Entre a vida e o medo

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CARL GRIMES POVs

Assim que entrei de volta na prisão, senti uma inquietação tomar conta de mim. Algo estava errado; eu sabia. Fiquei andando de um lado para o outro, cada vez mais ansioso, até que resolvi voltar ao portão, observando a estrada.
Eu só queria que todos voltassem bem, especialmente ela.

Depois de alguns minutos de espera, vi um farol distante, e meu coração disparou. Um sorriso começou a surgir no meu rosto ao reconhecer o carro do meu pai. Eles estavam voltando. Eles tinham conseguido.

Abri o portão o mais rápido que pude e, quando o carro entrou, meu sorriso se desfez ao ver o que estava acontecendo. O carro mal parou e todos saíram em um tumulto, apressados e com expressões de pânico. Daryl saiu primeiro, segurando Malia nos braços. O rosto dela estava pálido, manchado de sangue, e seus olhos fechados. Senti um frio no estômago, o medo tomando conta de mim.

— O que aconteceu? — perguntei, num sussurro desesperado.

Ninguém respondeu. Maggie e Glenn correram na frente, gritando por Hershel, obviamente, já que ele era o "doutor" do grupo. Lá dentro, Daryl deitou Malia na cama cuidadosamente, o olhar de desespero evidente em seu rosto. Hershel chegou rápido, com um semblante grave, e olhou a situação.

Ele se virou para Beth e Maggie, que estavam perto.

— Precisamos de mais luz e do kit de cirurgia, rápido. E todos, fora - disse ele, firme, enquanto se preparava.

Dei alguns passos para trás, ainda em choque, com as mãos trêmulas. Eu precisava entender o que tinha acontecido.

— Pai... o que aconteceu? — perguntei, minha voz falhando.

Meu pai colocou a mão no meu ombro, seu rosto carregado de cansaço e preocupação.

— Fomos emboscados na saída, Carl. Houve uma troca de tiros. Ela... Malia foi atingida — ele disse, a voz baixa e contida.

Tentei processar o que ele disse, mas tudo parecia um borrão. Ela foi baleada. E eu não estava lá para protegê-la. A sensação de impotência me consumia, e o medo de perdê-la era maior do que qualquer coisa que eu já tinha sentido.

Olhei ao redor e vi Daryl encostado na parede, com as mãos trêmulas. Pela primeira vez, vi lágrimas nos olhos dele, fixos em Malia. O homem que sempre parecia tão indestrutível estava quebrado. O desespero no rosto dele era tão profundo que eu mal conseguia acreditar. Ele limpou os olhos rapidamente, mas não conseguiu esconder a dor.

Meu pai percebeu meu estado e me puxou para um abraço apertado.

— Ela é forte, Carl. Hershel vai cuidar dela - sussurrou ele, tentando me confortar, mas sua voz também tremia.

Quando ele me soltou, me virei para o lado, ainda em choque, tentando controlar o pânico.
Enquanto Hershel trabalhava com pressa, instruindo Beth e Maggie, fiquei ali parado, esperando, torcendo, desejando que ela ficasse bem.

Logo Michonne e Glenn surgiram na sala, com expressões sombrias, ambos claramente abalados. Michonne mantinha o olhar firme, como sempre, mas percebi que algo mais estava ali, um sentimento que eu nunca tinha visto em seu rosto. Glenn, por sua vez, não conseguia esconder a culpa e a preocupação que o consumiam, e ele se juntou a nós em silêncio, olhando para a porta fechada.

Hershel saiu após alguns minutos, limpando as mãos e olhando para cada um de nós. O silêncio que se formou parecia insuportável. Ele suspirou, como se reunisse as palavras, e então começou:

– Malia está estável – ele disse, a voz baixa e séria. – Mas o ferimento foi grave, e ainda há o risco de infecção. Vamos ter que esperar para ver como ela reage.

Olhei para ele, segurando a respiração. Eu queria perguntar quando ela acordaria, mas não conseguia. Foi Michonne quem quebrou o silêncio.

– Ela vai ficar bem, certo? – A voz dela soou forte, mas havia algo a mais ali, uma urgência que não costumava demonstrar.

Hershel hesitou antes de responder.

– Temos que ser realistas, Michonne. Ela vai precisar de muito tempo e cuidados. O mais importante agora é que ela descanse.

Ele olhou para mim, seus olhos carregando uma seriedade que me deixou ainda mais preocupado.

– Vai ser um processo lento, Carl. Não sabemos quando ela vai acordar.

Essas palavras me atingiram como um golpe. Senti meu peito apertar enquanto assimilava a gravidade do que ele dizia. Malia estava ali, viva, mas ainda tão distante. Eu estava ansioso para ouvir sua voz, para ver aquele sorriso que sempre conseguia trazer um pouco de paz em meio a todo o caos.

Daryl estava encostado na parede ao meu lado, em silêncio. Quando ergui o olhar, vi algo que me chocou: ele estava com os olhos marejados, a dor e a culpa transparecendo em seu rosto. Ver Daryl assim só tornava tudo mais real e difícil de suportar. Glenn parecia tão perturbado quanto eu, passando a mão pelo cabelo, o olhar fixo no chão.

Rick colocou a mão no meu ombro, trazendo-me para um abraço, tentando passar alguma tranquilidade. Fechei os olhos, deixando o conforto do abraço dele me acalmar um pouco. Quando abri os olhos novamente, percebi Michonne ao meu lado, assentindo para mim, uma força silenciosa que me dizia que, de alguma forma, tudo ficaria bem.

– Vamos dar espaço para ela descansar – sugeriu Hershel, gesticulando para que saíssemos da sala. – E vocês, descansem também. Vamos precisar de toda a energia possível daqui em diante.

Eu sabia que precisava sair, mas meus pés pareciam colados ao chão. Observei a porta pela última vez, com um desejo profundo de estar ao lado dela, esperando o momento em que ela acordasse. Hershel fechou a porta com suavidade, e saímos em silêncio para o refeitório, cada um perdido em seus próprios pensamentos.

No caminho, Daryl deu um tapinha leve no meu ombro, me puxando para perto. Ele não disse nada, mas senti o consolo em seu gesto, como se dissesse que estávamos todos juntos nisso.

Assim que entramos, Rick me puxou novamente para um abraço apertado, a voz calma e reconfortante:

– Ela vai superar, Carl. E nós estaremos aqui por ela, como sempre.

Ao olhar para os rostos ao meu redor, percebi que não estava sozinho, e mesmo na dor e incerteza, havia uma união entre nós.

Michonne e Glenn se aproximaram também, e, ao ver as expressões de cada um, percebi que todos ali estavam torcendo e se preocupando com Malia tanto quanto eu. Ela tinha uma família ali, e eu tinha um sentimento forte de que, de alguma forma, ela sentiria isso, mesmo no estado em que estava.

Quando me sentei, ainda podia sentir o abraço do meu pai e a força silenciosa de Daryl ao meu lado. Enquanto todos ao redor mostravam suas preocupações de diferentes maneiras, eu sabia que minha luta seria esperar, ter paciência.

 Enquanto todos ao redor mostravam suas preocupações de diferentes maneiras, eu sabia que minha luta seria esperar, ter paciência

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01: AÍ QUE DEPRESSÃO MEU DEUS, POR QUE EU INVENTO ESSAS PARADAS

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My refuge.- Carl GrimesOnde histórias criam vida. Descubra agora