O método infalível para desestressar

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---Sem músicas nesse capítulo---


----------BOA LEITURA----------


A lua crescente já estava posta num ângulo alto no céu; corujas e outros pássaros noturnos já começavam a piar lá fora. O vento da noite também cantava nos vãos do telhado frágil do sótão.

O longo dia de James finalmente estava acabando. E pelo horário que era - 9:40pm -, a Srta. Vacciano ou já estava voltando, ou a Hydra foi atrás dela. De fato a referência de horário que tinha do dia anterior não estava correta.

Ele fora bem cuidadoso ao ir até a moça, mas havia a possibilidade de ter sido seguido ou visto assim mesmo.

Estava ficando ansioso já com a demora de Francesca. Esperava sinceramente que nada tivesse acontecido com ela. Não porque se importasse, mas porque poderia corromper seu atual esconderijo e ainda precisava dela.

E admitindo para si mesmo, também porque ela não merecia que algo ruim acontecesse por sua causa...

Ele se encontrava deitado na cama, com um livro intitulado "Eragon" em mãos. Não estava no meio, mas já avançara bem na história. Passara boa parte do seu dia lendo, já que não estava mais muito interessado em fuçar as coisas de Francesca - vira o suficiente de "seus pertences" para não querer ver mais.

Ele não podia sair mesmo. Então depois de espiar pela fresta da cortina um pouco da movimentação da rua - em alguns horários do dia chegava e saía gente sem parar das casas ao lado - e escutar pela porta as pessoas da casa - escutou o suficiente para perceber que ninguém estava realmente brigando, mas sim que falavam muito alto mesmo as pessoas daquela família -, ele finalmente cedera a ideia de se ocupar com algo que fizesse o tempo passar mais rápido. E também, em algum momento, o cachorro da família ou o escutou ou percebeu sua presença atrás da porta, pois ficou algum tempo latindo do outro lado para ele - até que alguém o levou dali com uma bronca.

O livro não era ruim. Pelo contrário, achou bem mais interessante que o que Francesca recomendara, um tal de Harry Potter - mesmo pegando pela ordem correta que indicava nas capas daquela saga, ele não acompanhara o nível de imaginação e humor da história, então abandonara nos primeiros capítulos.

Eragon era um livro medieval sobre fantasia, mas não era infantil. Ele achou a história madura, pois era sobre violência, injustiças e perdas. Estava no trecho sobre a morte do tio do jovem herói, quando sua mente começou a se desviar e pensamentos sem nexo começaram a preencher sua cabeça.

A imagem de uma mesa grande cheia de alimento, uma iluminação fraca e um silêncio perturbador lhe veio à mente. Uma voz muito familiar e manhosa surgiu - sem ter ideia de onde -, à memória, para quebrar o silêncio: "Bucky, troca de lugar comigo? Eu não gosto dessa cadeira, ela balança...". Na ponta extrema de onde estava sentado naquele dia - mas que dia foi esse? - uma mulher muito bonita olhava para ele, com um ar de cansada.

Ela era tão familiar.

Quem era aquela mulher? E de quem era aquela voz infantil lhe pedindo para trocar de lugar?

Estavam todos usando preto...

Ele se sentia tão jovem e tão sobrecarregado...

Alguém segurava sua mão...

Por que ele não conseguia focalizar a lembrança daquele rosto pequeno ao seu lado que segurava sua mão??

Sua cabeça estava começando a doer com a tentativa de se concentrar naquele momento... naquele primeiro jantar sem o seu...

"Nós vamos ficar bem!" - a bela mulher, tão familiar, disse com sua voz calorosa. O sorriso que lhe deu foi tão forte e esperançoso.

Ele olhou para a garotinha ao seu lado...

Paixão InvernalOnde histórias criam vida. Descubra agora