CAPÍTULO 40

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JIMIN

A manhã começou em um silêncio quase reconfortante, mas minha mente estava a mil. Sentado na beira da cama, com os cotovelos apoiados nos joelhos, eu encarava o vazio como se buscasse respostas que não viriam. A noite anterior insistia em se repetir na minha cabeça, cena por cena, como um filme que eu não conseguia desligar. Cada detalhe parecia tão vívido quanto as luzes da Torre Eiffel refletindo suavemente na janela, iluminando o quarto enquanto eu tentava, sem sucesso, encontrar um pouco de paz.

O toque dele parecia ainda estar gravado na minha pele, como se o calor daquele instante tivesse se recusado a ir embora. Meus lábios ainda formigavam com a lembrança, enquanto meu coração batia rápido, descompassado, só de pensar na intensidade daquele olhar. Havia algo na forma como ele me perguntou que parecia desarmar cada parede que eu tinha construído para me proteger.

"Você confia em mim?" A voz dele, firme mas ao mesmo tempo tão vulnerável, ecoava na minha cabeça como um refrão impossível de ignorar.

E eu confiei. Contra todos os meus instintos, contra todo o medo que carregava comigo, eu confiei. Não precisei de palavras para responder; minhas ações foram suficientes. Deixei que ele ultrapassasse um limite que eu prometera a mim mesmo jamais permitir que alguém cruzasse novamente.

O beijo começou suave, quase tímido, como se ele ainda estivesse pedindo permissão, uma última confirmação de que eu queria aquilo tanto quanto ele. E eu quis. Mais do que devia, mais do que admitiria para mim mesmo. Eu não recuei. Não consegui. Naquele momento, fui dele, mesmo sem saber o que aquilo significava ou aonde nos levaria.

Passei as mãos pelo rosto, numa tentativa inútil de apagar as emoções que inundavam meu peito. Mas como esquecer? Aquele momento não era algo que eu pudesse simplesmente ignorar. O toque dele ainda parecia real, o calor de sua mão em meu rosto permanecia como uma marca invisível, gravada na minha memória. E o silêncio... aquele silêncio entre nós dizia mais do que qualquer palavra poderia.

Por um breve instante, tudo pareceu no lugar, como se o mundo tivesse feito sentido de uma forma que eu nem sabia que precisava. E, ao mesmo tempo, isso me assustava. Porque, no fundo, eu sabia que algo dentro de mim tinha mudado. Algo que eu não tinha certeza se estava pronto para enfrentar.

Mas agora, sob a luz clara do dia, tudo parecia mais palpável, mais complicado. Jungkook não era apenas meu chefe; ele era um pai dedicado, alguém que fazia de tudo pelo filho. E eu sabia que a linha entre o profissional e o pessoal não estava só borrada — estava praticamente inexistente. Eu aceitei este trabalho para ajudar, para dar a Minjun a estabilidade que ele precisava, para fazer a diferença na vida de alguém. Mas isso... isso não fazia parte do plano.

— Droga... — Murmurei, baixinho, minha voz carregada pelo peso de uma confusão que eu não conseguia nomear.

Não era só sobre Jungkook. Era sobre mim também. Sobre as barreiras que eu construí com tanto cuidado, com tanto esforço, para nunca mais deixar ninguém entrar, para nunca mais sentir o que um dia me destruiu. E agora, ele... com um único gesto, com aquele olhar, com aquele toque, estava derrubando cada uma delas. Como se fossem nada. Como se eu não tivesse escolha.

O que realmente me assustava não era o beijo em si, nem o peso do que ele representava. Era o que eu senti. A forma como meu coração parecia disposto a se lançar no abismo, ignorando os riscos. Como se, por um instante, ele estivesse certo de que aquilo poderia ser o começo de algo maior. Algo que, no fundo, eu sabia que talvez não pudesse controlar.

Encostei a cabeça na parede, tentando organizar os pensamentos que insistiam em se atropelar. Fechei os olhos, como se isso fosse suficiente para silenciar a tempestade que se formava dentro de mim. O que viria a seguir? Eu não sabia. O peso das consequências me pressionava, mas havia algo naquele momento que eu não podia ignorar. Algo que parecia gritar que nada seria como antes. Esse pensamento, paradoxalmente, me apavorava e me dava uma esperança tão inquietante quanto inexplicável.

Cuidando Do Coração Do CEO Onde histórias criam vida. Descubra agora