APENAS DAMON.

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Damon Torrance
Presente...

A lareira estalava suavemente, a luz alaranjada dançando pelo ambiente e iluminando o rosto dela. Wemilly estava sentada perto de mim, em uma cadeira próxima, mas seus olhos pareciam perdidos em algum lugar distante. Eu sabia que estava devendo uma explicação, mas meu corpo ainda estava pesado, e minha cabeça rodava, não só pelo ferimento, mas pelo que eu sentia.

Ela me olhava de vez em quando, achando que eu não estava percebendo, mas eu via. Como sempre vi. Desde o começo, mesmo quando eu negava, mesmo quando fingia que não importava.

Banks estava na cozinha preparando algo pra comer, uma sopa, talvez.

Era a única merda que eu podia engolir.

Respirei fundo, a dor no ombro me lembrando de que eu estava vivo. Isso, de alguma forma, era culpa dela. Ou mérito dela.

Meu coração ainda batia por ela, literalmente.

— Você devia descansar. — minha voz saiu rouca, quase um sussurro.

Wemilly virou o rosto para mim, surpresa por eu ter quebrado o silêncio. Seus olhos estavam cheios de cansaço, mas também de algo que eu não sabia nomear. Ou talvez soubesse e só não queria admitir.

— Não posso. — ela respondeu, baixinho. — E se você precisar de algo?

Dei uma risada fraca, quase sem força.

— Já fiz coisa pior com ferimentos piores. Você não precisa ficar me vigiando, sabe?

Ela franziu a testa, como fazia quando estava irritada ou preocupada. Era uma expressão que eu conhecia bem demais.

— Você sempre acha que pode lidar com as coisas sozinho. Olha onde isso te trouxe.

— Onde? — sorri de canto, forçando uma leve provocação. — Até onde eu sei, estou vivo. E se lidar com as coisas sozinhos me trouxe até você, estou no lugar certo.

— Você tem noção de que eu pensei que ia te perder? — Os olhos dela brilhando com uma mistura de raiva e dor.

Minha garganta apertou. Não era o que eu queria. Não era o que eu nunca quis que ela sentisse.

— Wemilly...

Ela levantou a mão, me interrompendo.

— Não me diga o que eu mereço. Eu sei o que você vai dizer. Que não precisa de ninguém, que eu deveria te esquecer, que você é "perigoso demais". — A voz dela tremeu, mas não de medo. De frustração. De emoção. — Mas eu não me importo. Eu me importo com você. Sempre me importei.

Fiquei em silêncio, olhando para ela. Cada palavra dela parecia um soco direto no peito, mas, ao mesmo tempo, algo dentro de mim se aquecia. Uma parte minha queria afastá-la, empurrá-la para longe de tudo isso, de mim. Mas outra parte, mais teimosa, não queria soltá-la nunca.

E essa era a parte que me dominava, tomava conta de mim.

Eu não queria soltá-la. Queria ela comigo.

— Você não entende... — comecei, mas ela me cortou de novo, os olhos faiscando.

— Eu entendo mais do que você acha. Eu sei quem você é, Damon. Sei do que você é capaz, sei do peso que carrega, mas eu também sei quem você é quando ninguém está olhando.

— E quem eu sou? — perguntei, minha voz mais baixa, desafiadora, mas quase implorando.

Ela se inclinou para frente, os olhos presos nos meus, e sua voz veio como um sussurro:

MY LITTLE PEST || Damon Torrance.Onde histórias criam vida. Descubra agora