Com uma caixa cheia de arquivos em mãos, Francesca adentrou seu quarto com Polpetta logo atrás. Mas logo foi ultrapassada pela border collie, que estava louca para saber de onde vinha esse cheiro e som de criatura nova. Passara o dia inteiro latindo na porta querendo descobrir quem estava lá atrás. Mas ninguém abrira a porta para ela, para sua infelicidade e obsessão.
-Ei, Polpetta, espera!
Subindo até o final e encontrando o homem - intrigado com a recém chegada - lá em cima, ela começou a latir nervosa para o mesmo.
-Polpetta!!
A moça terminou os últimos degraus correndo, desesperada para que a cachorra não acordasse a casa inteira.
-Quieta!!
Equilibrou a caixa nos braços com dificuldade e, sabendo que a cachorra estava "mal" acostumada a responder melhor em comandos em italiano, deu uma bronca nela:
-Silenzio!! O ti darò un colpo!
A cadela, em frente ao homem que estava perto da escada, olhou para Frances e abaixou a cabeça, sossegando.
-Ah, desculpe por isso. - A moça disse para ele.
E James finalmente via o cão que implicara com ele por trás da porta por dois dias seguidos. Era uma cachorra grande, peluda e bonita. Sentiu vontade de acariciar seu pêlo, mas o fato da moça de mãos deficientes estar carregando uma caixa cheia de arquivos aparentemente bem pesada, chamou sua atenção como prioridade.
Então ele tomou a pesada caixa de seus braços, com tanta facilidade que Frances pensou em comentar, mas ainda estava um pouco constrangida pelo ocorrido de há pouco para puxar assunto com ele. Então só falou:
-Hã... - começou, sem encará-lo, mas se dirigindo ao mesmo - obrigada! Eu vooouu... - realmente não conseguia olhar direto para seu rosto, então fixou o olhar na caixa em seus braços - buscar mais e... já volto! - Concluiu e desceu tão rápido quanto havia subido.
James percebeu seu constrangimento, mas para não aumentá-lo, preferiu deixar para lá. Então depositou a caixa com arquivos na cama e começou a tirá-los de lá.
A cadela chamada "Polpetta" não seguiu Frances, preferindo ficar com a criatura nova à sua frente. Então se aproximou dele para cheirá-lo, curiosa.
O homem se sentou e olhou para a segunda fêmea que invadia seu espaço pessoal, com ousadia e curiosidade para com sua pessoa, naquela noite; tão intrometida quanto Francesca, pois passava o focinho por todo o seu corpo, identificando-o.
Então, não resistindo àquele montinho de pêlos e bisbilhotice, ele tirou a luva da mão humana e esticou para acariciá-la. Feito este que foi muito bem recebido pela cachorra, que adorava carinho.
-Você é muito fácil! - disse para ela, sorrindo com o simples gesto de tocar um bichinho. A sensação que preenchia seu peito, de afundar sua mão de verdade na pelagem da cachorra e de coçar sua orelha, era tão calorosa e tão humana. - Você seria uma péssima cadela de guarda! - repreendeu-a por se permitir ser tocada tão facilmente por um estranho.
Polpetta olhava no fundo de seus olhos, enquanto ainda recebia carinho na orelha, com a língua de fora super animada por fazer um novo amigo.
James pensou que aquele bichinho não era tão diferente da Srta. Vacciano. Ambas não o viam como monstro e ambas queriam se aproximar dele e tocá-lo como se ele fosse humano. E o engraçado era que ambas o faziam realmente se sentir muito humano.
Finalmente se afastando da única fêmea ali da qual poderia permitir que o tocasse sem se sentir desconfortável ou constrangido, se voltou para os arquivos na cama e começou a procurar algum que pudesse lhe dizer onde estava o Dr. Virgil.
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Paixão Invernal
RomanceA mais bem sucedida arma humana criada pela ciência e uma mera mortal, filha de uma recém-falecida médica da Hydra. Ambos se juntam em uma jornada perigosa pelos EUA. Nessa longa e imprevisível viagem, devem aprender a aturar suas diferenças e a con...