My refuge.- Carl Grimes

Novos rostos

Malia Blake POVs

Abri os olhos devagar, ainda grogue, quando senti alguém me sacudindo.

— Acorda, Malia! — ouvi a voz de Carl, impaciente.

Olhei para ele com uma expressão de pura preguiça, franzindo a testa.

— O que foi agora? — perguntei, tentando ignorar a luz que entrava pela cela.

— Você dormiu demais. Já é tarde.

— Tarde? Que horas são? — perguntei, me sentando devagar e esfregando os olhos.

— Onze da manhã.

Revirei os olhos, indignada.

— Onze horas? Isso nem é tarde! É cedo até! — retruquei, bocejando e me espreguiçando.

Carl cruzou os braços, lançando um sorriso divertido.

— Pra você, talvez. Todo mundo já tá de pé há horas. Vai tomar um banho, você tá precisando. — Ele me lançou aquele olhar provocador.

— Ei, eu tomei banho ontem, seu idiota! — rebati, apontando para ele com o dedo. — Você, sim, parece que não vê água há dias.

Ele riu, levantando as mãos em rendição.

— Tá bom, tá bom! Mas anda logo. Eu vou te esperar na cela pra gente ir tomar café.

Assenti, ainda resmungando. Carl saiu da cela, e eu fui até minha mochila, vasculhando até encontrar o que precisava. Peguei um vestido branco simples, mas ainda bonito, com mangas curtas e detalhes delicados na barra. Combinei com meu par surrado de All Star preto, que já estava desgastado de tanto caminhar. Joguei tudo na mochila junto com uma toalha e um sabonete pequeno antes de sair em direção ao banheiro.

O banheiro improvisado era frio e pouco iluminado. Olhei de relance para o espelho trincado, evitando encarar meu reflexo por muito tempo. Meu curativo no abdômen era um lembrete do acidente a dias atrás, mas também de como eu estava viva graças a eles.

Tirei as roupas com cuidado, evitando movimentos bruscos que puxassem minha cicatriz. Quando liguei o chuveiro, a água fria me arrancou um suspiro. Era desconfortável, mas ao mesmo tempo, revigorante. Lavei meu cabelo com calma, tentando afastar os pensamentos confusos.

Ainda era difícil acreditar que eu estava ali, cercada por pessoas que já são tão importantes para mim. E Carl... Ele estava cada vez mais presente nos meus pensamentos, o que era estranho, mas bom de um jeito que eu ainda não conseguia explicar.

Depois de me enxugar com a toalha, vesti o vestido branco, que ficou leve e confortável. Ele era curto o suficiente para não atrapalhar, mas longo o bastante para me dar mobilidade. Calcei os All Star e ajeitei os cadarços, observando como eles estavam ficando cada vez mais desgastados. Arrumei meu cabelo ainda úmido com os dedos e pendurei a toalha no ombro, voltando para a cela.

Me dei de cara com Carl, que estava sentado na cama, folheando uma HQ, mas olhou para mim assim que entrei. Seus olhos passaram pelo meu vestido por um segundo a mais do que o normal antes de ele pigarrear, visivelmente desconcertado.

— Você... você tá bonita — disse, com a voz um pouco mais baixa do que o habitual.

Fiquei parada, surpresa pela sinceridade inesperada, sentindo meu rosto esquentar.

— O-obrigada — murmurei, sem saber muito bem o que dizer. — Você também tá... decente.

Carl arqueou uma sobrancelha, claramente tentando não rir.

— Decente, é? Essa é a melhor coisa que você consegue pensar?

— Ah, cala a boca, Carl. — Dei um empurrãozinho de leve nele, rindo, mas ainda um pouco tímida.