Cuidando Do Coração Do CEO

CAPÍTULO 31

JUNGKOOK

O silêncio dos domingos sempre foi pesado, mas hoje parecia mais opressor do que nunca. A ausência do riso de Minjun transformava a casa em algo frio, como se faltasse uma peça essencial para que tudo funcionasse. O buraco que ele deixava era impossível de ignorar.

Depois de terminar a ligação com Jimin pela manhã, tentei me perder no trabalho, uma distração que sempre funcionava. Mergulhei nos e-mails pendentes, nos relatórios que Namjoon enviou na sexta-feira, e até me peguei planejando a semana seguinte. Mas era inútil. Tudo isso era apenas uma forma de calar o turbilhão que ecoava na minha mente.

Hyejin.

O nome dela pulsava em algum canto obscuro do meu cérebro, trazendo uma mistura de emoções que eu preferia não sentir. Raiva, confusão, e aquele medo que apertava o peito como um aviso constante. Depois de quase três anos, ela ainda conseguia mexer comigo. Não por saudade, porque isso morreu junto com a relação que tivemos. Era por Minjun. Por tudo que ele teve que enfrentar sem ela.

Por que agora? Era uma pergunta que não parava de rodar na minha cabeça. Ela desapareceu sem deixar rastros, sem se importar, sem olhar para trás.

Eu me lembro das noites em que ele chorava por ela, os pequenos bracinhos alcançando o vazio onde ela deveria estar. Eu ficava ao lado dele, tentando acalmá-lo enquanto lutava com minha própria frustração e cansaço. E agora, ela aparece como se nunca tivesse nos abandonado?

Suspirei profundamente, empurrando o laptop para o lado. Não conseguia mais me concentrar. Levantei-me e fui até a sala, onde os brinquedos de Minjun ainda estavam espalhados. Peguei um ou dois dinossauros e a pequena bola de futebol, subindo com eles até o quarto dele.

Assim que entrei, o cheirinho do shampoo infantil ainda pairava no ar, um resquício do que parecia ser um pedaço perfeito da minha vida. Sorri, mesmo que de leve.

A cama nova estava ali, ocupando um canto do quarto, impecável, como uma promessa de estabilidade. Era pequena, mas parecia enorme no espaço. Arrumei os brinquedos ao lado dela, sentando-me no chão por um instante. Meu olhar ficou fixo no móvel, e minha mente começou a vagar novamente.

Saber que Jimin aceitou ficar aqui durante a semana trouxe um alívio que eu não sabia que precisava. Não era apenas pelo conforto de saber que Minjun teria companhia constante, alguém para protegê-lo quando eu não pudesse. Era porque Jimin, de alguma forma, fazia essa casa parecer mais... viva. Mais completa.

Passei os dedos pelo lençol que colocamos ontem a noite e suspirei novamente. Tudo isso era por Minjun. Ele merecia tudo de bom que eu pudesse proporcionar. Mas, ao mesmo tempo, percebi que estava grato por não estar mais lidando com tudo sozinho.

Mesmo que não dissesse em voz alta, a presença de Jimin havia mudado algo dentro de mim. Algo que eu ainda não conseguia nomear.

Levantei-me, observando o quarto por mais alguns segundos antes de descer para almoçar. Havia ainda muito para fazer, mas o relógio já marcava quase duas da tarde. Era quase hora de sair.

•••

Antes de entrar no prédio, fiz uma pausa ao lado do carro, observando a fachada. Era simples, sem grandes detalhes, mas parecia acolhedor, como se refletisse a personalidade de quem morava ali.

Passei a mão pelos cabelos, tentando afastar aquela inquietação que me perseguia desde o momento em que deixei minha casa. Talvez fosse só o cansaço... ou talvez fosse mais.

Peguei o celular e mandei uma mensagem para Jin, só para confirmar se Minjun estava bem. A resposta veio rápida, quase como se ele estivesse esperando minha pergunta.