Onde tem sujeira, o faxineiro vai pra limpar

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James se afastou de Francesca e de seu carro, se segurando para não olhar para trás uma última vez.

Enfim chegara o momento, a viu pela última vez na vida. Precisava seguir o seu próprio caminho agora, sem ajuda.

Passou pelos guichês onde vendiam as passagens e seguiu o corredor de lojinhas até o estacionamento dos ônibus. Nada estranho e ninguém suspeito no caminho. Com o boné na cabeça, seguiu sutilmente e discretamente até o seu ônibus, seguindo as placas instrucionais.

Será que Francesca ainda estava lá no estacionamento? Será que ela já adentrara seu carro e já seguira com a sua vida? Não devia ficar pensando nisso...

Ainda tinha alguns minutos até a partida do ônibus para Pittsburgh, às 6:00am, mas ao lado do mesmo já se encontrava uma fila longa de passageiros. Pelo visto o ônibus estaria cheio, e possivelmente ele teria algum companheiro de viagem. Isso não o agradava nenhum pouco.

Ele se dirigiu para trás de um senhor branco, de cabelo grisalho, que usava um suéter vermelho e cachecol preto. Segurava uma maleta e olhava um mapa. Visivelmente um turista.

E sem captar de onde, um homem se aproximou atrás de si na fila. Mas antes que pudesse se virar para espiar o seu rosto, este se manifestou primeiro:

-Aproveitando as férias, soldado?

James paralisou por alguns segundos, mas logo se virou, com uma mão indo para a parte de trás do corpo - onde se encontrava sua arma.

-Você! - Grunhiu, olhando estático para o homem branco de brilhosos cabelos negros, agora à sua frente.

Esse homem, que aparentava ter seus 37 à 40 anos, com um sorriso charmoso e olhar calculista, não mexeu um centímetro sequer com a virada brusca de James. Também não se abalou com sua mão depositada na arma. Pelo contrário, ele ajeitou o óculos - que possivelmente era falso - no rosto com uma mão e sorriu, enquanto ajeitava no ombro uma mochila - que provavelmente estava cheia de vários nadas -, antes de dizer:

-Não faça uma cena! - Deu uma risada, olhando de esguelha para sua mão - Ninguém aqui precisa se machucar. Nem mesmo você! - O Faxineiro finalizou, olhando-o nos olhos, com deboche.

O Soldado se sentia irritado e encurralado. Não podia acreditar que já o haviam encontrado. A questão era, se realmente o encontraram após falarem com Francesca enquanto fingiam ser do FBI, ou se já sabiam onde estava antes disso.

Mas que era frustrante, era. Primeiro que não era tão bom quanto pensava ser, e segundo que Francesca corria um risco de vida muito real agora. Ela não podia mais ir atrás do Faxineiro. E ele precisava dar um jeito de avisá-la sobre isso.

Na verdade talvez até precisasse protegê-la de alguma forma. Não podia adivinhar se eles pretendiam ou não ir até ela e machucá-la.

-Acha que vou com você por livre e espontânea vontade? - Rosnou, enquanto processava ideias para escapar e cogitava os empecilhos que poderia ter.

Mas o Faxineiro não se sentia nenhum pouco intimidado. Ele sabia quem era o Soldado Invernal e do que era capaz. Mas ele era muito habilidoso também e confiante de si para se permitir se abalar com um super humano. Sem contar que ele tinha uma carta na manga infalível para com o soldado.

-Não, eu vou dizer as opções que você tem e você irá decidir se quer vir com a gente do jeito fácil ou do jeito difícil! - O homem de boa aparência disse, parecendo apenas um cidadão de bem conversando com um estranho na fila do ônibus.

Fez-se silêncio, enquanto James analisava com a visão periférica o ambiente à sua volta e pensava nas poucas possibilidades de escapar dali, captando cada detalhe que pudesse usar a seu favor.

Paixão InvernalOnde histórias criam vida. Descubra agora