O Legado de Randall, o Capuz e a Serpente que deu o bote

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O clima era de paz e quietude. O vento frio soprava as folhas congeladas das árvores do Cemitério Rock Creek, em Washington DC.

Steve Rogers dava uma última olhada no túmulo de seu amigo, Nicholas J. Fury. Amigo este que estava bem vivo acima da terra e acabara de terminar de conversar com ele e seu outro amigo, Sam Wilson, e se retirava do local, após apertarem as mãos.

Em seu lugar, uma outra amiga chegava no local.

-Sinta-se honrado, é o mais perto que ele chega de agradecer! - A bela vingadora ruiva se referiu ao aperto de mãos dos dois homens.

-Não vai com ele? - Steve se aproximou da recém chegada, com Sam logo atrás, deixando suas pegadas na neve.

De sobretudo escuro e blusa branca gola alta, Natasha parou à sua frente - cumprimentou com um aceno o agente Wilson -, esboçando seu sorriso torto charmoso e disse:

-Não!

Steve, com as mãos nos bolsos e entendendo que sua amiga iria sumir, completou:

-Nem vai ficar aqui...

-Não. - Ela concordou, ainda sorrindo.

Eles eram amigos, mas não precisavam dar detalhes pessoais de suas vidas ou de seus planos para afirmar a amizade. Então, logicamente, Natasha não diria onde iria e tampouco Steve perguntaria. O que importava para ele era que ela ficasse bem.

A mulher balançou a cabeça, e acrescentou:

-Acabei com todos os meus disfarces. Preciso arrumar um novo!

Seu jeito de falar era descontraído e misterioso ao mesmo tempo. E o Capitão a admirava tanto. Ele queria que ela ficasse por perto, fosse por ela ser uma de suas amigas preferidas, fosse por eles terem construído uma intimidade maior nos últimos dias ou fosse porque ele era protetor e gostava de cuidar das pessoas que gostava, mantendo-as sob suas asas.

-Pode demorar - argumentou, deixando implícito o quanto gostaria que ela ficasse.

-Estou contando com isso! - ela respondeu, sedutoramente com graça.

Por alguns segundos eles se olharam em silêncio, trocando respeito e consideração no olhar. Mais atrás, Sam se mantinha quieto, olhando ao redor e dando espaço para os dois conversarem.

-Aquilo que você pediu... - ela cortou o clima, erguendo uma pasta parda que estava em suas mãos - Eu cobrei uns favores em Kiev. - E esticou para Steve.

-Obrigado... - respondeu, alheio, olhando para a pasta com certo receio. Não sabia o que encontraria ali exatamente, mas estava certo de que era ruim.

Vendo seu olhar perdido na pasta, Natasha falou:

-Me faz um favor?

Ele confirmou, mirando-a curioso.

A mulher sorriu, se aproximou dele colocando a mão em seu braço e Steve se inclinou para ela, permitindo que a mesma beijasse sua bochecha.

Ainda de frente para ele, bem próxima, Nat olhou no fundo de seus olhos e disse com preocupação:

-Se cuida, Steve! - E concluindo a conversa de ambos, ela acrescentou: - Você não tem ideia de onde está se metendo...

Sérios, trocaram um adeus silencioso e se olharam uma última vez; era indeterminadamente desconhecido o tempo que passaria para se verem novamente.

Após a mulher se virar e seguir seu caminho, o Capitão abriu a pasta de arquivo sobre Bucky. Já lá na primeira página, uma foto de seu velho amigo de infância em uma cápsula criogênica. Relatório e anotações ao lado da foto lhe cutucaram dolorosamente, fazendo-o imaginar os terrores que seu amigo passou.

Paixão InvernalOnde histórias criam vida. Descubra agora