MY LITTLE PEST || Damon Torrance.

MULHER PERIGOSA.

Wemilly Grayson
Presente...

A sala de estar de Kai estava sufocante, não pelo calor, mas pelo ar tenso que se formava. Eu me sentava no sofá, o corpo rígido e as mãos inquietas repousando sobre os joelhos. Meus olhos fugiam deliberadamente dos de Will, que parecia determinado a me encarar. Não era difícil imaginar o que ele estava pensando. Ele queria me perguntar, me confrontar. Talvez soubesse que eu estava por um fio, mas, honestamente, eu não precisava de mais uma opinião sobre o que eu tinha feito.

Matei nosso pai. Ou, melhor dizendo, matei o homem que fingiu ser nosso pai. Isso já pesava o suficiente. Minhas costas doíam como se carregassem o peso de todo aquele inferno, e minha cabeça estava prestes a explodir. Por mais que eu quisesse sair correndo para longe e deixar tudo isso para trás, eu sabia que fugir não era uma opção.

Kai ajustou o colarinho da camisa e limpou a garganta, chamando nossa atenção. Ele estava em pé no centro da sala, com um ar autoritário que, por vezes, conseguia equilibrar a energia volátil do grupo. Banks estava sentada em um canto, descansando, a expressão inabalável como sempre. Damon, com o curativo recém-aplicado por Mary, andava de um lado para o outro, claramente frustrado. Já Will, casual e despretensioso, bebericava algo que cheirava forte enquanto seus olhos permaneciam fixos em mim.

Kai começou.

— Michael ainda não apareceu porque, obviamente, o foco principal dele era... — Ele fez uma pausa para me encarar. — Bem, você sabe, Wem.

Will soltou uma risada curta e sarcástica, balançando o copo em mãos.

— Supondo? Tá bem óbvio que era ela o alvo, não acha? — provocou.

Damon não compartilhou do humor de Will. Sua paciência estava no limite, e isso transparecia no tom de sua voz.

— Você tem alguma ideia de onde ele está, Kai? — ele perguntou, as palavras saindo entre dentes. — Porque, se não sabe, estamos fodidos. Merda, precisamos agir logo, porra!

Kai cruzou os braços e respirou fundo, tentando manter o controle.

— Você precisa se acalmar, Damon. A última coisa que precisamos agora é de decisões impulsivas.

Damon deu um passo à frente, encarando Kai com intensidade.

— Quase perdi minha mulher e minha irmã, e você quer que eu tenha calma? Tá brincando comigo?

A tensão entre os dois começou a crescer. Faíscas invisíveis pareciam saltar entre eles, como um curto-circuito prestes a explodir. Eu, por outro lado, já estava cansada dessa energia caótica.

— Não vai demorar muito até que ele venha — falei, finalmente, com a voz cansada, mas firme. — Mas, sinceramente, se vocês continuarem agindo como dois adolescentes brigando, estaremos fodidos de verdade quando ele chegar.

Kai e Damon se voltaram para mim, ambos com expressões surpresas pela minha intervenção. Antes que pudessem responder, Banks se inclinou em sua cadeira, completando meu pensamento:

— Vocês dois precisam parar. Sério. É irritante. Sejam homens e foquem no problema real.

Kai suspirou pesadamente e passou a mão pelos cabelos, enquanto Damon estalava a língua, frustrado. Will, como de costume, apenas balançou a cabeça e soltou uma risada baixa, claramente se divertindo com o caos ao nosso redor.

Kai retomou o controle da reunião.

— Meus homens já estão posicionados desde cedo. Não vamos ser pegos de surpresa. Mas, além de Michael, temos outro problema. Gabriel Torrance está nisso também.