Controle Celular

Capitulo 25. O treinamento

As tardes eram reservadas para o treinamento físico. Eles se reuniam no grande campo aberto do colégio, onde eram submetidos a exercícios rigorosos: corridas em circuitos complexos, combates corpo a corpo, e manuseio de armas tecnológicas fornecidas pela NAVIM. Cada um vestia trajes padronizados com as cores da célula.

Saulo, já acostumado com o ritmo, executava os movimentos com precisão, mas sem emoção. Lucas, por outro lado, liderava os exercícios com vigor, sempre disposto a ir além do esperado. Enquanto isso, Sara estava visivelmente exausta. Ela nunca foi atlética e, ao contrário de Saulo e Lucas, detestava as sessões de combate.

Após a terceira luta simulada, Sara caiu no chão, ofegante. Saulo correu até ela, ajudando-a a levantar. "Você está bem?"

Ela assentiu, mas seu rosto estava pálido. "Estou... só cansada." Havia mais no tom dela do que apenas fadiga física. Era como se o peso da expectativa e da pressão estivesse se tornando insuportável.

"Se você quiser, posso pedir ao instrutor para te dar uma pausa," ofereceu Saulo.

"Não, eu estou bem." Ela sorriu, mas era um sorriso fraco. "Só preciso continuar, certo? Como todos nós."

Saulo suspirou, ajudando-a a voltar para o campo de treinamento. Ele sabia que, para muitos ali, os jogos não eram apenas um teste físico, mas um desafio mental e emocional. A cada dia, o controle da NAVIM sobre suas vidas parecia se intensificar, e a promessa de glória nos jogos só fazia com que alguns, como Lucas, buscassem cada vez mais o reconhecimento, enquanto outros, como Sara, tentavam apenas sobreviver.

O Chamado da NAVIM

A tensão sempre aumentava à medida que o dia do chamado se aproximava. Todos os jovens entre 18 e 28 anos ficavam em alerta, esperando que seus nomes fossem ditos pelo sistema de alto-falantes. A cada mês, um novo grupo de participantes era selecionado para representar sua Célula nos jogos, e, como sempre, Saulo, Lucas e Sara esperavam ansiosos - cada um por razões diferentes.

Quando finalmente chegou o momento, o som metálico da voz da NAVIM ecoou pelos corredores do colégio:

"Saulo... Lucas... Sara... vocês foram convocados."

Os três se entreolharam. A empolgação de Lucas contrastava com o olhar preocupado de Sara. Saulo, por sua vez, sentia o peso de sua responsabilidade aumentar mais uma vez. Sabia que estava mais uma vez sendo arrastado para o campo de batalha, não por escolha, mas por dever.

Ele apenas respirou fundo e, com um olhar determinado, preparou-se para o que estava por vir.