06. Bukowski

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Michael

A minha cabeça doía como já não doía a muito tempo, normalmente nunca ficava assim depois de uma noite onde bebia até ao estado de não saber onde estava. Acho que já me tinha habituado ao álcool no meu sistema.

Antes que pudesse acabar de apertar a minha camisola de flanela preta os rapazes entraram no quarto com com expressões de quem estava pronto para decapitar alguém.

"Mas tu estás louco Michael? Perdeste de vez o juízo?" Ashton gritou, ele não entende todos gostam dele.

"Quase estragaste tudo, a tua sorte é que já estava tudo podre de bêbado e ninguém deu importância" Informou-me Calum com um tom rude, Calum provavelmente não ia entender também, ele tem uma relação maravilhosa para ele não há nenhum problema é pacífico demais.

"Tu não sabias que o Denis era gay, não era preciso quase deixa-lo em coma" Luke revirou os olhos irritado, eles não sabem eles nem sonham.

"Olhem eu não quero falar sobre isso" Disse ignorando a noite de ontem.

"Não queres falar disso por causa da Hope, porque ela te afeta e tu não queres que ninguém saiba?" Ashton perguntou seguindo os meus passos até a cozinha.

"A Hope não me diz nada, nunca me disse" Revirei os olhos abrindo uma garrafa de água, bebendo um pouco desta em seguida.

"Não mintas a ti próprio Mike, uma miúda como ela não se encontra duas vezes numa vida" Disse sério. "E amar não é um pecado"

"Ashton eu não a amo"

Eu não sei mesmo o que é amar, amar alguém. Nunca fui bom com palavras nem a expressar os meus sentimentos. Sempre fui reservado a esse afeto, não sabia o que dizer, na verdade tinha medo de me expor completamente a alguém. As pessoas são todas uma desilusão, mas Hope era inocente, era pura quando a conheci. Não bebia, não fumava. Era realmente demasiado inocente, e numa pequena brincadeira acabamos assim.

"Tu estragaste-a Mike" Disse Calum acabando a sua maçã, como se lesse a minha mente.

"Não era essa a minha intenção, nunca foi" Disse sincero.

"Toda a gente sabe que vocês são feitos um para o outro, vocês são ridículos" Calum disse e os rapazes assentiram.

"Nem sempre as coisas acabam como devem" Suspirei encaminhando-me para a saída.

"Onde vais Michael?" Luke questionou num tom preocupado.

"Tratar de um assunto, não esperem por mim para nada" Avisei pegando nas chaves do carro.

"Isso leva o carro, a gente anda a pé" Calum disse irritado, ele era igual a Joanne.

"Pareces a tua namorada" Disse rindo antes de sair.

Fiz o percurso até ao carro preto, era meu mas eu partilhava-o. Assim que adentrei o automóvel o cheiro de Hope fez-se sentir, o seu perfume era doce mas intenso, reconhecia aquele cheiro em toda a parte.

Pára com isso Michael - Pensei gritando comigo.

Eu precisava de a ver depois da noite passada, precisava apenas de a ver, não precisava de falar com ela, nem de lhe tocar, apenas de a ver. Eu sabia que isto não devia acontecer, que eu não devia estar com o coração acelerado por ela e que não devia sentir este tipo de coisas, este misto de sentimentos que não consigo decifrar, mas era impossível.

Vi-a sozinha a ler.

Imediatamente fiquei estático, encostei-me ao pilar do jardim da faculdade e fiquei a observa-la. Depois de algum tempo, fartei-me de estar em pé, então decidi sentar-me na mesa mais próxima de mim, mas suficientemente longe dela.

Ela parecia pacífica a ler, parecia quase como se estivesse em paz, e eu aposto que estava a ler poesia de Bukowski, ela adorava, e ficava sempre assim que lia.

O vibrar do meu telemóvel retirou-me dos meus pensamentos profundos, despertando-me quase de um transe. Era ela, Hope tinha acabado de me mandar uma mensagem.

Ela sabia.

Estava fodido.

"Para de olhar para mim, por favor Gordon" Era o que dizia mensagem de Hope, levantei o meu olhar para poder encara-la. Hope por sua vez sorriu inocentemente caminhou até mim, a sua camisola branca com riscas pretas, que formava quadrados assentava-lhe perfeitamente. E a sua saia preta revelava as suas pernas pálidas, apesar de eu ter a certeza que aquela saia estava pelo menos um cinco centímetros mais curta.

"Bom dia desesperado" Hope sorriu novamente de uma maneira inocente sentando-se do meu lado.

"A tua saia é demasiado curta?" Perguntei-lhe antes de pensar, se pudesse enfiar-me num buraco, com certeza enfiaria-me agora.

"Não me provoques muito Gordon, ainda a consigo deixar mais curta" As mãos dela estavam no seu colo, nas suas coxas descobertas, coxas estas que já muito toquei.

"Só podes ser o Satanás em pessoa Hope" Comentei frustrado, enfiando rapidamente as minhas mãos nos bolsos das calças. As putas das calças já eram apertadas, então agora pareciam que me estavam a tirar o ar.

"Ainda não viste nada, o teu inferno ainda agora começou" Hope disse apertando a minha coxa, levantando-se de seguida e abandonado-me novamente naquela mesa.

HOPE » Michael CliffordOnde histórias criam vida. Descubra agora