescoço, a sua respiração fria contra a minha pele arrepiou-me. "Deixava-te sem anda até ao fim da semana" Puxou-me fazendo com que as minhas costas ficassem coladas ao seu peito, apenas o carro de Luke nos tapava, incapacitando-os de ver.

"Parece que quem está com falta de sexo és tu" Ri-me na sua cara, retirando as suas mãos de mim de uma maneira um pouco bruta.

"A Tara?" Ashton perguntou enquanto comia, ou melhor, devorava a comida.

"Ela já tinha adormecido e vocês sabem como ela é, adormece e nem a III Guerra Mundial a acorda" Joanne riu comendo delicadamente.

"Se não tivesses o Calum do teu lado comias como uma porca" Gargalhei dando-lhe um toque com o meu joelho esquerdo.

"Não tens moral" Rimos juntas.

"O que pensam fazer depois da faculdade acabar?" Calum questionou num tom calmo.

"Desaparecer" Disse seca.

"Fugir" Michael completou-me fazendo com que todos nos olhassem com um ar estranho.

"Fica no hemisfério norte que eu volto para o sul" Disse Michael sem interesse.

"Não te preocupes amor, eu quero ficar bem longe de ti"

"Vocês são impossíveis" Comentou Ashton de boca cheia.

"Inde logo para o carro foder" Calum riu, mas Joanne como boa amiga deu-lhe uma chapada forte no braço fazendo-o guinchar.

Optei por manter-me calado enquanto acabava a minha refeição. Quando por fim acabei e levantei o meu olhar Joanne encarava-me com uma expressão de "Em casa eu quero saber de tudo" simplesmente lhe sorri. Não era preciso falar, entendiamos-nos bem por olhares e gestos.

Luke levantou-se para fumar um cigarro, e rapidamente todos se juntaram a ele, não me levantei apenas fiquei no meu canto a admirar o céu noturno. Haviam tanto para lá do nosso alcança que era magicamente doloroso de pensar no que realmente havia para além desde véu preto.

"Já me podes dizer o que se passa?" Joanne disse, não aguentou até chegar a casa.

"Nada de especial, sabes como o Mike é. Bipolar" Inspirei uma boa quantia de ar.

"Eu tento mas não consigo entender-vos." Disse triste. "Podiam fazer com que resultasse mas ao invés disso brincam descaradamente com os sentimentos um do outro"

"O Michael não é o tipo de rapaz que mantém uma relação por muito tempo" Suspirei observando-o. "E eu prefiro as coisas assim, pelo menos ninguém se magoa"

Joanne riu ironicamente "Por amor de Deus vocês os dois estão completamente magoados e apaixonados. Acabem com essas brincadeiras e fiquem juntos logo"

"Por favor deixa esse assunto de lado, eu não quero falar mais sobre isso" Sorri-lhe fracamente.

"Pensa no que te disse, depois da faculdade vocês vão ter muito tempo para resolver as coisas, mas também é provável que se afastem. Não o deixes escapar" Joanne apertou a minha mão ao ver que olhava para Michael com uma expressão um tanto dolorosa.

"Veremos o que o futuro nos reserva"

HOPE » Michael CliffordOnde histórias criam vida. Descubra agora