O café da manhã mais tranquilo ou o almoço conturbado?

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Tendo consciência de que já haviam conversado muito por um dia, Frances se recuperou de toda informação que tinha para lidar e cortou o silêncio que havia se formado após ele virar as costas e ela se perder em devaneios:

-Eu vou, hã, pegar umas coisas no closet e vou pro outro quarto, ok!?

James pensou no que poderia responder. Alguma coisa sobre ela estar sendo gentil em ceder o conforto do próprio quarto para ele e agradecê-la por isso até lhe veio em mente, mas deixou para lá a ideia. Esse gesto não teria nenhuma utilidade naquele momento. Então apenas meneou a cabeça, ainda de costas para Frances.

A moça vendo seu gesto frio e reservado, seguiu para seu armário de roupas.

Lá dentro procurou uma peça confortável para dormir, enquanto tentava não pensar em toda a conversa que tiveram e no que significava para ela "se vingar" por seu irmão. Ela sabia que queria e que tinha que fazer alguma coisa. Mas até onde era capaz de ir com essa ideia?

Bom, ela teria que primeiro conseguir achar a pessoa que realmente matou seu irmão para descobrir.

Então, achando o que precisava, foi até a porta do closet e trancou. Se trocaria ali mesmo, era mais prático!

Primeiro trocou a peça íntima que usava. Afinal, tivera relações há poucas horas atrás e ainda estava meio... Bom, não do mesmo jeito confortável que saíra da sua casa.

Depois vestiu um conjuntinho de calça e blusa de manga comprida vermelho bordô de veludo, e por cima um blusão de tricô, com detalhes trançados, na cor de areia. Estava caindo a temperatura, então queria ficar bem aquecida. Manteve a meia calça e colocou mais uma meia colorida qualquer bem grossa por cima. Achou uma pantufa, que nem lembrava mais que tinha, numa gaveta de calçados esquecidos e colocou.

Ao sair do closet, vislumbrou o homem agora sem a blusa de frio - apenas com o suéter e ainda de luvas - sentado no sofá, bem encostado com a lareira, e o livro em mãos.

Como conseguia ler com aquela fraca iluminação do abajur, ela não tinha ideia.

Ele parecia fingir que ela não estava ali. Nem mesmo ergueu os olhos de relance. Apenas se manteve quieto lendo.

Frances foi até seu banheiro, ignorando a recente atitude de isolamento do homem, e trancou a porta - sem imaginar que, no momento que virara as costas, ele acompanhara seu percurso até o banheiro sem piscar, captando cada novo detalhe nela.

Francesca fez uma higiene básica e aproveitou para coletar o lixo gerado pelo homem. Itens para higiene e embalagens de comida estavam todos jogados ali na lixeira do banheiro. Deixou as roupas e a toalha no cesto. Coletaria no dia seguinte e levaria para lavar em sua casa.

Observou que praticamente tudo estava como ela deixava normalmente, tanto no banheiro como no closet. Era comum e super compreensível que uma pessoa num ambiente novo e desconhecido fuçaria as coisas existentes ali para se ocupar. Tinha certeza de que, para ter encontrado o livro, ele deveria ter mexido um pouco em suas coisas.

E ela não ligava. Não havia nada aparentemente danificado e não tinha porquê ele roubar dela para depois continuar na cena do crime.

Ela só queria entender... Apenas entender... O que diabos ele fizera com sua espátula de cutículas, que estava sozinha perdida na bancada da pia do banheiro? Pegou o objeto de inox e olhou para ele desconfiada, como se olhando bem pudesse enxergar ali a resposta. Como não viu nada diferente, colocou de volta na caixinha de esmaltes, intrigada.

Então pegou as coisas que iria descer e saiu do banheiro.

Resolvendo ignorá-lo também, aproveitou e pegou os potes vazios que estavam ali desde o dia anterior e as garrafas de água vazias. Ainda havia algumas coisas de comer intactas para ele passar até a manhã seguinte, então não precisaria mais voltar ali por aquela noite.

Paixão InvernalOnde histórias criam vida. Descubra agora